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Fome no mundo

Orgânicos – necessidade ou moda?

26 de julho de 2018 por Luiz Jacques

Feira ecológica de Porto Alegre, existe desde 1989.

A agricultura ecológica deveria ser entendida como ação ética e de amor, além de um meio de interação entre humanos e todos os outros seres, e não só como fonte de um alimento saudável.

 

https://articles.mercola.com/sites/articles/archive/2018/06/30/organic-food-hype-or-hope.aspx

 

NOTA DO SITE: Documentário da Deutsch Welle onde se mostra, dentro de uma visão bastante antropocêntrica, mas muito válida, as discussões, dentro de uma paradigma eurocêntrico e cientificista, como o alimento orgânico vem sendo tratado na Europa e suas implicações.

 

Resumo da história

  • “Organic Food — Hype or Hope?” (nt.: ‘Alimento orgânico-propaganda ou esperança’ – título do documentário feito pela mídia alemã Deutsch Welle, a cargo da rede alemã ZDF, em 2016) analisa os benefícios dos alimentos produzidos organicamente. Um problema comum a muitos agricultores orgânicos é o agrotóxico usado que paira dos cultivos vizinhos usados em plantios com métodos convencionais;
  • Pendimetalina (nt.: princípio ativo de um dos herbicidas da BASF, da família dos ‘Dinitroanilina‘, ‘Herbadox’, considerado no Brasil como classe II, muito perigoso) continua aparecendo na produção orgânica amostrada na Alemanha e tornou-se um problema particularmente difícil para os agricultores orgânicos cujas mercadorias foram testados positivamente não conseguindo então estar de acordo com as estritas regras orgânicas alemãs;
  • Se a União Europeia decidir impor limites ainda mais rigorosos quanto aos resíduos de agrotóxicos nos produtos orgânicos, a deriva impedirá que muitos deles se qualifiquem efetivamente para a certificação orgânica;
  • Centenas de estudos mostraram que os alimentos orgânicos contêm menos agrotóxicos detectáveis do que os convencionais e níveis mais altos de certos nutrientes, especialmente os antioxidantes, que são importantes para a saúde além da prevenção de doenças;
  • Estudos também mostraram que a agricultura orgânica é melhor para a saúde humana e ambiental, proporcionando benefícios sociais e é mais rentável para o agricultor.

 

By Dr. Mercola

O documentário publicado no canal do Youtube, em 2018, “Organic Food — Hype or Hope?” analisa os benefícios dos alimentos produzidos organicamente. Como eles se diferenciam dos chamados convencionais e se eles realmente confirmam estar à altura da promessa de serem mais saudáveis? Um problema significativo é o fato de que muitas fazendas orgânicas estão cultivando seus alimentos próximas de outros que empregam os métodos convencionais. Elas são comparadas ao ato de fumar – se um não-fumante estiver sentado ao lado de alguém que está fumando, acabará inalando toxinas embora tenha, ele ou ela, feito a escolha de viver um estilo de vida mais saudável.

A Deriva de Agrotóxicos Pode Dizimar Uma Produção Orgânica

O filme começa focando um problema comum a muitos dos produtores orgânicos, isto é, agrotóxico derivando dos cultivos vizinhos plantados usando métodos convencionais. A União Europeia tem limites rigorosos quanto aos resíduos em alimentos orgânicos e alguns agricultores não podem vender seus produtos como tal, devido à deriva química sobre suas culturas. Dependendo das condições dos ventos durante a aspersão dos venenos, os químicos podem viajar a longas distâncias, contaminando campos orgânicos onde tais agrotóxicos não são permitidos.

E o que é pior, alguns produtos químicos, como a pendimetalina (nt.: princípio ativo de um dos herbicidas da BASF, da família dos ‘Dinitroanilina‘, ‘Herbadox’, considerado no Brasil como classe II, muito perigoso), podem permanecer no ar por semanas a fio, garantindo assim uma contaminação generalizada. Stefan Palme (nt.: um dos entrevistados e mostrados no vídeo acima), que produz erva-doce orgânica para a alimentação infantil em sua fazenda em Uckermark, Alemanha, conta como foi forçado a colhê-la no início da temporada para evitar a contaminação química, o que impediria que ele a vendesse como orgânica.

Para ser orgânica, envolveria mais trabalho físico e maior cuidado com uma colheita precoce. No entanto, a alternativa é vender sua colheita como convencional, por um preço menor. Rudolf Vögel, engenheiro agrícola alemão, está investigando quanto tempo a pendimetalina pode ser detectada no meio ambiente.

Ele acredita que o fenômeno da deriva tem sido amplamente subestimado, observando que as evidências emergentes nos últimos anos “exigem uma reavaliação urgente do modo como certos agentes são permitidos”. A pendimetalina continua aparecendo em amostras de produtos orgânicos e tornou-se um problema particularmente difícil, já que os agricultores orgânicos cujas mercadorias são testadas positivamente, não podem cumprir as rígidas normas orgânicas da Alemanha.

Além disso, se a União Europeia decidir impor limites mais restritivos quanto aos resíduos de agrotóxicos em produtos orgânicos, a deriva impedirá que muitos agricultores possam se qualificar para a certificação orgânica. É um problema de dificílima solução.

Por um lado, a maioria deles concorda com a abaixamento dos limites, já que será positivo para a saúde de todos. No entanto, esta contaminação nem é causada por eles como também não pode ser interrompida. E a redução dos limites colocaria assim, muitos deles fora do negócio. Palme está agora pressionando pela proibição de agrotóxicos como a pendimetalina como forma de proteção ao setor orgânico como um todo.

Agrotóxicos Detectados tanto em Árvores como nas Águas Subterrâneas

Frieder Hofmann, engenheiro ambiental, está monitorando a deriva de pendimetalina coletando amostras de casca de árvores. Ele constatou que esse herbicida pode se espalhar por, pelo menos, 10 quilômetros (6,2 milhas) do local da pulverização. O problema da deriva levanta uma questão importante: alimentos orgânicos podem ser produzidos em qualquer lugar da Alemanha? A mesma pergunta é provável que seja aplicável a quaisquer outros países, onde fazendas orgânicas estão tentando coexistir entre fazendas convencionais que usam grandes quantidades de produtos químicos tóxicos.

Em um exemplo, Hofmann encontrou nada menos que 11 agrotóxicos na casca de uma grande árvore, dois deles em “concentrações alarmantes”. Sendo um deles o herbicida pendimetalina. Estes venenos agrícolas não são só encontrados em alimentos e árvores. Quando chove, estas substâncias químicas infiltram-se nos solos e contaminam também as águas subterrâneas. Amostras de solo retiradas de uma profundidade de 15 metros, pouco mais de 49 pés, revelaram tanto a presença de nitrogênio (da percolação pela erosão de fertilizantes nitrogenados como a ureia – fertilizer runoff) como de agrotóxicos.

Para piorar a situação, muitos agrotóxicos (pesticides) se biodegradam muito lentamente, se é que são biodegradáveis, permanecendo no ambiente por anos. Como observado no filme, “Isso é a legalização da poluição ambiental em larga escala”. Acaba ameaçando também nossa capacidade de obter água limpa, pois estes venenos são extremamente difíceis e dispendiosos para serem filtrados.

Quem paga por isso? Aqueles que usam a água da torneira – não a fazenda que causa a contaminação. Dito isto, as autoridades alemãs que tratam da água não culpam os agricultores, mas sim a indústria química, observando que hoje em dia, espera-se que os produtores químicos criem moléculas químicas agrícolas que não apenas façam seu trabalho nos campos, mas também se degradem adequadamente para que não contaminem as águas subterrâneas e o meio ambiente nos próximos anos.

Alimento Orgânico Contém Altos Níveis de Antioxidantes menos Tóxicos

Seriam os alimentos orgânicos (organic foods) mais saudáveis e, por isso, valerem um custo extra? Se “mais saudável” significa a ausência de contaminação por agrotóxicos e ter maior teor de nutrientes, então a resposta é sim. Uma meta-análise 1 da Universidade de Stanford, publicada em 2012 – analisou 240 estudos comparando alimentos cultivados orgânica e convencionalmente – confirmando de que os orgânicos tinham 23 a 37% menos probabilidade de conterem resíduos detectáveis de agrotóxicos. E, além disso, de que o frango criado de forma orgânica também apresentava uma probabilidade 45% menor de conter bactérias resistentes a antibióticos (antibiotic-resistant bacteria).

Seguindo os passos da Universidade de Stanford, um grupo de cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, avaliou um número ainda maior de estudos, 343 no total, publicados ao longo de várias décadas. Assim como o estudo de Stanford, seu acompanhamento das análises, 2 publicado em 2014, também descobriu que, enquanto vegetais convencionais e orgânicos muitas vezes oferecem níveis semelhantes de muitos nutrientes, a frequência de ocorrência de resíduos de agrotóxicos foi quatro vezes maior nos alimentos convencionais.

Os produtos convencionais também tinham em média 48% mais níveis de cádmio, 3 metal tóxico e um conhecido carcinogênico. Além disso, enquanto muitos níveis de nutrientes eram comparáveis, uma diferença nutricional chave entre os orgânicos e convencionais era o seu conteúdo de antioxidantes. Na análise de Newcastle, verificou-se que frutas e vegetais orgânicos continham de 18 a 69% mais antioxidantes do que as cultivadas convencionalmente. Segundo os autores:

“Muitos destes compostos foram anteriormente associados a um risco reduzido de doenças crônicas, incluindo cardiovasculares e neurodegenerativas além de certos tipos de câncer, em intervenção dietética e estudos epidemiológicos … Diferenças significativas também foram detectadas para outros compostos (por exemplo, minerais e vitaminas).”

Os cineastas visitam o Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica 4 em Frick, na Suíça, onde investigam as diferenças entre agricultura ecológica e convencional há mais de quatro décadas. O Instituto foi o primeiro a confirmar que as maçãs orgânicas contêm níveis mais altos de antioxidantes do que as variedades convencionais. Antioxidantes são uma parte muito importante de uma saúde ótima, pois influenciam a rapidez com que se age para combater os radicais livres

Assim, o fato de os alimentos orgânicos conterem níveis muito mais elevados, atesta a visão de que os alimentos orgânicos são mais saudáveis em termos de nutrição, além de serem mais baixos em termos de contaminação por agrotóxicos. Há também uma série de outros estudos que apoiam a alegação de que produtos cultivados organicamente contêm níveis mais altos de nutrientes em geral. Como exemplo, há um estudo, 5 parcialmente financiado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que descobriu que os morangos orgânicos eram mais ricos em nutrientes que os morangos convencionais.

Há um Meio Termo Entre Orgânico e Convencional?

A agricultura orgânica é mais complexa e economicamente mais desafiadora do que a convencional, sendo que alguns se perguntam se as fazendas convencionais poderiam adotar alguns critérios orgânicos, que fosse, mesmo que não todos. Ou vice-versa, as fazendas orgânicas poderiam usar alguns métodos convencionais e ainda ser tão benéficas para a saúde humana e o meio ambiente?

Curto e grosso: não. Carlo Leifert, engenheiro agrônomo e professor de agricultura ecológica da Universidade de Newcastle, lidera a fazenda experimental da universidade. Um dos aspectos que ele está observando é as possíveis sobreposições entre os dois sistemas agrícolas.

Destaque por seu aspecto curioso é que no filme ele explica que, quando usamos fertilizantes orgânicos em combinação com agrotóxicos convencionais, acabamos tendo níveis mais altos destes venenos na cultura do que quando usamos fertilizantes (sintéticos e solúveis) juntamente com os agrotóxicos convencionais ! Este resultado surpreendente parecendo ser devido a como diferentes minerais e moléculas químicas interagem. Assim, para desfrutar de todos os benefícios associados ao orgânico, uma fazenda convencional que faz a mudança para o orgânico realmente precisa fazê-la de uma forma radical.

Leite e Carne de Animais de Pastos Orgânicos São Mais Saudáveis do que de Fazendas Industriais, Mostra Pesquisa

Dois estudos de 2016 6 liderados por Leifert – um sobre as diferenças de composição da carne orgânica e convencional, 7 e outro sobre leite 8  – também detectaram claras diferença entre eles. Dizendo serem os maiores estudos do gênero, os pesquisadores analisaram 196 e 67 estudos sobre leite e carne, respectivamente.

A maior diferença no conteúdo nutricional da carne, foi a composição de ácidos graxos, certos minerais essenciais e antioxidantes. O co-autor Chris Seal, professor de alimentação e nutrição humana na Universidade de Newcastle, comentou os resultados, dizendo: 9

“Os ômega-3 estão conectados a reduções da doença cardiovascular, melhorando a função e o desenvolvimento neurológico e a função imune. As dietas da Europa Ocidental são reconhecidas como sendo muito baixas nestes ácidos graxos. A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar recomenda que devemos dobrar nossa ingestão. Mas termos suficiente em nossa dieta é difícil. Nossos estudos sugerem que mudando para o sistema orgânico ajudaria como um meio de melhorarmos as ingestões destes importantes nutrientes.”

De acordo com a revisão sobre o leite, meio litro dele, orgânico e integral, fornecerá cerca de 39 miligramas (mg) ou 16% da ingestão diária de referência/IDR (RDI/reference daily intake) de omega-3 de cadeia muito longa (VLC/very long-chain) (EPA, DPA e DHA)(nt.: estas siglas etão relacionadas a três tipos de ômega 3 – ácido eicosapentaenóico – sigla em inglês =EPA; o ácido docosa-hexaenóico – sigla em inglês = DHA; e por fim o ácido alfa-linolênico – sigla em inglês = ALA), enquanto o leite convencional fornecerá apenas 25 mg ou 11% da IDR dessas importantes gorduras.

Como observado no estudo do leite, 10 os ômega-3 de cadeia muito longa (VLCs) foram associados a vários benefícios à saúde, incluindo “melhor desenvolvimento e função do cérebro fetal, atraso no declínio da função cognitiva em homens idosos e redução do risco de demência (especialmente doença de Alzheimer).” O leite orgânico também contém níveis mais baixos de ômega-6, proporcionando uma relação mais saudável entre esses dois ácidos graxos. Comparado ao leite convencional, o leite orgânico também continha:

  • Maiores níveis de vitamina E;
  • Maiores concentrações de ferro;
  • Maiores níveis de carotenoides antioxidantes;
  • 40% mais ácido linoleico conjugado (nt.: linoleic acid/CLA), que tem uma ampla gama de importantes benefícios para a saúde desde lutar contra o câncer como decrescer a resistência à insulina e a melhora da composição corporal.

Outros Estudos Confirmam a Superioridade tanto do Leite como da Carne de Animais que Pastam, Naturalmente

Outros estudos têm chegado a conclusões muito semelhantes. Um estudo de 2010 11 observando carne de gado que pastou em potreiros (grass fed beef) versus alimentada com grãos, detectou que a primeira tinha composição mais saudável e níveis mais altos de ácido linoleico.

Conforme observado pelos autores, “mudanças nas dietas de terminação dos criatórios de gado convencionais podem alterar o perfil lipídico como forma de melhorar este pacote nutricional. Embora haja diferenças genéticas, de faixa etária e gênero entre as várias espécies produtoras de carne com relação à produção tanto de perfis como de proporções lipídicas, o efeito da nutrição animal é bastante significativa.”

Em estudo sobre leite orgânico de 2013 (organic milk) 12 também se confirmou que os laticínios de vacas que se criaram em pastagens eram mais ricos em muitos nutrientes, incluindo vitamina E, beta-caroteno e CLA (nt.: linoleic acid/CLA). O leite orgânico também continha cerca de 25% a menos de gorduras ômega-6 e 62% a mais de ômega-3 do que o leite convencional. Pesquisas também descobriram que os verdadeiros ovos biológicos caipiras (organic free-range eggs) normalmente contêm cerca de dois terços a mais de vitamina A, o dobro da quantidade de ômega-3, três vezes mais vitamina E, e até sete vezes mais beta-caroteno do que os ovos convencionais. 13

Como o Alimento que Comemos É Cultivado

Estudos como estes mostram que a forma como os alimentos são formados faz uma tremenda diferença. Não se pode simplesmente cortar certos caminhos durante a produção sem afetar a qualidade dos alimentos e, por extensão, da saúde humana. Como observado por Leifert, comentando os estudos da Universidade de Newcastle que ele liderou: 14

“As pessoas escolhem leite e carne orgânicos por três razões principais: melhoria do bem-estar animal, os impactos positivos da agricultura orgânica no meio ambiente e os benefícios para a saúde… Várias destas diferenças resultam da produção pecuária orgânica e são provocadas por diferenças na intensidade da produção, com animais alimentados com pastagens e criados ao ar livre, produzindo leite e carne que são consistentemente maiores em ácidos graxos desejáveis, como o ômega-3 …

Mostramos sem dúvida que existem diferenças de composição entre alimentos orgânicos e convencionais. Em conjunto, os três estudos sobre culturas, 15 carnes 16 e leite 17, sugerindo que a mudança para frutas, legumes, carne e laticínios orgânicos forneceria quantidades significativamente maiores na dieta tanto de antioxidantes como de ácidos graxos ômega-3 …

O fato de que agora existem vários estudos de coortes de mães e filhos ligando o consumo de alimentos orgânicos a impactos positivos na saúde mostra por que é importante investigar melhor o impacto na saúde humana pela maneira como produzimos nossos alimentos.”

Porque os Alimentos Orgânicos, Algumas Vezes, Ainda Contêm Contaminantes

O documentário também analisa os esforços europeus para desenvolverem métodos de análise para autenticarem os alimentos orgânicos. É um empreendimento muito complexo, mas muito necessário para proteger produtores e consumidores orgânicos. Infelizmente, os preços mais altos praticados pelos orgânicos atraem fraudes e trapaças. Por isso que muitos consumidores confiam na reputação de um fazendeiro em função de certificações.

É importante notar também que, embora a agricultura orgânica não permita fertilizantes e agrotóxicos sintéticos, químicos que não deveriam estar presentes no alimento, podem ser encontrados até mesmo em alimentos orgânicos. A principal razão não é necessariamente fraude; em vez disso, tem a ver com a poluição ambiental. Conforme explicado no documentário, as dioxinas, por exemplo, chegam às áreas onde se cultiva, vindas pela chuva.

Uma galinha ou outro animal pode então estar comendo grama ou insetos contaminados e, como as dioxinas são lipossolúveis, elas se acumulam nos tecidos adiposos. Perturbadoramente, os ovos orgânicos na Alemanha freqüentemente contêm níveis de dioxina até 30% mais altos que os ovos convencionais, e a razão suspeita para isso é porque estes animais passam muito mais tempo ao ar livre, comendo tudo nestes solos contaminados. Daí então todas estas moléculas serem transferidas para os ovos das galinhas.

A Produção Orgânica É Sustentável e Ambientalmente Necessária

Como observado pelos cineastas, “uma coisa é certa: a agricultura orgânica traz uma grande contribuição para o bem-estar humano – contribui para a mitigação da mudança climática, protege a água subterrânea, conserva a natureza e promove o bem-estar animal”. De fato, todos esses fatores são razões poderosas para apoiar uma transição sistêmica para a agricultura orgânica. Embora os pessimistas afirmem que a agricultura orgânica não pode sustentar nossa atual taxa de crescimento populacional, as evidências científicas não sustentam essa visão.

Uma série de estudos chegou à conclusão completamente oposta – de que a agricultura orgânica é o único caminho a seguir, já que a agricultura química é realmente muito destrutiva e tem muitos efeitos adversos na saúde humana. Por exemplo, um estudo de 2016, 18 publicado na revista Nature Plants, comparou os benefícios de orgânicos versus convencionais em termos de quatro chaves métricas de sustentabilidade, concluindo que o orgânico oferece muitos benefícios que superam o preço mais alto.

O co-autor John Reganold, professor de ciência do solo e agroecologia da Universidade Estadual de Washington, observou que nos anos 80, quando a agricultura orgânica começou, existiam poucas pesquisas e muitos afirmavam que ela era ineficiente demais para alimentar uma população crescente. Hoje, pelo menos 1.000 estudos analisaram os benefícios e diferenças entre a agricultura orgânica e convencional. O estudo da Nature Plants analisou dados que surgiram nos últimos 40 anos, com foco em como a agricultura orgânica impacta a sustentabilidade em termos de:

  • Produtividade;
  • Impacto ambiental;
  • Viabilidade econômica;
  • Bem estar social.

No geral, eles descobriram que fazendas orgânicas produzem alimentos iguais ou mais nutritivos com menos ou sem resíduos de agrotóxicos. A agricultura orgânica também oferece benefícios exclusivos para o ecossistema, além de benefícios sociais. Um estudo de 2015 realizado por co-autoria de Reganold também descobriu que as fazendas orgânicas eram mais lucrativas, 19,20 gerando aos agricultores de 22% a 35% mais do que suas contrapartes convencionais. De acordo com Reganold:

“Se eu tivesse que colocar em uma frase, a agricultura orgânica tem sido capaz de fornecer empregos, é lucrativa, beneficia o solo e o meio ambiente e apoia as interações sociais entre agricultores e consumidores. De certa forma, existem práticas na agricultura orgânica que realmente são diagramas ideais para nós olharmos no sentido de alimentar o mundo no futuro. A proposta orgânica pode até ser a nossa melhor aposta para ajudar a alimentar o mundo em um clima cada vez mais volátil.”

A ONU Pede por um Tratado Global para Promover a Agricultura Orgânica

No ano passado, tanto o relator especial para as Nações Unidas quanto ao direito à alimentação, Hilal Elver, e da mesma forma Baskut Tuncak, relator especial sobre as substâncias tóxicas, pediram um tratado global para regulamentar os agrotóxicos, enfatizando o aspecto de que esses químicos se tornaram muito problemáticos e contaminantes alimentares invasivos e ameaçando a saúde das crianças em todos o planeta.

Eles desafiaram a indústria de agrotóxicos a respeito de sua “negação sistemática de danos” além de suas “táticas de marketing agressivas e antiéticas”, observando que a indústria está gastando enormes quantias de dinheiro para influenciarem os formuladores de políticas e contestando as evidências científicas que mostram que seus produtos causam grandes danos à saúde humana e ambiental .

Mais importante ainda, seus relatórios negaram firmemente a ideia de que os agrotóxicos são essenciais para garantirem quantidades suficientes de alimentos para uma população mundial crescente, chamando esta noção de “um mito”. 21,22 Segundo Elver e Tuncak:

“A afirmação promovida pela indústria agroquímica de que os agrotóxicos são necessários para alcançar a segurança alimentar não é apenas imprecisa, mas perigosamente enganosa. Em princípio, há comida adequada para alimentar o mundo; produção desigual e sistemas de distribuição apresentam grandes bloqueios que impedem que os necessitados acessem-no …”

Seu relatório também destacou a evolução da agricultura sustentável e regenerativa, onde a biologia pode substituir completamente os produtos químicos, proporcionando altos rendimentos de alimentos nutritivos, sem prejuízo ao meio ambiente. “É hora de derrubar o mito de que os agrotóxicos são necessários para alimentar o mundo bem como criar um processo global de transição para uma produção agrícola e de alimentos mais segura e saudável”, disseram eles.

Relatório do Parlamento Europeu Destaca os Benefícios dos Produtos Orgânicos para a Saúde Humana e Ambiental

Da mesma forma, um relatório de 2016 23 do Parlamento Europeu, “Implicações para a saúde humana dos alimentos orgânicos e da agricultura orgânica”, detalhou os muitos benefícios da agricultura orgânica, com base em uma pesquisa bibliográfica global. O relatório é excepcionalmente abrangente na medida em que também analisa uma ampla gama de efeitos dos orgânicos, do conteúdo nutricional e os benefícios de menos agrotóxicos quanto aos impactos ambientais e à sustentabilidade.

Suas conclusões são baseadas em centenas de estudos epidemiológicos, laboratoriais e de análises de alimentos. Mais uma vez, os benefícios mais claros dos produtos orgânicos para a saúde humana foram relacionados à exposição reduzida a agrotóxicos, antibióticos e cádmio. Como observado pelos autores, “Como consequência da exposição reduzida a agrotóxicos, os alimentos orgânicos, consequentemente, contribuem para evitar os efeitos à saúde e os custos associados à sociedade.”

Recursos de Alimentos Orgânicos

Embora seja fácil se sentir desamparado, lembre-se de que podemos auxiliar a orientar a indústria agrícola em direção a sistemas mais seguros e sustentáveis, apoiando os agricultores orgânicos e escolhendo produtos locais frescos todos os dias. Lembre-se de comprar carne e laticínio orgânicos de animais que pastam sejam aves ou gado.

Fontes e Referências

  • 1 Annals of Internal Medicine September 4, 2012; 157(5)
  • 2, 15 British Journal of Nutrition 2014 Sep 14;112(5):794-811
  • 3 ATSDR.cdc.gov Cadmium
  • 4 Research Institute of Organic Agriculture
  • 5 PLOS One September 1, 2010; 5(9): e12346
  • 6 Cambridge Journal Blog February 16, 2016
  • 7, 16 British Journal of Nutrition March 28, 2016; 115(6): 994-1011
  • 8, 10, 17 British Journal of Nutrition March 28, 2016; 115(6): 1043-1060
  • 9 Newcastle University Press Release February 16, 2016
  • 11 Nutrition Journal 2010; 9:10
  • 12 PLOS One December 9, 2013, DOI: 10.1371/journal.pone.00822429
  • 13 Mother Jones November 2007
  • 14 Newcastle University February 16, 2016
  • 18 Nature Plants February 3, 2016 DOI: 10.1038/nplants.2015.221
  • 19 PNAS May 1, 2015: 112(24); 7611-7616
  • 20 Time June 1, 2015
  • 21 The Independent March 7, 2017
  • 22 Sustainable Pulse March 7, 2017
  • 23 European Parliament, Human Health Implications of Organic Food and Organic Agriculture (PDF)
  • 24 The Farm to Consumer Legal Defense Fund
  • 25 The Farm to Consumer Legal Defense Fund, State by State Review of Raw Milk Laws

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2018.

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Revolução verde

17 de abril de 2018 por Luiz Jacques

Discurso humanista da ‘fome no mundo’, acabou saciando a fome do capital e da degradação ambiental.

 

Nota do website: Tema importantíssimo de se conhecer e saber porque envolve tanto a nossa sobrevivência pela produção de alimentos se contrapondo à produção de mercadorias -commodities- , além do aspecto dramático da concentração de terra, da expulsão do pequeno agricultor -quem produz mais de 70% do que comemos-, incluindo a contaminação da nossa saúde e do ambiente, bem como a degradação das áreas de proteção ambiental e principalmente dos povos originários deste continente! 

PRIMEIRA PARTE 

 

https://www.ecodebate.com.br/2018/04/10/impactos-da-revolucao-verde-parte-12-artigo-de-roberto-naime/

 

A Revolução Verde é considerada como a difusão de tecnologias agrícolas que permitiram um aumento considerável na produção, sobretudo em países menos desenvolvidos, que ocorreu principalmente entre 1960 e 1970, a partir da modernização das técnicas utilizadas.

Embora tenha surgido com a promessa de acabar com a fome mundial, não se pode negar que essa revolução trouxe inúmeros impactos sociais e ambientais negativos, conforme afirma José Maria Gusman Ferraz, pós-doutorando em agroecologia pela Universidade de Córdoba, na Espanha, e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

É sempre bom lembrar que estas realidades não passaram nem perto de solucionar o problema da fome, que depende da distribuição de riqueza.

O caso brasileiro ilustra bem a situação definida pelo pesquisador, se de um lado está a melhoria econômica, do outro persistem os problemas sociais. “Para usarmos exemplos brasileiros, entre 1970 e 1985, o aumento na produção de alimentos básicos para a população foi de 20%, enquanto que a de produtos de exportação (cacau, soja, e outros) cresceu da ordem de 119 a 1.112%.”

“O país ocupa hoje lugar de destaque entre os países exportadores de alimentos, contrastando com uma população de milhões de subnutridos”, destaca ele.

Além de não ter resolvido os problemas nutricional e da fome, a Revolução Verde também é reconhecida por aumentar a concentração fundiária e a dependência de sementes, alterando a cultura dos pequenos proprietários que encontraram dificuldades para se inserir nos novos moldes.

“A concentração da posse da terra e o decorrente êxodo rural causaram um inchaço das cidades, levando a uma favelização nunca vista. Houve uma transferência do lucro decorrente da atividade agrícola para a agroindústria, deixando o produtor rural com uma estreita margem, levando ao seu endividamento”, avalia Ferraz.

Pedro Abel Vieira Júnior, doutorando do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e também pesquisador da EMBRAPA, aponta para o contraponto gerado por essa revolução. “De uma forma crítica, a Revolução Verde proporcionou ganhos consideráveis para a produção agrícola. Por outro lado, é inegável que esses ganhos foram associados a alguma degradação ambiental e que os lucros extraordinários gerados pelos ganhos de produtividade da terra, da mão de obra e do capital não foram apropriados pelos produtores rurais”, afirma.

Para Vieira Júnior esses danos ao meio ambiente são quase inexistentes, pois a agricultura evoluiu no sentido da sustentabilidade. Ele cita como exemplo que “em várias regiões do planeta, os sistemas agrícolas são entendidos como produtores de água. Culturas não destinadas ao consumo humano ou animal são irrigadas com efluentes industriais e domésticos. Desse modo, o sistema agrícola filtra os efluentes, devolvendo ao meio ambiente a água pura”, ilustra.

Já Ferraz defende a criação de um novo modelo que contemple a ecologia e o sustentável. “Temos que ter um pensamento sistêmico para repensar um novo sistema produtivo, o que é possível. As propostas de mudança elaboradas pela agroecologia apontam um caminho que pode nos levar a uma nova forma de produção sustentável.

A valorização e incentivo para a agricultura familiar, que de fato produz os alimentos que consumimos no dia a dia, dentro dos conceitos agroecológicos, é uma proposta que pode mudar o rumo de nossa agricultura numa direção realmente sustentável”, acredita.

 

SEGUNDA PARTE 

 

https://www.ecodebate.com.br/2018/04/17/impactos-da-revolucao-verde-parte-22-final-artigo-de-roberto-naime/

 

Essa revolução foi introduzida no país na época da ditadura militar, nos anos 60 e 70, com as mesmas características do restante do mundo, uma vez que o modelo sustenta a premissa de que a agricultura pode ser industrializada.

Um dos impactos marcantes dessa modernização do setor está na incidência de monoculturas com plantas híbridas, além de ser fortemente apoiada em energias não renováveis, nos agrotóxicos, nos adubos e na intensa mecanização e alteração genética dos alimentos, sendo bastante questionada.

“Essa necessidade de insumos é decorrente da não valorização da biodiversidade funcional nos agroecossistemas, caracterizando-se por ser um pacote tecnológico desenvolvido para a produção em larga escala, em grandes monoculturas”, explica José Maria Gusman Ferraz.

Na época em que foi introduzida, foram criadas políticas públicas para adoção do novo modelo por parte dos agricultores. Entre elas, pode-se citar o crédito subsidiado atrelado à compra de insumos como agrotóxicos e adubos.

A criação de órgãos de pesquisas nacionais e estaduais para dar suporte ao modelo também é considerada como um incentivo, junto ao treinamento, no exterior, dos professores das faculdades de agronomia e a criação de um serviço de extensão rural para levar a tecnologia até o agricultor.

Pedro Abel Vieira Júnior, doutorando do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), afirma que o Brasil e a Índia foram grandes beneficiados economicamente pelo novo sistema e pela modernização da cultura agrícola.

Para ele, parte disso se deve ao fato de, no Brasil, ter sido desenvolvida uma tecnologia própria para a chamada agricultura tropical, o que culminou, atualmente, na liderança do país em tecnologia para a produção agrícola nos trópicos.

“A partir da década de 1990, a disseminação dessas tecnologias em todo o território nacional permitiu que o Brasil vivesse um grande desenvolvimento agrícola, com aumento das fronteiras de produção e disseminação de culturas em que o país é recordista de produtividade, como a soja, o milho e o algodão, entre outros. Há quem denomine esse período da história brasileira de a Era do Agronegócio”, sustenta Pedro Abel.

Sem dúvida, uma das mais acaloradas discussões sobre as consequências da Revolução Verde reside nos alimentos transgênicos ou geneticamente modificados. Ainda não se chegou a um consenso sobre o assunto, que divide a opinião de especialistas e da sociedade civil. Há quem defenda que os transgênicos possam acabar com a fome no mundo. Contudo, há quem afirme que eles podem acarretar inúmeros danos à saúde humana e animal e também ao meio ambiente.

Em artigo publicado na “ComCiência”, Lavína Pessanha aponta que Estados Unidos e União Européia representam visões distintas sobre o tema e que se contrapõem. Os primeiros são a favor da liberação, alegando não haver nenhuma comprovação científica dos malefícios dos alimentos geneticamente modificados, já os europeus defendem que é preciso pesquisar melhor antes de disponibilizar os transgênicos para consumo.

Não faz sentido exercer qualquer condenação prévia e apriorística da biotecnologia ou de qualquer substância química, com apropriação dogmática. Qualquer inovação tecnológica teve como estimulação, os benefícios que podem ser gerados, embora possam ter trajetória tão diferenciada quanto são as intenções e predisposições.

Assim, todos os procedimentos merecem isenção e avaliações em cada caso, e não condenações gerais de qualquer natureza, que respondam a anseios dogmáticos ou políticos.

Conforme já se referiu, mesmo que não se apregoe qualquer restrição às evoluções científicas que inegavelmente são representadas por incrementos na transgenia, não custa nada admoestar a todas as partes interessadas que é preciso ter um pouco de humildade.

Mecanismos de proteção que podem até interferir na seleção natural, e produzem complexas reações bioquímicas, são temerários, sem compreender todas as relações implícitas ou explícitas, e não lineares ou cartesianas da homeostase dos ecossistemas.

Logo, parece um pouco pretensioso na atual fase de conhecimentos da civilização humana, implementar estes incrementos sem considerar os princípios de precaução e sem mobilizar tentativas mais sistêmicas e holísticas de se apropriar da realidade.

Ferraz alerta para um dos problemas ambientais e de saúde que podem resultar da implementação das sementes transgênicas, seguida da utilização de agrotóxicos. “O uso de um produto seguidamente leva à seleção das plantas resistentes, que passam a competir com a cultura. Num primeiro momento, aumenta-se o uso do herbicida, aumentando o impacto ambiental pelo aumento dos resíduos. Como isso não tem resolvido o problema, agora aparecem plantas transgênicas chamadas de ‘piramidadas’, que são resistentes a mais de um herbicida, ou plantas transgênicas que usam herbicidas com maior toxicidade, e em alguns casos sob suspeição de causarem graves danos à saúde e ao meio ambiente”, explica.

De acordo com Antonio Márcio Buainain, professor do Instituto de Economia da UNICAMP, existe uma mistificação sobre o uso e consumo de alimentos geneticamente modificados. “O último relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico) sobre perspectivas para a agricultura até 2020 indica a necessidade de expansão da produção em torno de 30% para dar conta do aumento populacional e de renda. E, para isso, não podemos nos dar ao luxo de negar alternativas com base apenas em hipóteses, às vezes, mal fundamentadas e em fantasmas ideológicos sem nenhuma base objetiva”, afirma.

Para Antonio Márcio, a proibição dos transgênicos seria o equivalente a negar os medicamentos. “Só podemos negar alternativas que não atendam às restrições institucionais, que são cada vez mais duras e envolvem o meio ambiente, as relações trabalhistas, entre outros. Portanto, não se trata de negar os transgênicos em geral. Isso equivaleria a negar os remédios. O que temos que recusar é produto transgênico que fuja dessa conformidade, da mesma maneira que negamos remédios que não atendam ao conjunto de condicionalidades impostas pelos órgãos reguladores”, defende. Se acredita que este é um argumento falacioso, mas ganha espaço igual no debate, por equidade.

Ferraz, por sua vez, lembra que o problema da alimentação mundial não está na quantidade de alimento disponível, mas sim no poder aquisitivo das populações, caracterizando-se num problema socioeconômico resultante da má distribuição de renda.

“A Organização das Nações Unidas (ONU) e várias instituições não governamentais têm disponibilizado informações de que os alimentos disponíveis dariam de sobra para alimentar a população humana. Cada pessoa no mundo poderia comer aproximadamente todos os dias, 1,7 kg de cereais, feijões e nozes, 200 g de carne, leite e ovos e 0,5 kg de frutas e vegetais. Isso é mais que suficiente para uma boa nutrição”, observa Ferraz.

Para ele, o discurso de que os alimentos geneticamente modificados podem acabar com a fome no planeta é a mesma falácia utilizada por aqueles que defendiam a implementação da Revolução Verde, que, além de não acabar com a fome, ainda agravou os problemas sociais e ambientais. “Como esse modelo está se esgotando, o novo rearranjo para mantê-lo por mais tempo é a introdução de plantas transgênicas com o uso casado do agrotóxico”, conclui.

Resta saber se os órgãos reguladores, um dia irão de fato avaliar as relações trabalhistas, os impactos ao meio ambiente e à saúde humana e animal dessa faceta mais contemporânea da revolução. E se essa nova fase vai proporcionar não apenas um aumento da produção, mas do acesso aos alimentos, o que até o momento não ocorreu.

Referência:

OCTAVIANO, Carolina, Muito além da tecnologia: os impactos da Revolução Verde, Com Ciência n. 120 Campinas 2010. http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542010000600006&lng=pt&nrm=iso

 

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/04/11/142983-colheita-de-graos-na-safra-20172018-e-a-segunda-maior-da-historia.html

 

 

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Projeto PANCs – plantas alimentícias não convencionais, Valdely Kinupp, Coletivo Catarse.

9 de janeiro de 2014 por Luiz Jacques

Reportagem cinematográfica sobre plantas com grande potencial alimentício e de comercialização, mas que costumam ser negligenciadas. “Somos xenófilos, o brasileiro não come a biodiversidade que tem”, adverte Valdely Kinupp, que conduz o vídeo. Elaborado pela nutricionista Irany Arteche para assentados do MST/RS e promovido pela Superintendência da CONAB/PNUD.

 

http://andredeoliveiracoletivocatarse.wordpress.com/tag/projeto-pancs-plantas-alimenticia-nao-convencionais-valdely-kinupp-coletivo-catarse/

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“Agricultura familiar é a chave para eliminar a fome”.

6 de julho de 2012 por Luiz Jacques

Santiago, Chile, 5/7/2012 – “A erradicação da fome não é uma utopia, mas uma meta perfeitamente possível”, e para isso se deve potencializar a agricultura familiar, sem se esquecer os setores mais vulneráveis como as populações indígenas e as mulheres, afirma o economista argentino Raúl Benítez.

 

http://envolverde.com.br/noticias/agricultura-familiar-e-chave-para-eliminar-fome/?utm_source=CRM&utm_medium=cpc&utm_campaign=05

 

por Marianela Jarroud, da IPS

IPS13 “Agricultura familiar é a chave para eliminar a fome”

O mercado “não deve ser o único regulador do preço dos alimentos”, opinou Benítez em entrevista à IPS, duas semanas após ter assumido como diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a América Latina e o Caribe. Por isto, o Estado deve ter uma presença efetiva, para poder “corrigir as distorções ou os problemas de inclusão que o mercado gera”, acrescentou, considerando as incertezas geradas pela crise econômico-financeira global com epicentro na Europa.

IPS: O que se deve fazer para que a inflação dos alimentos, empurrada pelo aumento dos preços internacionais, não mine a economia dos países da região e joguem por terra os avanços conseguidos?

RAÚL BENÍTEZ: Observamos nos últimos meses uma queda no preço dos produtos da cesta alimentícia. Quando se analisa as cadeias de produção, se percebe que não necessariamente uma queda nos preços primários terá repercussão em uma redução dos preços nos supermercados, e vice-versa. Então, no que temos de trabalhar todos os países da região é em tornar mais eficiente esta cadeia, de tal modo que os produtores possam receber melhores preços e o consumidor pagar menos.

IPS: Acredita que o mercado deve ser o único regulador do preço dos alimentos?

RB: Definitivamente, não. O mercado é uma ferramenta da economia, e creio que é válido nos apoiar nesta ferramenta que é muito forte, poderosa e útil. Agora, o que não temos que esperar é que resolva todos os problemas. O que se quer é que o mercado esteja acompanhado por uma forte ação do Estado que nos permita corrigir as distorções ou os problemas de inclusão que o próprio mercado gera. É uma falsa contradição dizer Estado ou mercado. Considero compatível, perfeitamente, uma economia de mercado, mas com um Estado forte, resolvendo as assimetrias que o mercado produz ou as falhas que existem, usando políticas inclusivas.

IPS: Como avalia a iniciativa América Latina Sem Fome?

RB: É um tema muito forte que nos marca como uma região diferente, que não envolve apenas os poderes executivos, mas também os parlamentos. Está claro que ainda precisamos trabalhar muito mais, que estamos longe de alcançar a meta de erradicar a fome na região, mas é possível. Temos que propor aos governos e às sociedades e impulsionar para que este seja um tema permanente da agenda política. Houve avanços notáveis. O que se está fazendo é ir juntando vontades em favor desta possibilidade de erradicar a fome, e, portanto, em algum momento isso vai decantar em ações mais contundentes por parte dos países.

IPS: Como a mudança climática afeta a segurança alimentar?

RB: Com a mudança climática é preciso sermos muito conscientes de que se deve contar com uma agricultura mais verde, no sentido de sermos muito cuidadosos com a produção, porque se pode ser mais eficiente em termos ecológicos. Temas como semeadura direta são importantes, bem como a utilização de biomassa para a geração de energia e esse tipo de coisas. Neste esquema geral intervém o uso da água. Sem dúvida, temos que ser mais eficientes. Felizmente, encontramos muitas iniciativas na região, onde se faz um uso muito mais inteligente do recurso, desde a implantação de irrigação modernizada até colocar inteligência no que já é moderno.

IPS: O que lhe pareceu o desenvolvimento e as conclusões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20)?

RB: A Rio+20 me pareceu muito boa porque retomou uma agenda fixada há 20 anos. É preciso pôr estes temas na agenda, não esquecer, para conscientizar de que este é um problema de todos. Também vejo como positivo o que ocorreu com o G-20 (grupo dos 20 países ricos e emergentes) na reunião, em 18 e 19 de junho, no México, para a qual, pela primeira vez, a FAO foi convidada, e a declaração aí em termos de segurança alimentar foi certamente importante. Creio que representou um marco na agenda deste grupo de países.

IPS: Qual a posição da FAO sobre os alimentos transgênicos?

RB: Tentamos respeitar as políticas de cada país, já que em alguns permitiu melhorar notavelmente a produtividade.

IPS: A FAO declarou 2013 ano da quinoa (Chenopodium quinoa). O que se busca com esta campanha?

RB: O caso da quinoa é um tema muito pontual, por ser um cultivo milenar na América que estava muito esquecido e que tem muitas propriedades. Felizmente, contamos com o apoio de todo o sistema da ONU para levar adiante essa declaração. Esperamos com esta campanha obter maior base de produção, de modo a permitir que os diferentes segmentos tenham acesso e inclusive cultivem este alimento tão importante, que segundo estudos da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) é o mais completo de todos. Sem dúvida, sua promoção terá uma repercussão importante no tema da segurança alimentar.

IPS: Para muitos, a erradicação da fome é uma utopia. Qual a fórmula que o senhor propõe para que esta meta seja alcançada?

RB: Não a vemos como utopia, mas como uma meta alcançável. Agora, necessitamos do compromisso de todos para fazê-lo, porque não significa que seja fácil. Tecnicamente, o mundo produz mais alimentos do que precisaria, e em desperdício se perde até 30% ou mais. A pergunta é como poderíamos colaborar de maneira importante para este objetivo de erradicar a fome na América Latina e no mundo.

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‘Apenas a agricultura camponesa vai alimentar o mundo no momento de crise’, diz especialista.

7 de fevereiro de 2012 por Luiz Jacques

Seminário debate os conceitos e negócios por trás do modelo que será defendido pela ONU na Rio+20 e expõe os riscos da Economia Verde para a qualidade de vida no planeta. Durante o seminário Por um outra economia, Pat Mooney, diretor da ONG canadense ETC Group, ressaltou a importância da agricultura familiar e camponesa no momento de crise social e ambiental pelo qual passa o planeta.

 

http://www.ecodebate.com.br/2012/02/07/apenas-a-agricultura-camponesa-vai-alimentar-o-mundo-no-momento-de-crise-diz-especialista/

 

“Sem nenhuma sombra de dúvidas, apenas a agricultura camponesa irá alimentar o mundo. Hoje ela já alimenta 70% da população mundial”, disse Mooney, ressaltando a grande diversidade da agricultura familiar, ao contrário do que demonstram as práticas do agronegócio. “O sistema de agricultura industrial trabalha com, no máximo, 150 variedades de alimentos. No entanto, o foco principal deles está em 12 variedades. Eles alegam que se puderem fazer uma engenharia dessas 12 variedades, resolvem a questão da alimentação. Enquanto isso, a rede mundial de agricultura camponesa trabalha com sete mil espécies. Então, quem vocês acham que vai nos dar as maiores chances de nos alimentar diante das mudanças climáticas?”, questionou.

A ETC Group realiza uma série de estudos sobre os mecanismos das multinacionais para tentar privatizar a biodiversidade do planeta. Segundo o pesquisador, desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, as indústrias do sistema agroalimentar produziram 80 mil variedades de plantas. Entretanto, 59% dessas variedades são de espécies ornamentais. “Comparado a essas 80 mil variedades que as indústrias produziram, a agricultura camponesa mundial produziu 2,1 milhões de variedades. Então, quem tem a flexibilidade para suportar as mudanças climáticas?”, ponderou. De acordo com Mooney, na criação de animais a desproporção na diversidade de produção do agronegócio e da agricultura camponesa se mantém – na criação de peixes, por exemplo, o agronegócio cria 363 espécies, já a produção artesanal dos camponeses trabalha com 22 mil espécies.

Mooney também apresentou dados sobre a preservação dos solos. “As empresas de fertilizantes conseguem destruir 70 bilhões de toneladas da camada fértil do solo por ano. Já os sistemas camponeses de produção conservam 140 bilhões de toneladas dessa camada do solo”, informou. O pesquisador disse ainda que as empresas do agronegócio tentam buscar nos territórios dos camponeses a diversidade preservada por eles para que possam realizar cruzamentos em laboratório. Segundo Mooney, as empresas estão em busca de espécies silvestres existentes nos territórios camponeses ou nas zonas próximas e nas florestas ao redor dos territórios camponeses, que contabilizam uma diversidade de 50 a 60 mil espécies silvestres.

Campo de batalha na Rio+20

Para Mooney, a pressão sobre o Brasil duplicou com a escolha recente de um brasileiro como secretário executivo do Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, o ex-secretário nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias. Segundo Mooney, a Conferência Rio+20 será um campo de batalha sobre a biodiversidade do planeta, que já perdeu para as corporações 23,8% das espécies. “O que o capitalismo vem buscar aqui são os 76,2% que restam. Essa é a batalha do Rio. Com a crise das hipotecas em 2007, nós já demos aos banqueiros 14 trilhões de dólares. Agora, se aceitarmos essa nova proposta de financeirização da natureza, o que estamos dizendo para aqueles mesmos bancos é que eles podem vir e brincar em nosso jardim. Seremos insanos se aceitarmos isso”, finalizou.

Matéria de Raquel Júnia – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

 

 

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Protesto na Alemanha critica defesa da agroindústria pelo governo.

31 de janeiro de 2012 por Luiz Jacques

Cerca de 23 mil pessoas participaram, no último dia 21/01, de uma grande marcha contra a política agrária da Alemanha e da Comunidade Europeia. Mesmo sob chuva e muito frio em Berlim, a manifestação conseguiu mandar um forte sinal de protesto às autoridades.

 

http://www.brasil.agenciapulsar.org/nota.php?id=8495
31/01/2012

 

O protesto da capital alemã teve como lema “Basta. Agricultura Familiar em vez de Agroindustrial!”. A manifestação é organizada pela Campanha “Minha Agricultura”, que aglutina mais de 90 organizações dos movimentos de ecologia e do campo. Com o lema “Basta. Agricultura Familiar em vez de Agroindustrial!” aconteceu no inicio da Semana Verde, uma das maiores feiras de agricultura do mundo.

Essa feira conta com a presença de uma delegação brasileira, formada entre outros pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho, e representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Entre as exigências do movimento está o fim do uso de antibióticos na criação de porcos e bovinos, que cada vez mais prejudicam os alimentos com resíduos nocivos para a saúde humana. Outra crítica se faz à expansão das monoculturas, responsáveis pela diminuição da biodiversidade e a exploração da terra.

Segundo a campanha “Minha Agricultura”, a alternativa à agroindústria seria uma agricultura ecológica e familiar, baseada em princípios da sustentabilidade. O novo caminho da agricultura seria importante também frente ao desafio da crise climática e das necessidades de uma proteção real dos consumidores.

Stig Tanzmann, agrônomo do EED (Serviço das Igrejas Luteranas da Alemanha), e integrante da Campanha explica que, enquanto a Alemanha importa seis milhões toneladas de soja de países do sul para alimentar o gado, exporta produtos agrícolas para a África à preço abaixo do mercado. Para ele, se trata de “um favorecimento arbitrário ao agronegócio por parte do governo” do país.

A Campanha a “Minha Agricultura” na Alemanha visa influenciar a reformulação da política agrária da Comunidade Europeia, prevista para 2013. Essa política tradicionalmente favorece as grandes empresas no campo e gasta bilhões de euros com o subsídio da produção agrícola.

A Ministra de Agricultura, Ilse Aigner, foi alvo das críticas. Dias antes, ela causou indignação entre muitos camponeses e consumidores ao dizer que a fome no mundo “só pode ser combatida pela intensificação da agricultura europeia”.

Organizações de política de desenvolvimento e de camponeses afirmaram que é inaceitável usar a fome no mundo para defender a agricultura industrial. Eles defendem a agricultura familiar e em pequena escala como modelo sustentável para a produção de alimentos.

Também lembram que são os danos ecológicos causados pelo agronegócio que dificultam a segurança alimentar em muitos países. Presente na manifestação, King David Amoah, representante da redes camponesas em Gana e na África Ocidental, afirmou que a causa da fome não se deve à falta de alimentos, mas a falta de terra e meios de produção.

Os manifestantes na Alemanha também acusavam a exportação agrícola, por parte dos países industrializados, por dificultar o desenvolvimento de uma agricultura local em muitos países do sul.

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