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Terceiro Simpósio
Internacional da Soja
ALERTA – Soja: Tragédia e Engodo. (http://www.WestonAPrice.org/soy/tragedy.html.) Por Sally Fallon e Mary
Enig, PhD. Primeira publicação em
Nexus Magazine, volume 7, número 3, abril/maio de 2000. ãTodos os direitos reservados
– Sally Fallon e Mary Enig, PhD.
2000.
1.
Propaganda –Marketing– do alimento
perfeito.
2.
O lado sombrio da Cinderela.
3.
Proteína isolada da soja.
4.
O parecer do FDA (Administração
de Alimentos e Fármacos dos EUA) sobre saúde.
5.
Soja e câncer.
6.
Fitoestrogênios – Panacéia ou veneno ?
7.
Pílulas anticoncepcionais para nenês.
8.
Divergências nas avaliações.
9.
Status de GRAS (General Recognized As Safe – Reconhecido
Em Geral Como Seguro).
10.
O próximo asbesto (amianto) ?
11.
Referências.
Longe de ser um alimento perfeito, os modernos produtos
feitos de soja contém antinutrientes e toxinas, interferindo com a absorção
de vitaminas e minerais. “Cada ano, pesquisas a respeito dos efeitos da soja e
seus componentes sobre a saúde parecem crescer exponencialmente. Mesmo
que não esteja se expandindo realmente em áreas básicas de averiguação
como são as doenças do coração, o câncer e a osteoporose; novas descobertas
vislumbram de que a soja tem benefícios potenciais que podem ser muito
mais amplos do que jamais se imaginou.” Assim escreve Mark Messina, PhD,
Coordenador Geral do Terceiro Simpósio Internacional sobre a Soja, ocorrido
em Washington, DC, em novembro de 1999. [1] Por quatro dias, cientistas reunidos em Washington, prodigamente
financiados, fizeram suas apresentações tanto para uma imprensa maravilhada
como para seus patrocinadores: – United Soybean Board (União dos
Conselhos da Soja), American Soybean Association (Associação Americana
da Soja), Monsanto, Protein Technologies International (Tecnologias
Internacionais sobre Proteína), Central Soya, Cargill Foods,
Personal Produts Company (Companhia de Produtos Pessoais), SoyLife,
Whitehall-Robins Healthcare (Produtos Farmacêuticos Whitehall-Robins)
além dos Conselhos da Soja dos estados de Illinois, Indiana, Kentucky,
Michigan, Minnesota, Nebraska, Ohio e Dakota do Sul. O Simpósio marcou o apogeu de uma campanha de marketing,
de uma década, destinada a cativar o consumidor pela aceitação do tofú,
do leite de soja, sorvete de creme de soja, queijo de soja, salsicha de
soja bem como seus derivados, destacadamente as isoflavonas como a genisteína
e a diadzeína, compostos tipo estrogênios (nt.: hormônios
femininos) encontrados na soja. Este evento coincide com a decisão
da U.S.Food and Drug Administration (FDA-Adminstração de
Alimentos e Fármacos dos EUA) de aclamar a necessidade, para a saúde,
do consumo de produtos que tenham “baixas taxas de gordura saturada e
colesterol”, pela presença de 6,25 gramas de proteína de soja por porção,
feita em 25 de outubro deste mesmo ano de 1999. Cereais para o café da
manhã, produtos de panifícios, alimentos pré-prontos, misturas prontas
e substitutos de carne poderiam agora ser vendidos com rótulos anunciando
os benefícios para a saúde cardiovascular: desde que contenham uma colher
de chá cheia de proteína de soja por 100 gramas por porção.
“Simplesmente imagina que poderás cultivar o legítimo
alimento perfeito. Não só para fornecer nutrição necessária, mas também
por ser deliciosa e preparada facilmente, de várias formas. Será muito
saudável por ter gordura não saturada. Estarás então cultivando de fato,
uma fonte virtual de juventude para o último quarto de tua vida.” O autor
desta declaração é Dean Houghton, feita para The Furrow,[2] uma
revista editada, em 12 línguas, pela fábrica de máquinas agrícolas John
Deere. “Este alimento ideal poderá ajudar a previr e talvez reverter
algumas das doenças mais temíveis da humanidade. Poderás cultivar esta
planta milagrosa em variados tipos de solos e climas. Seu cultivo poderá
beneficiar e não degradar a terra .... este alimento milagroso realmente
existe .... Chama-se soja.” Simplesmente imagina. E os agricultores usaram sua imaginação
... e plantaram mais soja. O que era um cultura menor, listada em 1913
pelo anuário do US Department of Agriculture (USDA - Ministério
da Agricultura dos EUA) não como um alimento, mas como um produto industrial,
agora cobre em torno de 17 milhões de hectares de terra agrícola nos EUA.
Muito do que é colhido será destinado à alimentação de galinhas, perus,
porcos, vacas e salmões. Outra larga porção será prensada para produzir
óleo para margarina, gordura vegetal e tempero para saladas. Avanços tecnológicos tornaram possível produzir proteína
isolada da soja daquilo que outrora foi considerado um resíduo – a fibra
desengordurada da alta proteína de soja – e então transformá-la em alguma
coisa que, parecendo e cheirando terrivelmente, pudesse ser consumida
por seres humanos. Flavorizantes, preservativos, adoçantes, emulsificantes
e nutrientes sintéticos puderam transformar a proteína isolada da soja,
o patinho feio dos processadores de alimentos, numa Cinderela da New
Age. Ultimamente, este novo conto de fadas dos alimentos está
sendo vendido não tanto por sua beleza, mas por suas virtudes. Desde logo, produtos baseados na proteína isolada da
soja foram vendidos como “extenders” e substitutos da carne – uma estratégia
que falhou em produzir a necessária demanda de consumo. A indústria alterou
sua abordagem. “O caminho mais rápido para ganhar a aceitabilidade de
um produto numa sociedade pouco abundante”, disse um porta-voz da indústria,
“é ter o produto consumido por seus próprios méritos numa sociedade rica,
opulenta.”[3] Assim a soja é agora vendida para um consumidor diferenciado,
não mais como um alimento barato e dirigido à pobreza, mas sim como um
substância milagrosa que previne doenças do coração e o câncer, que varre
os “calorões” da menopausa, constrói ossos fortes e mantém-nos jovens
para sempre. Os competidores – carne, leite, queijo, manteiga e ovos –
foram convenientemente demonizados pelos organismos governamentais apropriados.
A soja serve como leite e como carne para as novas gerações de virtuosos
vegetarianos. Marketing custa
dinheiro, especialmente quando ele precisa ser amparado em “pesquisas”.
Mas há fartura de recursos disponíveis. Todos os produtores de soja pagam
obrigatoriamente um percentual, entre meio e um por cento, do preço líquido
de mercado da soja. O total, em torno de 80 milhões de dólares anualmente,
[4] mantém o programa da United Soybean para “fortalecer a posição
da soja no mercado, além de manter e expandir os mercados doméstico e
estrangeiro quanto ao seu emprego e de seus derivados”. Os Conselhos Estaduais
da Soja de Maryland, Nebraska, Delaware, Arkansas, Virginia, Dakota do
Norte e Michigan entram com outros 2,5 milhões de dólares para “pesquisas”.[5]
Companhias privadas como Archer Daniels Midland contribuem nesta
parceria. Esta gastou, durante um ano, 4.7 milhões de dólares com a publicidade
do programa Meet the Press e 4,3 milhões de dólares no Face
the Nation.[6] Firmas de relações públicas auxiliam convertendo projetos
de pesquisas em artigos para jornais e para propaganda. Paralelamente,
escritórios de advocacia fazem pressão para regulamentações governamentais
favoráveis. Dinheiro do IMF (FMI – Fundo Monetário Internacional)
financia plantas industriais para processarem soja em países estrangeiros
(nt.: fora dos EUA), além de políticas de livre mercado
permitindo um fluxo abundante de soja para destinos além mar. A investida para mais soja tem sido implacável e globalizante,
em sua escalada. Proteína de soja é agora encontrada na maioria dos pães
de supermercado. Ela foi utilizada para transformar “a humilde ‘tortilla’,
alimento, básico do México feito à base de milho, numa ‘super-tortilla’,
fortificada com proteína que poderá ser dada como um alimento reforçado
para os quase 20 milhões de mexicanos que vivem em extrema pobreza”. [7]
Propaganda de um novo pão enriquecido com soja da Allies Bakeries
(nt.: Padarias Unidas) da Inglaterra, é dirigida
a mulheres na menopausa que buscam alívio para seus calorões. As vendas
pularam para um quarto de milhão de pães por semana. [8] A indústria da soja contratou a Norman Robert Associaties,
uma firma de relações públicas, para “introduzir mais produtos de soja
nas merendas escolares”. [9] O USDA (nt.: Ministério
da Agricultura dos EUA) respondeu com uma proposta de desprezar o
limite de 30% de soja nas merendas escolares. O programa NuMenu
pretende empregar ilimitadamente soja no alimento dos alunos. Com a soja
adicionada a hamburgers, “tacos”, lasanhas e dietéticos, poderão
chegar no conteúdo total de gorduras abaixo de 30 por cento de calorias,
desse modo compatível aos ditames governamentais. “Com o enriquecimento
de soja nos itens alimentares, os estudantes recebem melhores porções
de nutrientes e menos colesterol e gordura”. O leite de soja atingiu os maiores ganhos, elevando-se
de 2 milhões de dólares em 1980 para 300 milhões, nos Estados Unidos,
no último ano (nt.: 1998) [10] Avanços recentes em
processamento, transformaram a bebida asiática cinza, diluída, amarga
e com gosto de feijão num produto que o consumidor ocidental aceitará
– que tenha gosto de milkshake, mas sem culpas. Processamento miraculoso, belas embalagens, propaganda
massiva e estratégias de marketing que salientem os possíveis benefícios
de saúde do produto contam para incrementar vendas em todos os grupos
etários. Por exemplo, relatos de que a soja auxilia na prevenção do câncer
de próstata fizeram o leite de soja aceitável para homens na meia idade.
“Tu não precisas sacudir os braços de um homem entre 55 e 60 anos para
levá-lo a provar o leite de soja”, diz Mark Messina. Michael Milken, um
personagem conhecido no mundo das finanças, auxiliou a indústria a mudar
sua imagem de hippie com os esforços bem direcionados da propaganda
quando dizia consumir 40 gramas de proteína de soja diariamente. Agora
está tudo OK para os operadores da bolsa de valores consumirem soja. Hoje a América, amanhã,
o mundo. As vendas do leite de soja cresceram no Canadá, apesar de lá
seu custo ser duas vezes maior do que o leite de vaca. Indústrias de processamento
do leite da soja estão surgindo em lugares como o Quênia.[11] Mesmo a
China, onde a soja é realmente um alimento típico da pobreza e a população
está querendo mais carne e não tofú, optou por construir fábricas de soja
no estilo ocidental apesar de estar desenvolvendo pastagens, tipo ocidental,
para alimentar animais.[12]
A soja não serviu como alimento até a descoberta das
técnicas de fermentação, em algum tempo na Dinastia Chou. Os primeiros
alimentos de soja foram produtos fermentados como tempeh, natto,
miso e shoyo. Tempos depois, provavelmente no segundo século
AC, os cientistas chineses descobriram que o purê de soja cozida poderia
ser precipitado com sulfato de cálcio ou sulfato de magnésio (gesso ou
sais de Epsom) para fazer uma pálida e suave coalhada – tofu ou
coalhada de feijão. A utilização de produtos de soja fermentados ou preparados,
logo se espalharam por outras regiões do Oriente, notadamente Japão e
Indonésia. Os chineses não comem
soja não fermentada, como fazem com outras leguminosas como a lentilha,
porque ela soja contém grandes quantidades de toxinas naturais ou “antinutrientes”.
Primeiro, entre eles estão potentes enzimas que bloqueiam a ação da tripsina
e outras enzimas, necessárias para a digestão protéica. Estes inibidores
são proteínas grandes e firmemente dobradas que não são desativadas completamente
durante um cozimento comum. Podem causar sérios distúrbios gástricos,
reduzindo a digestão protéica e gerando deficiência crônica na absorção
de aminoácidos. Em testes com animais, dietas ricas em inibidores de tripsina
causam aumento e condições patológicas do pâncreas, incluindo câncer.
[14] A soja contém também hemaglutina, substância que promove
a coagulação levando os glóbulos vermelhos do sangue a se aglutinarem. Inibidores da tripsina e as hemaglutinas são inibidores
do crescimento. Ratos desmamados, alimentados com soja que continha estes
antinutrientes, falharam em seu crescimento normal. Já os componentes
que deprimem o crescimento são desativados durante o processo de fermentação.
Só quando os chineses descobriram como fermentar a soja foi que começaram
a incorporar alimentos feitos com ela, em suas dietas. Em produtos precipitados,
os inibidores enzimáticos concentram-se mais no líquido do que na massa
do coalho. Assim, tanto no tofú como na massa do coalho, os depressores
de crescimento são reduzidos em quantidade, mas não completamente eliminados. A soja também contém agentes goitrogênicos – substâncias
que deprimem a função da tireóide. Tem também altos teores de ácido fítico, presente no
farelo ou na casca de todas as sementes. É uma substância que pode bloquear
a absorção de minerais – cálcio, magnésio, cobre, ferro e, especialmente,
o zinco – no trato intestinal. Apesar de não ser um termo familiar, o
ácido tem sido extensivamente estudado. Existem literalmente centenas
de artigos sobre os efeitos do ácido fítico na bibliografia científica
disponível. Os cientistas em geral concordam que dietas baseadas em grãos
e leguminosas com altos teores de ácido fítico contribuem para amplas
deficiências de minerais nos países do terceiro mundo. [15] Análises demonstram
que cálcio, magnésio, ferro e zinco estão presentes nos alimentos vegetais
comidos nestas áreas, mas o alto conteúdo de fitatos nas dietas baseadas
em soja e grãos impede que sejam absorvidos. A soja tem
um dos mais altos níveis de fitatos de todos os grãos ou leguminosas que
já foram estudados, [16] sendo altamente resistentes às técnicas normais
de sua redução, tais como a lenta e prolongada cocção. [17] Somente longos
períodos de fermentação reduzirão significativamente o conteúdo de fitatos
das sojas. Quando produtos de soja precipitados tipo tofú são consumidos
com carne, os efeitos bloqueadores de minerais dos fitatos são reduzidos.
Os japoneses tradicionalmente comem pequenas quantidades de tofú ou miso
como parte de uma sopa de peixe rica em minerais, seguida de uma porção
de carne ou peixe. Os vegetarianos que consomem tofú ou coalhada do grão
com um substituto para a carne ou produtos lácteos corre o risco de severa
deficiência mineral. Os resultados da deficiência de cálcio, magnésio
e ferro são bem conhecidos, já os de zinco menos.
O zinco é chamado mineral da inteligência porque ele
é necessário para o ótimo desenvolvimento e funcionamento do cérebro e
do sistema nervoso. Desempenha papel na síntese das proteínas e na formação
do colágeno. Está envolvido no mecanismo do controle do açúcar no sangue
e assim protege contra a diabete. Também é necessário para um sistema
reprodutivo saudável. O zinco é um componente chave em numerosas enzimas
vitais e desempenha um papel no sistema imunológico. Os fitatos encontrados
nos produtos de soja interferem com a absorção de zinco mais intensamente
do que com outros minerais. [19] A deficiência de zinco pode causar uma
sensação de “desligamento” que alguns vegetarianos podem confundir com
uma “alta” iluminação espiritual. O consumo de leite é tido como uma das razões porque
a segunda geração de japoneses nascidos na América teve maior altura do
que seus antepassados no Japão. Alguns investigadores postulam que a quantidade
reduzida de fitatos na dieta americana – quaisquer que sejam suas outras
deficiências – é a verdadeira explicação, evidenciando que ambas as crianças,
asiáticas e ocidentais, que não tiveram acesso suficiente a carnes, peixes
e seus derivados para se contrapor aos efeitos da dieta com altas doses
de fitatos, freqüentemente sofrem de raquitismo, retardos e outros problemas
de crescimento. [20]
A proteína de soja não
é algo que possamos fazer em nossa própria cozinha. A produção tem lugar
nos complexos industriais onde uma pasta fluida de soja é mistura com
uma solução alcalina para remover sua fibra. É então precipitada e separada
utilizando um banho ácido e finalmente neutralizada numa solução alcalina.
O banho ácido em tanques de alumínio libera altos níveis deste metal para
o produto final. Os coalhos resultantes são borrifados para serem secados
sob altas temperaturas para a produção de um pó rico em proteína. O insulto
derradeiro à soja original é o processo de extrusão da proteína isolada
da soja, sob altas temperatura e pressão, para produzir proteína texturizada
vegetal (nt.: textured vegetable protein – TVP). A maioria do conteúdo
dos inibidores da tripsina pode ser removida através do processo de alta
temperatura, mas não a sua totalidade. A quantidade destes inibidores
na proteína isolada de soja pode variar em até cinco vezes.[21] (Em ratos,
mesmo alimentados com baixos níveis de inibidores da tripsina, ainda reduz
os ganhos de peso quando comparados com os da população controle.[22])
Paralelamente, o processo de altas temperaturas apresenta um efeito colateral
indesejável, o de desnaturar outras proteínas da soja, tornando-as totalmente
ineficazes.[23] É por isto que animais alimentados com soja necessitam
uma suplementação de lisina para seu crescimento ser normal. Os nitritos, potentes
carcinogênicos, são formados durante o processo de secagem por borrifação
e uma toxina chamada lisinoalanina é formada durante o processamento alcalino.[24]
Numerosos flavorizantes artificiais, particularmente o MSG, são
adicionados tanto à proteína isolada de soja como à proteína texturizada
vegetal para mascarar seu gosto “a feijão” e dando-lhes um sabor de carne.[25] Em experimentos com alimento,
o uso da SPI aumenta as exigências por vitaminas D, E, K e B12 e gera sintomas
de deficiência de cálcio, magnésio, manganês, molibdênio, cobre, ferro
e zinco.[26] O ácido fítico remanescente nestes produtos derivados da
soja, inibe grandemente a absorção do zinco e do ferro. Testes em animais
alimentados com SPI desenvolvem aumento de órgãos, particularmente
do pâncreas e da glândula tireóide, e depósitos aumentados de ácidos graxos
no fígado.[27] Tanto a proteína isolada
como a proteína texturizada vegetal ainda são largamente utilizadas nos
programas de merenda escolar, na panificação comercial, nas bebidas dietéticas
e nos produtos do fast food. São intensamente promovidos como alimentos
nos países do terceiro mundo e formam a base de muitos programas de doação
de alimentos. Apesar dos pobres resultados das experimentações como
alimento em animais, a indústria da soja financiou uma série de estudos
destinados a demonstrar que os produtos da proteína de soja podem ser
utilizados em dietas humanas como um substituto aos cardápios tradicionais.
Um exemplo é o Nutritional Quality of Soy Bean Protein Isolates: Studies
in Children of Preschool Age (Qualidade Nutricional da Proteína Isolada
da Soja: Estudos em Crianças de Idade Pré-escolar), patrocinado pela Ralston
Purina Company (nt.: multinacional de rações conhecida
entre nós pelo nome de Purina).[28] Um grupo de crianças da América
Central que sofria de subnutrição foi primeiramente estabilizado e levado
a uma melhor saúde ao ser nutrido com alimentos nativos, incluindo carne
e produtos lácteos. Então, por um período de duas semanas, estes cardápios
tradicionais foram substituídos por uma bebida feita com proteína de soja
isolada e açúcar. Todo o nitrogênio, ingerido e excretado, foi medido
num verdadeiro estilo Orwelliano (nt: lembrando,
provavelmente George Orwell, autor do livro “1984”). Cada manhã as
crianças nuas foram pesadas e todo excremento e vômito foi coletado para
análise. Os pesquisadores detectaram que as crianças retiveram nitrogênio
e que seus crescimentos foram “adequados”. Assim, o experimento foi declarado
um sucesso. Se as crianças estão
atualmente saudáveis sob tal dieta ou podem permanecer assim por um longo
período, isto é outra história. Os pesquisadores detectaram: que as crianças
vomitavam “ocasionalmente”, usualmente depois de terminada a refeição;
que mais da metade sofreu por períodos de diarréia moderada; que alguns
tiveram infecções nas vias respiratórias superiores; e, que outras sofreram
de erupções na pele e febre. Pode-se perceber que
os pesquisadores não ousaram utilizar produtos de soja para auxiliarem
as crianças a reverterem sua subnutrição, sendo obrigados a suplementar
esta bebida de soja e açúcar, com nutrientes largamente ausentes em produtos
de soja – notadamente vitaminas A, D e B12, ferro, iodo e zinco.
“O caminho para a aprovação
pelo FDA (nt.: US Food and Drugs Administration
– Administração de Alimentos e Fármacos dos EUA)”, escreve uma apologista
da soja, “foi longo e exigente, constituindo-se numa detalhada revisão
dos dados clínicos humanos, coletados em mais de 40 estudos científicos
conduzidos por mais de 20 anos. Achou-se que a proteína da soja seria
um dos raros alimentos que apresentam suficiente evidência científica
não só para qualificar o propósito do parecer da FDA, mas para
ultrapassar finalmente o rigoroso processo de aprovação.”[29] O “longo e exigente”
caminho para a aprovação pela FDA levou a alguns desvios inesperados.
A petição original, submetida pela Protein Technology International-
PTI, requeria um parecer em termos de saúde sobre as isoflavonas,
compostos tipo hormônio feminino estrogênio encontrado em abundância na
soja, baseado em afirmativas de que “somente a proteína da soja que foi
processada de maneira na qual as isoflavonas ficassem retidas, poderá
resultar no abaixamento dos teores de colesterol”. Em 1998, a FDA
fez um movimento nunca visto para reescrever a petição da PTI,
removendo quaisquer referência a fitohormônios (ou fitoestrogênios) e
substituindo o parecer para proteína de soja. Um movimento completamente
contrário às regulamentações do órgão federal. A FDA está autorizada
a emitir pareceres somente sobre as substâncias apresentadas pela petição. A mudança abrupta de
direção foi, sem dúvida, devido ao fato de que um número de pesquisadores,
incluindo cientistas vinculados ao governo dos EUA, encaminhou documentos
indicando que as isoflavonas são tóxicas. A FDA também recebeu,
no início de 1998, o relatório final do governo britânico sobre fitoestrogênios
que malogrou na busca de evidências benéficas e adverte em relação à potencialidade
de efeitos adversos. [30] Mesmo com a troca para
a proteína isolada de soja, os burocratas da FDA, engajados num
“rigoroso processo de aprovação”, foram forçados a conduzir-se sub-repticiamente
em relação às preocupações quanto aos efeitos dos bloqueadores de minerais,
dos inibidores enzimáticos, da goitrogenicidade, da disfunção endócrina,
dos problemas reprodutivos e do aumento de reações alérgicas pelo consumo
de produtos de soja. [31] Uma das mais fortes contestações,
veio dos Drs. Dan Sheehan e Daniel Doerge, pesquisadores públicos ligados
ao National Center for Toxicological Research (nt.:
Centro Nacional de Pesquisa Toxicológica).[32] Seus apelos por rótulos
de advertência foram rejeitados como injustificados. “Evidência científica
suficiente” quanto às propriedades da soja como redutora dos níveis de
colesterol, foi extensamente moldada pela meta-análise, feita em 1995,
pelo Dr. James Anderson e financiada pela Protein Technologies International
e publicada no New England Journal of Medicine.[33] Meta-análise é uma revisão
e um resumo dos resultados de muitos estudos clínicos sobre algum tema
específico. O emprego da meta-análise para delinear conclusões gerais,
é encarado com grande ceticismo por membros da comunidade científica.
“Pesquisadores substituindo experimentos mais rigorosos por meta-análises
arriscam-se a fazer suposições equivocadas e ceder a considerações criativas,”
disse Sir John Scott, presidente da Royal Society of New Zealand.[33] Há uma tentação que paira
sobre os pesquisadores, particularmente aqueles que são financiados por
companhias como a Protein Technologies International, em ignorar
estudos que possam frustrar suas desejadas conclusões. O Dr. Anderson
rejeitou oito estudos por várias razões, ficando com um saldo de vinte
e nove. O relatório publicado sugere que indivíduos com níveis de colesterol
acima de 250 mg/dl podem experimentar uma redução “significativa” de 7
a 20% em seus níveis de colesterol se substituírem a proteína animal pela
proteína de soja. A redução de colesterol será insignificante para indivíduos
cujo colesterol está mais baixo do que 250 mg/dl. Em outras palavras, para
a maioria de nós, desistir da carne e, ao invés disso, alimentar-se com
carne de soja não representará redução nos níveis de colesterol no sangue.
O parecer sobre saúde que a FDA aprovou “depois de detalhada revisão
dos dados clínicos humanos”, não informa ao consumidor estes importantes
detalhes. Pesquisa que conecta
soja a efeitos positivos sobre os níveis de colesterol é “incrivelmente
imatura”,afirma Ronald M. Krauss, MD, coordenador do Molecular Medical
Research Program (nt.: Programa de Pesquisa Médica
Molecular) e do Lawrence Berkeley National Laboratory (nt.:
Laboratório Nacional Lawrence Berkeley). [35] Ele poderia ter acrescentado
que estudos nos quais os níveis de colesterol foram rebaixados através
de dieta e medicamentos resultaram consistentemente em um maior número
de mortes nos grupos sob tratamento quando comparados com os controles
– mortes por derrame cerebral, câncer, distúrbios intestinais, acidentes
e suicídios.[36] Medidas para a redução do colesterol nos EUA, abasteceram
a indústria do controle do colesterol com 60 bilhões de dólares por ano.
Entretanto não protegeram dos estragos das doenças cardíacas.
“Além de proteger o coração”,
afirma um material de propaganda de uma companhia de vitaminas, “a soja
tem demonstrado benefícios poderosos como anticancerígeno ... os japoneses
que consomem 30 vezes mais soja do que os norte-americanos, têm baixas
incidências de câncer de mama, útero e próstata.”[37] Sem dúvida, isto é verdade.
Mas os japoneses, e os asiáticos em geral, têm índices muito maiores de
outros tipos de cânceres, particularmente câncer de esôfago, estômago,
pâncreas e fígado.[38] Asiáticos em toda parte do mundo têm também altos
níveis de cânceres da tireóide.[39] A lógica que conecta baixos índices
de cânceres do sistema reprodutivo em relação ao consumo de soja relaciona-se
ao privilégio de altos índices de cânceres da tireóide e do aparelho digestivo
a estes mesmos alimentos, particularmente porque a soja causa este mesmo
tipo de cânceres em ratos de laboratório.
Na verdade, quanto de
soja consomem os asiáticos ? Um levantamento, feito em 1998, detectou
que a média diária do consumo de proteína de soja no Japão estava em torno
de oito gramas para homens e sete para mulheres – menos do que duas colheres
de chá. [40] O famoso Cornell China Study, conduzido por Colin
T. Campbell, detectou que o consumo de leguminosas variava, na China,
entre zero e 58 gramas por dia, com a média em torno de 12 gramas. [41]
Assumindo de que 2/3 do consumo de leguminosas é de soja, então o
consumo máximo está entre 40 gramas. Ou seja, menos do que três colheres
de sopa por dia, com uma média de consumo girando em nove gramas, ou menos
do que duas colheres de chá. Um levantamento conduzido nos anos trinta
encontrou que os alimentos de soja somavam somente 1,5% das calorias na
dieta dos chineses, comparados com os 65% que provinham de origem suína.[42]
(Os asiáticos cozinham, tradicionalmente, com banha e não gordura vegetal
!). Os produtos fermentados
de soja tradicionalmente resultam num delicioso e natural tempero que
pode suprir importantes fatores nutricionais na dieta dos asiáticos. Mas,
exceto em épocas de fome, os asiáticos consomem produtos de soja em pequenas
quantidades, como condimento e não como substituto para o alimento de
origem animal – com uma única exceção. Os monges celibatários que vivem
em monastérios e levam um estilo de vida vegetariano, encontram nos alimentos
de soja uma grande oportunidade de lhes reduzir a libido. Foi a meta-análise feita,
em 1994, por Mark Messina e publicada em Nutrition and Cancer,
que alimentou as especulações sobre as propriedades anticarcinogênicas
da soja.[43] Messina observou que 26 trabalhos feitos com animais, 65%
reportavam efeitos protetores da soja. Convenientemente, negligenciou
a inclusão de pelo menos um estudo no qual a nutrição feita com soja causava
câncer de pâncreas – estudo de 1985, feito por Rackis.[44] Em estudos
humanos por ele compilados, os resultados foram variados. Poucos mostravam
efeitos protetores. No entanto, a maioria demonstrava não haver nenhuma
correlação entre o consumo de soja e os níveis de câncer. Ele concluiu
que “os dados nesta revisão não podem ser utilizados para se afirmar que
o consumo de soja diminui os riscos de câncer”. No entanto em seu livro,
The Simple Soybean and Your Health (nt.:“A humilde
soja e sua saúde”), Messina faz a mesma sugestão ao recomendar uma
xícara ou 230 gramas de produtos de soja por dia em sua “ótima” dieta
como uma forma de prevenção ao câncer. Milhares de mulheres
estão agora consumindo soja na crença de que estão protegidas contra o
câncer de mama. No entanto, em 1996, pesquisadores detectaram mulheres
que, consumindo proteína isolada de soja, tinham incidência aumentada
de hiperplasia epitelial, uma condição que antecede a maliginidade.[45]
Um ano depois, numa dieta com genisteína percebeu-se que estimula células
de mama a entrarem no círculo celular – uma descoberta que levou os autores
do estudo a concluírem que mulheres não devem consumir produtos de soja
como prevenção ao câncer de mama.[46]
Em 1991, Richard Valerie
James, criador de pássaros em Whangerai, Nova Zelândia, adquire uma nova
fórmula de ração para seus pássaros – baseada especificamente na proteína
de soja.[47] Quando esta ração baseada na soja foi utilizada, seus pássaros
“coloriram-se” em alguns meses logo após o nascimento. De fato, um dos
fabricantes da ração para pássaros declarou que este desenvolvimento precoce
era uma vantagem atribuída a este alimento. Uma propaganda de 1992, da
fórmula do alimento Roudybush, mostrava uma foto de um macho Crimson
rosella, um papagaio australiano que adquire sua bela plumagem vermelha
entre o décimo oitavo e vigésimo quarto mês, já brilhantemente colorido
na décima primeira semana. Infelizmente, nos anos
seguintes, houve uma decrescente fertilidade dos pássaros, a ocorrência
de maturidade precoce, de filhotes deformados, raquíticos e mesmo natimortos,
com mortes prematuras, especialmente entre as fêmeas, com tal situação
nos criatórios que a população total entra em completo declínio. Os pássaros
sofrem deformidades nos bicos, nos ossos e nos papos. Apresentam desordens
patológicas e no sistema imunológico com comportamento agressivo. As autópsias
revelaram os órgãos digestivos em estado de desintegração. A lista de
problemas correspondeu a muitos dos problemas que a família James detectou
em seus dois filhos que haviam sido alimentados com uma fórmula infantil
baseada na soja. Alarmados, horrorizados
e indignados os James contrataram o toxicologista Mark Fitzpatrick, PhD,
para investigar se em sua revisão bibliográfica encontraria algo relacionando
o consumo de soja com numerosas desordens orgânicas, incluindo infertilidade,
aumento de cânceres e leucemia infantil. Estudos feitos nos anos cinqüenta
[48] mostram que a presença de genisteína na soja causava disfunção endócrina
em animais. O Dr. Fitzpatrick também analisou a ração dos pássaros e detectou
que continha altos níveis de fitoestrogênios, especialmente genisteína.
Quando os James interromperam o emprego da ração baseada na soja, o bando
de pássaros retornou gradualmente a seus hábitos normais de convivência
e de comportamento. Os James empreenderam
uma verdadeira cruzada particular no sentido de informar o público e os
organismos governamentais sobre as toxinas presentes nos alimentos feitos
com soja, particularmente as isoflavonas, as genisteínas e diadzeínas,
que geram disfunções endócrinas. A Protein Technology International
recebeu este material em 1994. Em 1991, os pesquisadores
japoneses relataram que o consumo de uma dose tão pequena quanto 30 gramas
ou duas colheres de soja por dia por somente um mês, resultava num significante
aumento do hormônio estimulador da tireóide.[49] Alguns dos indivíduos
apresentaram bócio e hipotireoidismo e muitos sofreram constipação, fadiga
e letargia, mesmo nos que tinham dose adequada de iodo. Em 1997, pesquisadores
do National Center of Toxicological Research da FDA realizaram
a descoberta embaraçosa que os componentes que geram o bócio na soja são
exatamente as isoflavonas.[50] Vinte e cinco gramas
de proteína isolada de soja, a quantidade mínima que a PTI afirma
terem efeitos de redução do colesterol, contêm entre 50 e 70 mg de isoflavonas.
São necessárias somente 45 mg de isoflavonas para causar efeitos biológicos
significativos em mulher na fase pré-menstrual, incluindo a redução nos
hormônios necessários para o adequado funcionamento da tireóide. Estes
efeitos prolongam-se por três meses após o consumo da soja ter sido interrompido.[51] Cem gramas de proteína
de soja – a dose máxima sugerida para abaixamento do colesterol e quantidade
recomendada pela PTI – podem conter quase 600 mg de isoflavonas,
[52] uma quantidade que é, inegavelmente, tóxica. Em 1992, o serviço de
saúde da Suíça estimou que cem gramas de proteína de soja fornecem o equivalente
em estrogênios a uma pílula anticoncepcional.[53] Estudos in vitro
sugerem que a isoflavona inibe a síntese do estradiol (nt.:
dentre os estrogênios, é o hormônio feminino presente em maiores quantidades
nas fêmeas) e de outros hormônios esteróides.[54] Problemas reprodutivos,
infertilidade, doenças da tireóide e do fígado, devidos a ingestão de
isoflavonas, podem ser observados em inúmeras espécies animais incluindo
camundongos, chita, codornas, porcos, ratos, esturjões e ovelhas.[55] É a isoflavona da soja
que foi declarada que traria efeitos favoráveis em sintomas pós-menopausa,
incluindo os calorões e a proteção contra a osteoporose. A quantificação
sobre os desconfortos originários dos calorões é muito subjetiva. Muitos
estudos mostram que a redução destes desconfortos era igual entre os indivíduos
controle e os que consumiam soja.[56] A afirmativa de que a
soja previne a osteoporose é extraordinária, tendo em vista que o consumo
de alimentos à base de soja bloqueiam o cálcio e causam deficiência de
vitamina D. Se os asiáticos, de fato, têm níveis de osteoporose mais baixos
do que os ocidentais, é porque suas dietas fornecem abundância de vitamina
D do camarão, da banha e dos frutos do mar, além da abundância de cálcio
da sopa de ossos. A razão porque os ocidentais têm tais altos níveis de
osteoporose é porque substituíram a manteiga, tradicional fonte de vitamina
D e outros ativadores lipossolúveis necessários para a absorção do cálcio,
pelo óleo de soja.
Entretanto foi a presença
de isoflavonas nas fórmulas de alimento infantil que geraram nos James
maiores preocupações. Em 1998, investigadores relataram que a exposição
diária dos bebês à isoflavona, nos alimentos infantis, está entre seis
a onze vezes maior, em termos de peso do corpo, do que a dose que provoca
efeitos hormonais em adultos que consomem alimentos de soja. As concentrações
de isoflavonas circulando no organismo das crianças alimentadas com fórmulas
infantis a base de soja são de 13 a 20 mil maiores do que as concentrações
de estradiol nas crianças alimentadas com fórmulas que levam leite de
vaca.[57] Aproximadamente 25% das
crianças que utilizam mamadeiras nos EUA, recebem fórmulas à base de soja
– uma percentagem muito maior do que outras partes do mundo ocidental.
Fitzpatrick estimou que uma criança alimentada exclusivamente com fórmulas
à base de soja recebe o equivalente estrogênico (em base de peso do corpo)
de, pelos menos, cinco pílulas anticoncepcionais, por dia.[58] Em contrapartida,
quase não se detectou fitoestrogênios em fórmulas à base de produtos lácteos
ou leite humano, mesmo quando a mãe consome produtos de soja. Cientistas sabem há anos
que as fórmulas à base de soja podem causar problemas de tireóide em bebês.
Mas quais são os efeitos dos produtos de soja no desenvolvimento hormonal
das crianças, tanto meninos como meninas ? Os meninos são submetidos
a uma “onda de testosterona” durante os primeiríssimos meses de vida quando
os níveis de testosterona podem ser tão altos como os de um homem adulto.
Durante este período o menino está programando para expressar características
masculinas após a puberdade, não somente no desenvolvimento de seus órgãos
sexuais e outros traços físicos masculinos, mas também fixar, em suas
características cerebrais, padrões de comportamento masculino. Em macacos,
a deficiência de hormônios masculinos prejudica os desenvolvimento de
sua percepção espacial (que, em humanos, é normalmente mais acentuado
em homens do que em mulheres), da habilidade para aprendizagem e das tarefas
de discriminação visual (tais como as necessárias para ler).[59] Não é
necessário dizer que padrões futuros de orientação sexual podem também
ser influenciados pelo primeiro ambiente hormonal. Meninos expostos, durante
a gestação, a dietilestilbestrol (DES), um hormônio sintético que tem
efeitos sobre os animais similares àqueles dos fitoestrogênios da soja,
apresentam testículos menores do que o normal quando da maturação.[60]
Dificuldades de aprendizagem,
principalmente em meninos, atingiram proporções de uma epidemia. Alimentar
crianças com soja – que começou de forma mais séria no início dos anos
setenta – não pode ser ignorada como uma causa provável para este trágico
crescimento. Quanto às meninas, um
número alarmante está entrando na puberdade muito mais cedo do que o normal,
de acordo com um recente estudo publicado no periódico Pediatrics.[61]
Pesquisadores detectaram de que 1% de todas as meninas apresenta agora
sinais de puberdade tais como desenvolvimento de mamas ou pelos pubianos
antes dos três anos; em torno dos oito anos, 14,7% das meninas brancas
e quase 50% das meninas negras, norte-americanas, têm uma ou ambas características.
Novos dados indicam que
estrogênios ambientais como os PCBs (nt.: o químico sintético
chamado entre nós de Ascarel e que foi largamente utilizado em transformadores
elétricos) e o DDE (metabólito do agrotóxico DDT) podem causar desenvolvimento
sexual precoce entre meninas.[62] O Woman, Infants and Children
Program (nt.: O Programa da Mulher,dos Bebês
e das Crianças) que suplementa
alimentos infantis para o bem-estar das mães, enfatiza o uso de fórmulas
com soja para a comunidade negra porque ela supostamente teria alergia
ao leite. As conseqüências desta
infância truncada são trágicas. Jovens meninas com seus corpos já maduros
precisam lidar com sentimentos e desejos que a maioria das crianças não
está completamente preparada para manejar. E a maturação precoce em meninas
é, freqüentemente, um precursor de problemas que virão mais tarde na vida,
com o sistema reprodutivo, incluindo deficiências para menstruar, a infertilidade
e o câncer de mama. Pais que contataram com
os James, relataram outros problemas associados com crianças de ambos
os sexos que foram alimentados com alimentos à base de soja, incluindo
comportamento excessivamente emocional, asma, problemas no sistema imunológico,
insuficiência da glândula pituitária, desordens da tireóide e síndrome
de irritabilidade intestinal – o mesmo massacre endócrino e digestivo
que afligiu os papagaios dos James.
Divergências nas avaliações. Os organizadores do Third
International Soy Symposium (nt.: Terceiro Simpósio
Internacional da Soja) foram fortemente pressionados para considerar
a conferência um sucesso ilimitado. No segundo dia do Simpósio, a Food
Comission baseada em Londres e a Weston A.Price Foundation
de Washington, DC, deram uma entrevista coletiva conjunta, no mesmo hotel
do Simpósio, no sentido de apresentar preocupações a respeito das fórmulas
de alimentos infantis à base de soja. Representantes das indústrias permaneceram
impassíveis durante toda a explanação dos perigos potenciais e das argumentações
tanto dos cientistas preocupados como dos pais para que se retirasse do
mercado o produto infantil com fórmulas à base de soja. Sob a pressão
dos James, o governo da Nova Zelândia editou uma notificação em relação
à saúde quanto à fórmula infantil à base de soja em 1998. Já era tempo
do governo dos EUA fazer o mesmo. No último dia do Simpósio,
novas descobertas relacionadas à toxicidade causaram mais “arrepios” à
situação. O Dr. Lan White relatou trabalho feito com nipo-americanos,
residentes no Havaí, que mostravam uma relação estatisticamente significativa
com a ingestão de duas ou mais porções de tofú por semana e um “acelerado
envelhecimento do cérebro”.[64] Aqueles participantes que consumiam tofú
na meia idade tiveram as funções cognitivas diminuídas na idade avançada,
grande incidência da doença de Alzheimer e demência. “E tem mais”, diz
Dr.White, “aqueles que consumiram bastante tofú quanto tinham entre 75
e 80 anos, aparentavam cinco anos mais velhos.”[65] White e seus colegas
consideram os efeitos negativos das isoflavonas – uma descoberta que sustenta
um estudo mais antigo no qual mulheres na pós-menopausa com altos níveis
de estrogênio circulando em seus organismos experimentavam grande declínio
cognitivo.[66] Os cientistas Daniel Sheehan e Daniel Doerge, do National
Center for Toxicological Research, arruinaram o dia da Protein
Technology International – PTI. Fizeram uma apresentação das descobertas
de trabalhos de alimentação de ratos de laboratório, indicando que a genisteína,
presente em alimentos feitos com soja, causava danos irreversíveis às
enzimas que sintetizavam os hormônios da tireóide.[67] “A associação entre
o consumo de soja e o bócio em animais e humanos, tem uma longa história”,
escreveu o Dr. Doerge. “As evidências correntes quanto aos efeitos benéficos
da soja exige um total conhecimento também quanto ao potencial de seus
efeitos adversos.” O Dr.Claude Hughes relatou que ratos nascidos de mãe
alimentada com genisteína tiveram seus pesos reduzidos ao nascer quando
comparados com os ratos controle. Ao mesmo tempo, o início da puberdade
ocorreu muito mais cedo nos machos da prole.[68] Sua pesquisa sugere que
os efeitos observados em ratos “... toca pelo menos em algo que prediz
o que ocorre com os humanos. Não há razão para assumir que haverá malformações
grosseiras nos fetos, mas poderão ocorrer mudanças sutis como comportamentos
neurológicos alterados, efeitos no sistema imunológico e nos níveis de
hormônios sexuais.” Os resultados, diz ele, “podem não ser nada ou poderão
indicar alguma coisa de grande preocupação ... . Se a mãe estiver se alimentando
com algo que poderá agir como hormônio sexual, é lógico imaginar que isto
poderá alterar o desenvolvimento do bebê.”[69] Um estudo de bebês nascidos de mães vegetarianas, publicado
em janeiro de 2000, indicava objetivamente que poderiam ocorrer mudanças
no desenvolvimento dos bebês. Mães que consumiam uma dieta vegetariana
durante a gravidez apresentavam um risco cinco vezes maior de parir um
menino com hipospadia (nt.: “pequena espada”), um
defeito de nascimento em seu pênis [70] (nt.: o menino
nasce sem uretra ou com retrações variadas. Ver vídeo da BBC “Agressão
ao homem” ou ler o livro “O Futuro Roubado” de Theo Colborn e outros,
LPM, 1997). Os autores do trabalho sugerem que a causa
foi a enorme exposição a fitoestrogênios presentes nos alimentos de soja,
muito popular entre os vegetarianos. Os problemas da prole feminina de
mães vegetarianas são mais prováveis de aparecer mais tarde em suas vidas.
Enquanto os efeitos estrogênicos da soja são menores do que os do dietilestilbestrol
(DES), a dose é provavelmente bem maior em razão da soja ser consumida
como alimento e não tomada como um remédio. As filhas de mães que tomaram
DES durante a gravidez sofreram de infertilidade e cânceres quando chegaram
próximos aos vinte anos.
A literatura científica
antes de 1974 reconhecia a existência de muitos antinutrientes na proteína
de soja elaborada industrialmente, incluindo inibidores da tripsina, ácidos
fíticos e genisteína. Mas a revisão bibliográfica feita pela FDA
rejeita as discussões sobre os impactos adversos com a declaração de que
era importante haver um “processo adequado” para removê-los. A genisteína
pode ser removida com uma lavagem alcoólica, mas é um processo caro que
os processadores evitam. Estudos posteriores determinaram que o inibidor
da tripsina presente pode ser removido somente com longos períodos de
temperatura e alta pressão, mas a FDA não determinou esta exigência
para os fabricantes. A FDA estava mais
preocupada com as toxinas formadas durante o processo, especialmente os
nitritos e as lisinoalaninas.[72] Mesmo em baixos níveis de consumo –
neste tempo a média era de 1/3 de um grama por dia – a presença destes
carcinogênicos foi considerada uma grande ameaça à saúde pública para
autorizar o status de GRAS. A proteína da soja foi
aprovada para ser utilizada como aglutinante em caixas de papelão e esta
provação permitia continuar já que os pesquisadores consideram que a migração
de nitritos das caixas para os alimentos armazenados seria muito pequena
para constituir um risco de câncer. Os funcionários da FDA exigiram
especificações de segurança e procedimentos de monitoramento antes da
concessão do status de GRAS para alimentos. Isto nunca foi
cumprido. Até este dia, a utilização da proteína da soja esta codificada
como GRAS somente para o limitado emprego industrial de aglutinador
de caixas de papelão. Isto significa que a proteína de soja precisa
ser submetida à aprovação dos procedimentos pré-comerciais cada vez que
os fabricantes pretenderem utilizá-la como alimento ou agregá-la a ele.
Proteína de soja foi agregada nas fórmulas infantis no início dos anos
sessenta. Era um novo produto que não tinha nenhum tipo de histórico para
este emprego. Assim, como a proteína de soja não tem o status de
GRAS, a aprovação pré-comercial deve ser feita. Isto não existe
e até agora não houve esta permissão. Então o ngrediente chave das fórmulas
de alimentos infantis que contêm soja não é reconhecido como seguro.
O próximo asbesto (amianto) ? “Contrário a um vasto
cenário de exaltação ... há um borbulhar de dúvidas de que a soja – apesar
de seus benefícios incontestáveis – poderá trazer riscos em termos de
saúde,” escreve Marian Burros, redatora que trata de alimentação no New
York Times. Mais do que qualquer outra redatora, o endosso de Mrs.Burros
a uma dieta de pouca gordura e fortemente vegetariana, arrebanhou os norte
americanos para dentro dos corredores que vendiam alimentos de soja dos
supermercados. Ainda em seu artigo de 26/jan/2000, intitulado “Dúvidas
escurecem notícias cor-de-rosa sobre a soja”, traz a seguinte advertência
alarmante: “Nenhum dos dezoito cientistas entrevistados por esta coluna
quis afirmar de que se está livre de riscos ao se ingerir isoflavonas.”
Mrs.Burros não enumerou os riscos nem mencionou que a recomendação de
25 gramas diárias de proteína de soja contém isoflavona suficiente para
causar problemas em pessoas sensíveis. Entrementes, é lógico que a indústria
reconheceu a necessidade de se proteger. Porque a indústria está
extremamente exposta, advogados oportunistas logo descobrirão que o número
potencial de queixosos poderá ser contado em milhões e que os bolsos delas
são bastante profundos. Os jurados ouvirão alguma coisa parecida com o
seguinte: “A indústria sabia por anos que a soja contém muitas toxinas.
No início elas disseram ao público que estas toxinas foram removidas pelo
processo industrial. Quando se soube que o processo não podia se livrar
delas, elas declaram que estas substâncias eram benéficas. Concomitantemente
seu governo concedia recomendações sanitárias a uma substância que é um
veneno e a indústria, por sua vez, mentiu ao povo para vender mais soja.” A “indústria” aqui se
subentende: os comerciantes, os processadores, os cientistas, os publicitários,
os burocratas, os antigos operadores de fundos financeiros, os jornalistas
que tratam de alimentos, as companhias de vitaminas e os varejistas. Os
sojicultores provavelmente sairão ilesos porque foram logrados tanto quanto
todos nós. Mas eles precisam encontrar alguma coisa mais para plantar,
antes que a bolha da soja exploda e que o mercado entre em colapso. Poderá
ser: pastagem para os animais, hortaliças especiais... ou Cannabis
spp para a produção de celulose destinada ao papel das milhares e
milhares de ações judiciais que virão.
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presented at the November 1999 Soy Symposium in Washington, DC,
National Center for Toxicological Research, Jefferson, AR
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Pike, Bethesda, MD 20014, USA), Contract No, FDA 223-75-2004, 1979.
Sobre as autoras:
Sally Fallon é autora do livro Nourishing Traditions: The
Cookbook that Challenges Politically CorrectNutrition and the Diet Dictocrats
(1999, 2nd edition, New Trends Publishing)/“Tradições da utrição: livro
de receitas que desafia politicamente a nutrição correta e os ditadores
de dietas” e presidente da Weston A. Price Foundation, Washington,
DC (www.WestonAPrice.org). Mary G. Enig, PhD,
é a autora de Know Your Fats: The Complete Primer for Understanding
the Nutrition of Fats, Oils and Cholesterol (2000, Bethesda Press,
www.BethesdaPress.com),
é presidente da Maryland Nutritionists Association e vice presidente
da Weston A. Price Foundation, Washington, DC.
As autoras querem agradecer a Mike Fitzpatrick, PhD, e a Valerie
and Richard James por seu auxílio no preparo deste artigo. Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, com co-tradução de
Eduardo Rache da Motta Maio de 2004.
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