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ISIS Press Release 18/04/06
Uma versão completa (fully referenced version) deste artigo está disponível para os membros do website do ISIS. Detalhes aqui (here).
As mesmas proteínas implicadas em dois tipos diferentes de culturas transgênicas. Recentemente relatamos enfermidades e mortes entre os moradores de pequenas comunidades no sul de Mindanao nas Filipinas que há suspeitas de estarem conectadas ao cultivo do milho geneticamente modificado ‘Bt’ com a proteína inseticida da bactéria de solo Bacillus thuringiensis [1] (“GM ban long overdue, five deaths and dozens ill in the Philippines”, SiS 29). Desde então, enfermidades similares estão sendo relatadas no estado da Índia central, Madhya Pradesh, como resultado de exposições ao algodão ‘Bt’ geneticamente modificado com a mesma proteína (s) inseticida, ou similar. Madhya Pradesh é o quinto estado que mais planta algodão na Índia, sendo Malwa e Nimad as regiões algodoeiras mais importantes. As variedades de algodão BT plantadas foram desenvolvidas pela Monsanto, e levam a proteína inseticida Cry1Ac (Bollgard) ou ambas, a Cry1Ac e a Cry1Ab (Bollgard II), de acordo com artigo do website da indústria [2]. Os agricultores da região de Nimad no oeste de Madhya Pradesh começaram a se queixar dos perigos sobre a saúde depois que começaram a plantar o algodão Bt. Isto instigou a três membros que representavam um grupo de trabalho de uma coalização de organizações não governamentais a realizarem estudos preliminares em seis comunidades na região de Nimad entre outubro e dezembro de 2005.
A equipe entrevistou 23 trabalhadores rurais e de manufaturas que se sentiram doentes depois de terem manuseado o algodão Bt. Todos tiveram comichões na pele, vinte com erupções no corpo e treze com inchaço no rosto. Em alguns casos, a comichão estava tão intensa que tiveram que interromper o trabalho várias vezes, tomando medicamentos anti-alérgicos para que pudessem voltar às atividades. A pesquisa resultou num relatório que conclui [3]: “Toda a evidência reunida durante a investigação mostra que o Bt vem causando alergia de pele, do trato respiratório superior e nos olhos entre pessoas expostas ao algodão .... A alergia não está restrita aos trabalhadores rurais envolvidos na colheita, mas também naqueles que carregam e descarregam o produto dos vilarejos para o mercado bem como os que manuseiam ao pesá-lo e descaroçá-lo além dos que armazenam em suas casas e lidam com ele de outras formas.” O grupo de trabalho consistia do Dr. Ashish Gupta do Jan Swasthya Abhiyan (Movimento de Saúde Popular, Índia); Ashish Mandloi, um emérito graduado pela Faculdade de Barwani e que trabalho com o Narmada Bachao Anolan (Movimento Salve o Rio Narmada) e associado aos Movimentos Nacionais de Aliança dos Povos; e também Amulya Nidhi, ativista da saúde pública que trabalha tanto em Maharastra como em Madhya Pradesh e especializado em Desenvolvimento de Comunidades Urbanas e Rurais além de associado com Shilpi Trust e Jan Swasthya Abhiyan. (nt.: ver a página da Internet http://www.gmwatch.org/archive2.asp?arcid=6265). A pesquisa cobriu seis vilarejos nos distritos de Barwani e Dhar da região de Nimad em Madhya Pradesh, entrevistando vários grupos de pessoas envolvidas no manuseio do algodão – mulheres que fazem a colheita, trabalhadores que carregam e descarregam e operários das fábricas que descaroçam o algodão – além do médico local e um cientista agrícola.
O grupo detectou sintomas alérgicos em pessoas que têm contato direto com o algodão Bt com suas mãos, pés, rostos, olhos e narizes com aspectos de “doença muito severa.” A pelo era o local de alergia mais comum: comichões, vermelhidão, erupções e inchaço. De maneira constante, depois de 4-5 horas de exposição a maioria das pessoas reclamava de comichão no rosto e nas mãos. Logo a comichão aumentava e no final da jornada de trabalho, apresentavam vermelhidão nas mãos e na face além de inchaços no rosto. Depois de uma exposição continuada de um a dois dias, pequenas erupções poderiam aparecer na maioria das vezes no rosto. Os sintomas começavam a declinar depois de períodos que variavam de quatro a cinco dias até cinco a seis meses, quando descolorações negras poderiam aparecer sobre a pele. A população afetada não tinha história pregressa de alergias mesmo que estivessem envolvidos em colheita anterior de algodão. Aqueles que apresentaram sintomas mais severos na pelo tendiam também a terem alergias associadas aos olhos e trato respiratório. Irritação nos olhos, inchaço, comichões e olhos lacrimejantes afetou 11 de 23 indivíduos; 9 tiveram sintomas no sistema superior respiratório com coriza nasal e excesso de espirros. Três tiveram sintomas brandos enquanto 10 tiveram cada um sintomas que variou de severo a moderado respectivamente. Uma mulher teve que ser removida das áreas do plantio e levada para o Hospital Distrital de Barwani onde permaneceu por 9 dias. A fibra vegetal do algodão pareceu ser a causa da alergia. (No caso do milho Bt nas Filipinas, o pólen ficou como sendo o suspeito de ser o culpado principal). O dono da fábrica de descaroçamento Mr. Sunil Patidar disse que sintomas tipo comichão, vermelhidão e umidade dos olhos além de tosse foram detectados em trabalhadores em sua fábrica. A maioria dos trabalhadores tiveram problemas e no ano anterior já foi mais prevalente. Disse que era porque os trabalhadores não terminaram o descarregamento do caminhão que transportava de Maharastra. Os trabalhadores que trabalham em diferentes fábricas de descaroçamento dizem que a comichão em todo corpo era muito comum e somente quando eles ingeriam Tab.Avil (um medicamento anti-alérgico comum) diariamente tornava-os habilitados para o trabalho. Kalibai de Kothra disse que ela trabalhou por 20 anos colhendo algodão e nunca apresentou nenhum sintoma até 2004 quando ela sofreu uma forte alergia ao colher o algodão Bt. O dr.Ramesh de Saigaon, médico ayurvédico, atuava em Aawli, Tal Thikri no distrito Barwani. Disse que ele já recebeu em torno de 150 casos de alergia de dois vilarejos de Aawli e Saigaon em 2005. Em 2004 ele teve mais ou menos 100 casos. Prescreveu a injeção de Dexona e Levocentrigen para a pele e um anti-alérgico em gotas para os olhos. O grupo de trabalho demanda uma investigação, mas isto significa abandonar os ouvidos moucos.
As toxinas vêm da bactéria de solo Bacilllus thuringiensis (Bt), cepa comum da qual produz uma grande família de proteínas inseticídicas Cry cada um dirigindo-se a diferentes variações de insetos pestes. Cepas de Bt têm sido empregadas para ser aspergidas para controlar insetos pragas nos EUA por muitos anos antes dos cultivos transgênicos serem criados. Um estudo publicado em 1999 financiado pela US Environment Protection Agency/EPA (nt.: Agência Norte-americana de Proteção Ambiental) detectou que a exposição das pulverizações do Bt “podem desencadear sensibilização alérgica da pele e indução aos antibióticos IgE e IgG ou a ambos”. Trabalhadores agrícolas que colheram hortaliças que exigiram pulverização de Bt foram avaliados antes e depois da exposição à pulverização de Bt e um e quatro meses depois. Dois grupos de trabalhadores com baixa e média exposição não expostos diretamente à pulverização de Bt, mas trabalhando em diferentes distancias dos campos pulverizados foram também avaliados. Investigações incluíram questionários, lavagens nasais e bucais, avaliações de funções respiratórias e testes de pele. Para autenticar a exposição para o organismo presente na preparação comercial, bactérias foram isoladas de espécimes lavadas e testadas para os genes Bt pela hibridação DNA-DNA. Imunoglobulinas do sangue G e IgE que responderam aos extratos de esporos e vegetativos Bt foram experimentados. Testes positivos em puncturas na pele para vários extratos de esporos foram vistos principalmente em trabalhadores. Em particular, houve um aumento significativo no número de testes positivos de pele para extratos de esporos entre um e quatro meses depois da pulverização de Bt. O número de respostas aos testes de pele positivo em grupos de trabalhadores foram também significativamente grandes tanto em altas como em baixas e medias exposições. A maioria das culturas de lavagens nasais de trabalhadores expostos foi positiva dos organismos comerciais de Bt como demonstrado por provas de moléculas específicas genéticas. Antibióticos IgE específicos estavam presentes na maior parte dos trabalhadores de grupos de altas exposições do que de grupos de baixa e média exposição. Antibióticos IgG específicos também ocorrem mais freqüentemente em grupo de alta do que de baixa exposição. Numa pesquisa de saúde pública anterior com um grande número de pessoas expostas a um programa de pulverização mássica de agrotóxico Bt, alguns dos sintomas relatados incluía brotoeja e inchaço profundo. Um trabalhador desenvolve inflamação na pele, comichões e pele ruborizada com vermelhidão dos olhos. O Bt foi cultivado dos olhos vermelhos.
Alergenicidade é uma preocupação particular em razão de aproximadamente 75% dos casos de asma serem desencadeados por alergênicos e doenças e mortes foram disparadas em anos recentes. Mortes por asma triplicaram nos EUA de 1.674 em 1977 para 5.438 em 1998. Os custos da asma dobraram de 6,2 bilhões de libras esterlinas em 1990 para 12,7 bilhões em 2000. Os cultivos Bt foram pela primeira vez introduzidos nos EUA, em 1996, e teve uma rápida expansão em área desde então, com pequeno ou nenhuma pesquisa anterior quanto à toxicidade ou alergenicidade das proteínas Cry liberadas em maiores e maiores quantidades no ambiente. Estudos limitados executados por grupos de pesquisa em Cuba demonstraram que a Cry1Ac é um poderoso antígeno e quando dado como alimento a camundongos, induz a respostas antibióticas similares aqueles obtidos com a toxina da cólera. Além disso, a Cry1ac conecta-se ativamente à superfície interna do intestino delgado do camundongo, especialmente às membranas do bordo em escova nas células que cobrem o intestino delgado [11]. Isto também demonstrou que todas as proteínas Cry nos cultivos Bt têm seqüência de aminoácidos com similaridades ao conhecidos alergênicos [12-14], e que são portanto alergênicos potenciais.
Por enquanto, a indústria biotecnológica tem agido agressivamente na promoção dos cultivos GM em todo o mundo, especialmente aqueles com os bio-agrotóxicos Bt e em países em desenvolvimento como Índia e as Filipinas. A última pesquisa executada pelo grupo ISAA financiada pela indústria clama que a área dada para os cultivos GM cresceu de 81 milhões de há em 2004 para 90 milhões em 2005 [15]. Os cultivos Bt agora compreendem 29% do total (18% de Bt e 11% misturam Bt e tolerante a herbicida). Os regulamentadores públicos continuam a aprovar cultivos de Bt apesar do fato de que sucessivas pesquisas realizadas tanto por cientistas como por organizações não governamentais demonstrarem que estes cultivos falharam ao compararem seu desempenho com as variedades locais e os fazendeiros que se deixaram envolver pela agressiva propaganda que findou em débito e pior, em suicídio, até o ponto que uma “crise agrária” fosse declarada em Maharastra. Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, outubro de 2007. |