Desmatamento, destruição da biodiversidade, contaminação das águas, poluição sonora, pulverização aérea de agrotóxicos, passividade da comunidade, intoxicações, abortamentos, exploração do trabalhador e má distribuição de renda. A lista, resultado da reflexão de comunidades impactadas pelo agronegócio, é um dos dados da pesquisa coordenada por Raquel Rigotto, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Também coordenadora do Núcleo Tramas (Trabalho, Meio Ambiente e Saúde), ela participou do seminário ‘Desigualdade Ambiental e Regulação Capitalista: da acumulação por espoliação ao ambientalismo-espetáculo’, promovido nos dias 31 de maio e 1º de junho pelo Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (ETTERN) do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ).
Agrotóxicos
RJ: Regiões agrícolas do estado com forte uso de agrotóxicos têm mais suicídios e mortes por câncer.
A silenciosa praga das lavouras – As lesões vermelhas no rosto, que vez ou outra se espalhavam para braços e pernas, não o fizeram parar de roçar a lavoura. Era seu ofício desde os 15 anos, de sol a sol. Por anos, conviveu com crises, mais ou menos intensas. Teve que amputar o dedo indicador direito, que encaroçou como uma espiga de milho. Para as lesões num braço, quase no osso, precisou fazer enxertos de pele. A audição, frágil, evoluiu para uma quase surdez. Vinte e cinco anos depois de os sintomas surgirem, mais de 40 dias de internação e biópsias, José de Andrade, de 77 anos, descobriu que podia ser mais uma vítima do uso indiscriminado de agrotóxicos. Era só ele e a enxada, sem capa ou máscara. Às vezes, até sem galochas.
Justiça nega pedido de antecipação do depósito de R$ 1 bilhão no caso Shell-Basf em Paulínia.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região (Campinas) negou o pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) para que as empresas Basf e Shell depositassem, antecipadamente, em juízo, o valor de R$ 1 bilhão, relativo à indenização, por danos morais causado à coletividade.
A questão dos agrotóxicos: longe da verdade, artigo de Elenita Malta Pereira.
É o público que está sendo solicitado a assumir os riscos que os controladores de insetos calculam. (…) A obrigação de tolerar, de suportar, dá-nos o direito de saber (Rachel Carson, em Primavera Silenciosa).
A agricultura orgânica versus o método de cultivo tradicional
“O que é melhor para a humanidade, um tomate orgânico mais caro, que ocupa uma área agrícola maior, mas que não utiliza agroquímicos e emprega três pessoas, ou um tomate convencional, mais barato, produzido em uma área menor, mas que utiliza insumos químicos e emprega uma pessoa?”, pergunta Fernando Reinach,biólogo, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 24-05-2012.
Rede de Médicos combate expansão de agrotóxicos e divulga informações que governos e empresas encobrem.
Os povos fumigados da Argentina estão vendo dia após dia sua saúde se degradar pela intensa utilização de agrotóxicos nos cultivos, sobretudo de soja transgênica.
População não conhece os riscos dos agrotóxicos.
Mesmo sob a crescente pressão da sociedade civil, quem vive na área rural do Brasil ainda é constantemente impactado por agrotóxicos pulverizados nas lavouras de monocultura do país. Muitas vezes, estes produtos são aplicados a menos de dez metros de escolas e residências. O pior: em casas de pequenos agricultores, que não fazem ideia dos riscos, acabam se tornando embalagem para acondicionar até comida. A situação é descrita no “Dossiê sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde no Brasil” feito pelos principais pesquisadores de saúde do país, ao qual o Razão Social teve acesso, e que será apresentado no Congresso Mundial de Nutrição Rio 2012, na próxima sexta-feira, em Brasília.
Agrotóxicos: um mercado bilionário e cada vez mais concentrado.
Seminário realizado na Anvisa mostra o processo de concentração da produção e comercialização de insumos agrícolas. Pesquisador alerta para risco à soberania nacional.
Anvisa defende regulação do mercado de agrotóxicos.
O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agenor Álvares, defendeu a necessidade de regulação do setor de comércio de agrotóxicos. Dados divulgados pela agência ontem (11) mostram que apenas metade dos registros aprovados pelo órgão para que o produto seja vendido no Brasil resulta em produção e venda de fato.
‘É um absurdo a academia insistir na tese de que há níveis toleráveis de agrotóxicos’.
A batalha contra a intensa utilização de agrotóxicos no país ganhou também o Congresso Nacional. No final de 2011, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou um relatório que revela os riscos desses venenos para a saúde humana e ambiental. Após mais de seis meses de trabalho de investigação e de escuta de todos os setores envolvidos na produção, comercialização, utilização e pesquisa dos agrotóxicos, a subcomissão criada especialmente para estudar o tema concluiu que o ideal é que esses produtos parem totalmente de ser usados na agricultura do país.