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Agrotóxicos

Lançado na Europa mapa do envenenamento de alimentos no Brasil

3 de julho de 2019 por Luiz Jacques

O atlas de envenenamento foi lançado em Berlim, Alemanha, país que sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo: a Bayer/Monsanto (incorporada pelo grupo Bayer) e a Basf, que dominam a produção de toda a cadeia alimentar – sementes, fertilizantes e agrotóxicos – Fotomontagem: Moisés Dorado

https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-ambientais/lancado-na-europa-mapa-do-envenenamento-de-alimentos-no-brasil/

01/07/2019

Em exposição crônica aos agrotóxicos, brasileiro corre mais risco de morte e desenvolvimento de doenças

Um ousado trabalho de geografia que mapeou o nível de envenenamento dos alimentos produzidos no Brasil foi lançado em maio, em Berlim, na Alemanha, país que contraditoriamente sedia as maiores empresas agroquímicas do mundo. Quem estava presente no lançamento do atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia ficou perplexo com a informação sobre o elevado índice de resíduos agrotóxicos permitidos em alimentos, na água potável, e que, potencialmente, contamina o solo, provoca doenças e mata pessoas. A obra, que já foi publicada no Brasil, é de autoria da geógrafa Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

O Brasil é campeão mundial no uso de pesticidas na agricultura, alternando a posição dependendo da ocasião apenas com os Estados Unidos. O feijão, a base da alimentação brasileira, tem um nível permitido de resíduo de malationa (inseticida) que é 400 vezes maior do que aquele permitido pela União Europeia; na água potável brasileira permite-se 5 mil vezes mais resíduo de glifosato (herbicida); na soja, 200 vezes mais resíduos de glifosato, de acordo com o estudo, que é rico em imagens, gráficos e infográficos. “E como se não bastasse o Brasil liderar este perverso ranking, tramita no Congresso nacional leis que flexibilizam as atuais regras para registro, produção, comercialização e utilização de agrotóxicos”, relata Larissa.

A pesquisadora explica que o lançamento do atlas na Europa se deu pelo fato de a Alemanha sediar a Bayer/Monsanto e a Basf, indústrias agroquímicas que respondem por cerca de 34% do mercado mundial de agrotóxicos. A Monsanto, recentemente incorporada ao grupo Bayer, é a líder mundial de vendas do glifosato, cujos subprodutos têm sido associados a inúmeras doenças, incluindo o câncer e o Alzheimer. “Queríamos promover discussão sobre a contradição de sediarem indústrias que controlam toda a cadeia alimentar agrícola – das sementes, agrotóxicos e fertilizantes – e serem rigorosos quanto ao uso de mais de um terço dos pesticidas que são permitidos no Brasil. Eles são corresponsáveis pelos problemas gerados à população porque vendem e exportam substâncias sabidamente perigosas, porém, proibidas em seu território”, diz.

Geógrafa Larissa Bombardi, autora da pesquisa que deu origem ao atlas da Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil – Foto: Cecília Bastos / USP Imagens

Intoxicação e suicídios

Segundo a geógrafa, as perdas não se limitam à contaminação de alimentos e dos cursos d’água. O atlas traz informações de que, depois de extensa exposição aos agrotóxicos, ocorrem também casos de mortes e suicídios associados ao contato ou à ingestão dessas substâncias.

Entre 2007 e 2014, o Ministério da Saúde teve cerca de 25 mil ocorrências de intoxicações por agrotóxicos. O atlas mapeia as regiões mais afetadas: dos Estados brasileiros, durante o período da pesquisa, o Paraná ficou em primeiro lugar, com mais de 3.700 casos de intoxicação. São Paulo e Minas Gerais ficaram na segunda colocação, com 2 mil. Das 3.723 intoxicações registradas no Paraná, 1.631 casos eram de tentativas de suicídio, ou seja, 40% do total. Em São Paulo e Minas gerais o porcentual foi o mesmo. No Ceará, houve 1.086 casos notificados, dos quais 861 correspondiam a tentativas de suicídio, cerca de 79,2%. Os mapas de faixa etária mostram que 20% da população afetada era composta de crianças e jovens com idade até 19 anos. Segundo Larissa, no Brasil, há relação direta entre o uso de agrotóxicos e o agronegócio. Em 2015, soja, milho e cana de açúcar consumiram 72% dos pesticidas comercializados no País.

O atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia, em português, foi lançado no Brasil em 2017 e traz um conjunto de mais de 150 imagens entre mapas, gráficos e infográficos que abordam a realidade do uso de agrotóxicos no Brasil e os impactos diretos deste uso no País. A pesquisa que deu origem à publicação teve o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Em Berlim, o lançamento aconteceu na sede do ENSSER (European Network of Scientists for Social and Environmental Responsability), rede europeia sem fins lucrativos que reúne cientistas ativistas responsáveis ambiental e socialmente, em Glasgow, Escócia. O suporte financeiro para o lançamento do atlas na Europa foi da FFLCH e da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP.

Atlas: Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, de Larissa Mies Bombardi – Laboratório de Geografia Agrária da FFLCH – USP, São Paulo, 2017

Entre 2000 e 2010, o Brasil aumentou em 200% o consumo de agrotóxicos. A soja foi a cultura que mais consumiu pesticidas

Mapa de intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola (2007-2014)

Uso de malationa (inseticida) na cultura do feijão – Limite máximo de resíduos permitido no Brasil e nos países da comunidade europeia

Mais informações: Larissa Mies Bombardi, [email protected] ou pelo telefone (11) 3091-3769. Atlas versão em português – Atlas versão inglês. 

Arquivado em: Agricultura, Agrotóxico, Biotecnologia, Corporações, Globalização, Resíduos Marcados com as tags: Agrotóxicos, Contaminação alimentar, Europa, Saúde Pública

Apocalipse dos insetos

11 de abril de 2019 por Luiz Jacques

Apocalipse dos insetos: os novos dados da ameaça

Os novos dados da ameaça

Por Antonio Martins

Publicado 10/04/2019

Entre os múltiplos aspectos da devastação do planeta, poucos despertam tão pouca atenção quanto o colapso das populações de insetos. Um trabalho recente, de cientistas das universidades australianas de Sydney e Queensland, e da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas, mostra que as preocupações deveriam crescer. Os resultados foram relatados pelo site norte-americano Truthout.

As duas conclusões principais são: a) 40% das espécies de insetos existentes estão ameaçadas; b) a cada ano, o planeta perde 2,5% de toda a biomassa deste enorme grupo de invertebrados. As causas são a devastação de ecossistemas, o uso maciço de venenos agrícolas e o aquecimento global. As consequências, pouco conhecidas, são dramáticas. Se o ritmo atual for mantido, diz a pesquisa sino-australiana, metade da atual biomassa de insetos poderia ser perdida em 50 anos.

Ocorre que estes animais, muitas vezes desprezados por seu tamanho, compõem, junto com aracnídeos e crustáceos, 50% de toda a biomassa animal do planeta. E estão na base de quase todos os ecossistemas. Por exemplo: 60% das espécies de pássaros dependem totalmente deles para sua alimentação. Além disso, 80% a 90% das plantas dependem de insetos para a polinização. Um colapso da população insetívora poderia ter, portanto, consequências catastróficas em toda a vida do planeta.

Há saída, diz Truthout, mas exigirá mudança notável dos atuais padrões de produção e consumo. É preciso, em especial, repensar a agricultura e a pecuária produtivistas. Atualmente, uma área equivalente a toda a América do Sul é usada para agricultura; e a pecuária (incluindo a produção de alimentos para o gado) consome uma África. Uma das saídas óbvias é a redução substancial do consumo de carne – em especial, bovinos.

Arquivado em: Ecologia, Globalização Marcados com as tags: Agrotóxicos, Poluição, Saúde planetária

AUTISMO: exposição pré-natal e infantil, a agrotóxicos ambientais.

25 de março de 2019 por Luiz Jacques

[Prenatal and infant exposure to ambient pesticides and autism spectrum disorder in children: population based case-control study]


(NOTA DO SITE: há uns dias publicamos um material sobre o glifosato e é importante o que se diz no final sobre ser uma mentira relacionar este veneno agrícola ao autismo. Parece que mentira não é, pelo menos pelo que mostra esta publicação neste periódico inglês. Fica a reflexão para cada um de nós, solitários consumidores de alimentos e ‘ingênuos’ aplicadores em nossos jardins, parques, pátios de escolas etc, de soluções ‘estéticas’ tipo: ‘mata-mato’, onde transitam crianças e mães muitas vezes grávidas).

https://www.bmj.com/content/364/bmj.l962

Durante o desenvolvimento do embrião/feto, toda a agressão é definitiva. Não se pode retroceder para mudar o erro ou corrigir com uma intervenção para desfazê-lo.

Access The BMJ (British Medical Journal)

Auxiliando médicos a fazerem melhores diagnósticos desde 1840.

O BMJ começou há 175 anos como um periódico médico, publicando artigos sobre natimortos, amputações de braços e o clima da Ilha de Wight.


BMJ 2019; 364 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.l962 (Published 20 March 2019)Cite this as: BMJ 2019;364:l962

Autores:

  1. Ondine S von Ehrenstein, associate professor1 2,  
  2. Chenxiao Ling, research assistant2,  
  3. Xin Cui, research assistant2 3 4,  
  4. Myles Cockburn, professor5,  
  5. Andrew S Park, research assistant2,  
  6. Fei Yu, researcher6,  
  7. Jun Wu, associate professor7,  
  8. Beate Ritz, professor2 8 9

Authors affiliations: (Accepted 11 February 2019)

  1. 1Department of Community Health Sciences, Fielding School of Public Health, University of California, PO Box 951772, Los Angeles, CA 90095-1772, USA
  2. 2Department of Epidemiology, Fielding School of Public Health, University of California, Los Angeles, CA, USA
  3. 3Perinatal Epidemiology and Health Outcomes Research Unit, Division of Neonatology, Department of Pediatrics, Stanford University School of Medicine and Lucile Packard Children’s Hospital, Palo Alto, CA, USA 
  4. 4California Perinatal Quality Care Collaborative, Palo Alto, CA, USA
  5. 5Preventive Medicine, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA
  6. 6Department of Biostatistics, Fielding School of Public Health, University of California, Los Angeles, CA, USA
  7. 7Program in Public Health, Susan and Henry Samueli College of Health Sciences, University of California, Irvine, CA, USA
  8. 8Department of Environmental Health Sciences, Fielding School of Public Health, University of California, Los Angeles, CA, USA
  9. 9Department of Neurology, Geffen School of Medicine, University of California, Los Angeles, CA, USA

Resumo

Objetivo: Examinar a associação entre a exposição nos primeiros momentos do desenvolvimento fetal a uma ambiente com agrotóxicos e o transtorno do espectro do autismo.

Projeto: Estudo de caso – baseado no controle de população.

Cenário: Principal região de produção agrícola da Califórnia, Central Valley, utilizando dados de nascimento entre 1998 e 2010 do Office of Vital Statistics.

População: 2961 indivíduos com diagnósticos de transtorno do espectro do autismo, baseados no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, quarta edição, revisada (até 31 de dezembro de 2013), incluindo 445 com comorbidade (nt.: duas ou mais doenças etiologicamente relacionadas) de deficiência intelectual, foram identificados através do California Department of Developmental Services, conectados com seus registros de nascimento. Controles, originados dos registros de nascimento, foram combinados aos casos 10:1 por sexo e ano de nascimento.

Exposição: Dados do estado da Califórnia exarados do Pesticide Use Reporting foram integrados dentro da ferramenta de informações geográficas para estimar exposições, pré-natal e na primeira infância, a agrotóxicos (medidos em libras – pounds – de agrotóxicos aplicados por acre/mês dentro de um perímetro de 2000 metros da residência materna). Foram selecionados 11 agrotóxicos de uso intensivo para serem examinados a priori, de acordo com a evidência prévia de toxicidade ao neuro-desenvolvimento tanto in vivo como in vitro (exposição definida como sempre versus nunca, para cada agrotóxico durante períodos específicos do desenvolvimento).

Medida da consequência principal: A razão de possibilidades (nt.: odds ratios/O.R. – é a razão entre a chance de um evento ocorrer em um grupo e noutro) e os intervalos de confiança de
95%, usando a regressão logística multivariável foram empregados para avaliar as associações entre a exposição ao agrotóxico e o transtorno do espectro do autismo (com ou sem deficiência intelectual) nos filhos, ajustando os fatores de confusão.

Resultados: O risco do transtorno do espectro de autismo foi associado com a exposição pré-natal ao glifosato (odds ratio/O.R. – 1,16, o intervalo de confiança foi de 95% de 1,06 a 1,27), clorpirifós (1,13, e de 1,05 a 1,23), diazinon (1,11, de 1,01 a 1,21), malathion (1,11, de 1,01 a 1,22), avermectin (1,12, de 1,04 a 1,22) e permethrin (1,10, de 1,01 a 1,20). Para o transtorno do espectro do autismo com deficiência intelectual, as odds ratios estimadas foram maiores (em torno de 30%) para a exposição pré-natal ao glifosato (1,33, de 1,05 a 1,69), clorpirifós (1,27, de 1,04 a 1,56), diazinon (1,41, de 1,15 a 1,73), permethrin (1,46, de 1,20 a 1,78), brometo de metila (1,3, de 1,07 a 1,64) e miclobutanil (1,32, de 1,09 a 1,60); exposição no primeiro ano de vida aumentaram as possibilidades para o transtorno com comorbidade da deficiência intelectual acima de 50% para algumas dos agrotóxicos.

Conclusão: As descobertas sugerem que os riscos do transtorno do espectro do autismo às crianças, aumenta após a exposição pré-natal a um ambiente com agrotóxicos dentro dos 2 mil metros da residências de suas mães durante a gravidez quando comparadas com filhos de mulheres da mesma região sem tal exposição. A exposição infantil pode aumentar mais os riscos para o transtorno do espectro do autismo com comorbidade de deficiência intelectual.

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Justiça francesa reconhece primeiro caso de Parkinson causado por pesticidas (agrotóxicos)

21 de março de 2019 por Luiz Jacques

http://br.rfi.fr/franca/20190311-justica-francesa-reconhece-primeiro-caso-de-parkinson-causado-por-pesticidas

Por RFI (Radio France Internationale)

Publicado em 11-03-2019

Agrotóxico Na França
Agricultor pulveriza agrotóxicos na França. AFP PHOTO / DENIS CHARLET

O agricultor aposentado Marcel Geslin, que faleceu em 2018 aos 74 anos, obteve nesta segunda-feira (11) ganho de causa no processo em que pedia para que sua doença, o mal de Parkinson, fosse reconhecida como decorrente de seu trabalho com pesticidas (nt.: termo constitucional brasileiro: agrotóxico).

“Não é somente uma questão de honra. Nós queremos que essa vitória possa fazer evoluir a legislação sobre as doenças profissionais ligadas a produtos químicos, para que o que aconteceu com meu irmão não volte a acontecer”, afirmou Michel Geslin, irmão e representante legal de Marcel Geslin.

Empregado por uma empresa durante 37 anos, em Loiré, no Oeste da França, Marcel Geslin era responsável pela manutenção das plantações. “Ele não manipulava diretamente os pesticidas. Mas como todos os empregados da época, ele trabalhava no campo durante e após a aplicação dos produtos”, ressalta Michel Geslin.

Outros dois processos não tiveram o mesmo veredito

Os problemas de saúde de Marcel começaram em 2008, logo após ter dado entrada em sua aposentadoria. Inicialmente os sintomas foram diagnosticados como sendo de “tipo Alzheimer”, antes de serem requalificados de “mal de Parkinson” alguns anos depois. Com isso, Marcel e sua família deram entrada para que o Estado reconhecesse seu problema de saúde como sendo uma doença profissional provocada por pesticidas.

“Esse reconhecimento nos foi negado uma primeira vez em 2017 pois o certificado inicial de seu médico generalista fazia menção apenas a ‘problemas de memória’, apesar de todas as cartas escritas por especialistas”, lamenta Michel Geslin. Em 2018, outro parecer desfavorável foi emitido por uma questão burocrática de atraso na entrega de documentos. O reconhecimento saiu somente após o caso ter sido transferido ao Comitê Regional de Reconhecimento de Doenças profissionais da Bretanha.

Ainda não existem na França dados estatísticos sobre doenças profissionais ligadas ao uso de pesticidas. “Phyto-victimes”, uma associação de ajuda a vítimas profissionais, abriu 429 dossiês desde sua criação em 2011, sendo 92 para casos de mal de Parkinson.

Arquivado em: Agricultura, Agrotóxico, Química Artificial, Saúde, Toxicologia Marcados com as tags: Agrotóxicos, França, Justiça francesa, Mal de Parkinson, Saúde Pública

Microbioma intestinal e demência: novas evidências

26 de fevereiro de 2019 por Luiz Jacques

Medscape Logo

https://portugues.medscape.com/verartigo/6503245

Pauline Anderson

NOTIFICAÇÃO 19 de fevereiro de 2019

Honolulu – A depleção de determinadas bactérias intestinais e a maior quantidade de outras estão associadas a aumento do risco de demência, mostra novo estudo.

“Embora o nosso estudo tenha muitas limitações, seus resultados sugerem que o microbioma intestinal possa ser um novo alvo para o tratamento da demência”, disse ao Medscape o Dr. Naoki Saji, médico e vice-diretor do Center for Comprehensive Care and Research on Memory Disorders, National Center for Geriatrics and Gerontology, no Japão.

Os médicos devem incentivar seus pacientes a “cuidar dos próprios intestinos”, disse o Dr. Naoki.

O estudo foi apresentado no International Stroke Conference (ISC) 2019 e publicado on-line em 30 de janeiro no periódico Scientific Reports.

O microbioma intestinal é formado pelos microrganismos que vivem no trato digestório; existem cerca de mil espécies diferentes de bactérias, chegando a trilhões de células. Pesquisas recentes correlacionaram determinadas alterações entre as bactérias intestinais e as doenças inflamatórias e autoimunes, e estudos mostraram que modificações alimentares podem alterar as populações de bactérias intestinais.

Microbioma intestinal tornou-se o tema do momento para muitos especialistas, inclusive para o Dr. Naoki. Seus interesses de pesquisa são as associações entre a demência, as doenças cerebrovasculares e as doenças cardiovasculares. O pesquisador defende a hipótese de essas doenças terem os mesmos fatores de risco.

Resultados de pesquisas anteriores sugerem uma relação entre o microbioma intestinal e as doenças cardiovasculares. “Imaginei que também pudesse existir alguma relação entre a demência e o microbioma intestinal”, disse o Dr. Naoki.

O novo estudo recrutou 128 pacientes ambulatoriais de uma clínica de memória da sua instituição; os participantes tinham em média 74,2 anos de idade, e 59% eram do sexo feminino.

Os pesquisadores coletaram dados demográficos, informações sobre fatores de risco e atividades da vida diária, e avaliaram a função cognitiva usando testes neuropsicológicos e exames de ressonância magnética (RM) de crânio.

Além disso, com amostras fecais, os autores determinaram a microbiota intestinal usando a análise de polimorfismos do comprimento dos fragmentos de restrição terminal (T-RFLP, do inglês Terminal Restriction Fragment Length Polymorphism). Trata-se de um método comprovado e confiável de classificação da microbiota intestinal, segundo o Dr. Naoki.

Os pesquisadores dividiram os participantes do estudo em grupos com e sem demência. Por meio de modelos de regressão logística multivariada identificaram os fatores independentemente associados à demência.

Os autores informaram que infartos lacunares silenciosos e microssangramentos cerebrais foram observados com mais frequência nos exames de ressonância magnética dos pacientes com demência.

Diminuição da população de Bacteroides

A análise dos T-RFLP revelou diferenças dos componentes da microbiota intestinal entre os grupos. Por exemplo, os níveis de Bacteroides (enterotipo I), que são os organismos que normalmente vivem nos intestinos e podem ser benéficos, estavam diminuídos nos pacientes com demência em comparação aos pacientes sem demência.

Havia outras bactérias (enterotipo III) em maior quantidade no grupo com demência.

Análises multivariadas mostraram que o enterotipo I (razão de risco ou odds ratio, OR = 0,1; intervalo de confiança, IC, de 95%, de 0,02 a 0,4; P < 0,001) e o enterotipo III (OR =12, IC 95%, de 3,3 a 65,8; P < 0,001) foram fortemente associados à demência, independentemente de biomarcadores tradicionais de demência, como a existência do alelo APOE ε4; de déficits de alguns neuroquímicos; e das altas pontuações no Sistema de Análise Regional Específica por Voxel para Doença de Alzheimer (VSRAD, sigla em inglês Voxel-Based Specific Regional Analysis System for Alzheimer’s Disease).

As concentrações fecais de amônia, indol, escatol e fenol foram mais altas nos pacientes com demência em comparação com os pacientes sem demência.

Estes novos resultados indicam que o desequilíbrio do microbioma intestinal está independente e fortemente associado à demência, comentou o Dr. Naoki.

O estudo teve várias limitações. Uma foi o desenho transversal, que não pôde estabelecer relação de causalidade entre as diferenças no microbioma intestinal e a demência. Como relativamente poucos pacientes foram incluídos, o estudo pode não ter poder estatístico suficiente, e a ausência do enterotipo II entre os pacientes com demência pode ter influenciado a interpretação estatística.

Outra possível limitação é o viés de seleção, dado que o estudo foi realizado em uma única coorte atrelada a um hospital, e os possíveis fatores de confusão, como a liberação de biomarcadores inflamatórios e os parâmetros nutricionais e alimentares, que não foram avaliados.

Apesar dessas desvantagens, o Dr. Naoki destacou que as razões de chances (odds ratios) do estudo foram altas.

O pesquisador sugeriu que pode haver mecanismos comuns por trás dos efeitos da composição microbiana intestinal na arteriosclerose em vários órgãos.

Análises do microbioma intestinal podem não apenas levar a melhores formas de lidar com a demência, como talvez a um novo tratamento para a doença.

O Dr. Naoki citou um artigo recente de Kobayashi e colaboradores, sugerindo que a suplementação com Bifidobacterium breve A1 pode melhorar a função cognitiva de adultos com déficit cognitivo leve (MCI, do inglês Mild Cognitive Impairment).

O estudo aberto de 24 semanas com braço único avaliou os efeitos cognitivos da suplementação oral em 27 participantes, 19 dos quais completaram o estudo.

Para avaliar a função cognitiva, os pesquisadores usaram o mini exame do estado mental (MMSE, do inglês Mini-Mental State Examination) e o teste de substituição de símbolos por dígitos (DSST, do inglês Digit Symbol Substitution Test); mediram a saúde mental e a qualidade de vida em termos de sintomas gastrintestinais, utilizando o questionário de perfil dos estados de humor, 2ª Edição (POMS2, do inglês Profile of Mood States) e o índice de sintomas gastrointestinais (GSRS, do inglês Gastrointestinal Symptom Rating Scale).

O estudo constatou que a pontuação do MMSE foi significativamente maior e a pontuação do GSRS melhorou significativamente durante a intervenção.

No entanto, o Dr. Naoki não está convencido de que a suplementação isolada seja a solução, e lembrou que esta é uma área controversa.

“Muito controversa”

O Dr. Costantino Iadecola, médico e professor de neurologia no Weill Cornell Medical College, e diretor do Feil Family Brain and Mind Research Institute, em Nova York, concordou que a pesquisa sobre suplementação “é muito controversa”.

Por um lado, para alterar a composição do microbioma intestinal, “você precisa essencialmente criar um nicho; em outras palavras, é preciso criar um lar” para as novas bactérias, disse ao Medscape.

Isso pode ser exequível com os antibióticos em primeiro lugar e, a seguir, introduzindo os probióticos, disse o Dr. Costantino, mas é tudo muito hipotético neste momento.

“Você não pode dizer com segurança quais são as ações de uma determinada espécie de bactéria” no intestino, acrescentou.

O Dr. Costantino fez uma apresentação sobre hipertensão arterial sistêmica,  intestino e disfunção neurovascular no ISC 2019.

É difícil para os estudos nessa área demonstrarem correlações. “A microbiota é muito variável e pode ser modificada por uma grande variedade de fatores, por exemplo, alimentação, motilidade intestinal, infecções e outros fatores imunológicos”, disse.

Outra desvantagem da pesquisa sobre a microbiota humana é que “não conhecemos realmente todas as espécies de bactérias que vivem no nosso intestino”, disse o Dr. Costantino.

Papel da alimentação?

A alimentação sozinha pode aumentar suficientemente a quantidade de bactérias benéficas de modo a influenciar a cognição? Alguns estudos sugeriram que a dieta mediterrânea pode trazer alguma vantagem; ela consiste em comer alimentos como peixe, frutas, verduras, nozes e cereais integrais, e se manter longe das gorduras e dos açúcares, disse o Dr. Naoki.

Porém, o Dr. Costantino disse que pode não ser essa dieta per se que influencie a função cognitiva, mas sim a ausência de gorduras saturadas.

A alimentação tradicional japonesa (Washoku), que consiste de apresentações harmoniosas de arroz e outros pratos feitos com ingredientes sazonais e coloridos, também pode ter um papel importante, disse o Dr. Naoki. Seu colega publicou recentemente um artigo sugerindo que uma “super” dieta Washoku possa alterar de modo positivo o microbioma intestinal em comparação com uma dieta mais moderna.

O Dr. Naoki alertou, no entanto, que mesmo que algumas dietas possam alterar as bactérias do intestino, “o resultado em relação à saúde ainda não está confirmado”.

O Dr. Costantino concordou que o novo estudo do Dr. Naoki sobre a microbiota intestinal demonstra o crescente interesse por este tópico.

“Isso reflete esse tipo de obsessão com essa ‘coisa’ de probiótico, com a microbiota”, disse. “Mas, como tudo mais na ciência, há um pico de interesse, que eu chamo de ‘onda’, que pega todo mundo e, a seguir, o interesse acaba esmorecendo.

Por enquanto, o interesse parece ainda estar em alta. A Alzheimer’s Association International Conference (AAIC 2018), em Chicago, no verão passado, contou com uma série de estudos sobre como o sistema digestório, inclusive as funções intestinais e hepáticas, pode estar relacionado com as alterações no cérebro e com doenças como a demência.

De acordo com a Alzheimer’s Association, os cientistas relataram que algumas espécies do microbioma podem promover o acúmulo de proteínas no cérebro. Isto pode ser significativo, visto vez que o acúmulo de proteínas amiloide e tau é patognomônico da doença de Alzheimer.

E publicações recentes sobre experimentos em modelos murinos de doença de Alzheimer mostram que a modificação do perfil bacteriano no trato digestório, por mudanças na alimentação, pode reduzir as placas amiloides, diminuir a inflamação e melhorar a memória.

Enquanto isso, um corpo cada vez maior de evidências sugere  que a alteração do metabolismo de certos lipídios possa ser um fator importante na ocorrência da doença de Alzheimer. Vários genes associados à doença de Alzheimer, como o APOE ε4, participam no transporte ou no metabolismo dos lipídios.

O estudo foi financiado por Research Funding of Longevity Sciences; NARO Bio-oriented Technology Research Advancement Institution project(Advanced integration research for agriculture and interdisciplinary fields); e Toyoaki Scholarship Foundation. O Dr. Naoki Saji declarou verbas recebidas de NARO Bio-oriented Technology Research Advancement Institution project, BMS/Pfizer Japan Thrombosis Investigator Initiated Research Program, Toyoaki Scholarship Foundation, National Center for Geriatrics and Gerontology, e Japan Agency for Medical Research and Development (AMED). O Dr. Costantino Iadecola declarou não ter conflitos de interesses relevantes.

International Stroke Conference (ISC) 2019: Pôster WP569. Apresentado em 06 de fevereiro de 2019.

Scientific Reports. Publicado on-line em 30 de janeiro de 2019. Abstract

Arquivado em: Agricultura, Agrotóxico, Globalização, Saúde Marcados com as tags: Agrotóxicos, Alimentos, Alzheimer

Alimentos orgânicos X risco de câncer

1 de novembro de 2018 por Luiz Jacques

Vasta pesquisa detecta que nos alimentarmos com produtos orgânicos, poderemos barrar os riscos de câncer.

 

 

https://www.ecowatch.com/eating-organic-slashes-cancer-risks-2614544867.html

 

 

 Environmental Working Group
Oct. 23, 2018 

Feira Ecológica Porto Alegre1
Feira dos Agricultores Ecologistas de Porto Alegre/RS.

 

Comer alimentos orgânicos livres de agrotóxicos está fortemente relacionado com uma dramática redução dos riscos de câncer (dramatic reduction in the risk of cancer), de acordo com uma pesquisa inovadora publicada no dia 23 de outubro pp, no periódico da Associação Norte Americana de Medicina (American Medical Association Journal/JAMA).

Este estudo de observação (observational study), conduzido por uma equipe de cientistas do governo francês, rastreou as dietas de quase 69 mil pessoas. Quatro anos depois, aqueles que consumiram mais alimentos orgânicos tiveram uma probabilidade 25% menor de desenvolver câncer.

Para as pessoas que consomem maiores quantidades de alimentos orgânicos, o estudo encontrou um risco significativamente menor de linfoma não-Hodgkin, todos os linfomas e cânceres de mama pós-menopausa. Os autores concluem: “Embora nossos resultados precisem ser confirmados, promover o consumo de alimentos orgânicos na população em geral pode ser uma estratégia preventiva promissora contra o câncer”.

Os agrotóxicos que estão conectados com o câncer (nt.: conforme classificação de 2015 da IARC/International Agency for Reseatch on Cancer – Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer da OMS/ONU) onde se encontram o mata-mato glifosato, princípio ativo do herbicida da Monsanto ‘Roundup‘, e os que têm como princípio ativo substâncias organofosforadas, malathion e diazinon.

“Este estudo fornece mais evidências sugerindo de que agrotóxicos em alimentos podem ser prejudiciais “, disse o Toxicologista do EWG/Environmental Working Group, Alexis Temkin, Ph.D. “Mesmo em baixos níveis, os agrotóxicos sintéticos, incluindo aqueles ligados ao câncer e outros problemas graves de saúde, estão sendo encontrados em alguns frutos e hortaliças, cultivados convencionalmente (nt.: quando se usa esta expressão ‘convencional‘ está-se dizendo que são cultivados com adubos solúveis e agrotóxicos, os dois sintetizados artificialmente). Especialmente para esses itens, escolher orgânicos é melhor para a saúde, bem como para o ambiente.”

Os cientistas concentraram-se em 16 bebidas e alimentos orgânicos diferentes, incluindo frutas e hortaliças, alimentos à base de soja, ovos, laticínios, grãos, carne e peixe, dentre outros.

Cada ano, o EWG/Environmental Working Group lança (nt.: para os EUA e disponível sempre em seu website) o Guia do Comprador sobre Agrotóxicos na Produção (Shopper’s Guide to Pesticides in Produce™), que inclui a lista dos ‘Doze Sujos’ (Dirty Dozen) de frutas e vegetais convencionais que efetivamente apresentam os mais altos níveis de resíduos de agrotóxicos, bem como a lista dos ‘Quinze Limpos’ (Clean Fifteen) mostrando quais alimentos convencionais têm menos venenos.

“Ninguém quer comer venenos e rastrear o crescimento explosivo da indústria dos alimentos orgânicos nos EUA indo contra as vendas subsidiadas de seus concorrentes convencionais mostra esta evidência que se confirma”, disse o presidente do EWG, Ken Cook. “Os cientistas estão tocando o alarme dos riscos que os agrotóxicos representam para a saúde humana. E por isso os consumidores estão respondendo.”

 

(Nota do site: este é o link do periódico da Associação Médica: https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2707943).

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, novembro de 2018.

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