Divulgação Técnica – Informativo Manah
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
A
partir de 1987 as principais nações de todo o mundo passaram a atuar conjunta
e oficialmente com relação às matérias de natureza ambiental e ecológica.
Naquele ano houve importante reunião de cúpula
em Estocolmo, da qual resultou o Relatório Bruntland, equivalente aos
anais desse certame.
Em 1992 nova cimeira realizou-se no Rio de Janeiro,
com o comparecimento de soberanos, primeiros ministros, presidentes e
muitos outros notáveis, que assumiram compromissos importantes com relação
à proteção da atmosfera terrestre, recomendando reduzir as emissões de
CO2, bem como de poluentes que pudessem prejudicar a camada
protetora de ozônio.
Em 1997 reuniram-se novamente os representantes
desses países no Rio de Janeiro, na cimeira chamada de RIO+5, durante
a qual foram amplamente distribuídos folhetos exaltando a sustentabilidade
da agricultura no Brasil, através da tecnologia do plantio direto (no
till em inglês).
Nesse meio tempo há que se registrar a reunião
técnica de Kyoto, em que se aventou a possibilidade do pagamento pelo
direito a emissão de CO2 em favor dos países que conseguirem
reduzir essa causa ou mesmo contribuírem para o seqüestro do carbono,
seja do CO2, obtido pelo crescimento de florestas ou pelo aumento
do teor de humus no solo, equivalente a matéria orgânica estabilizada.
O relatório Bruntland, de 1987, definiu o desenvolvimento
sustentável como sendo:
"aquele que satisfaz as necessidades do presente,
sem prejudicar a capacidade das gerações futuras virem a satisfazer suas
necessidades."
Esse conceito vem se estendendo a todas as atividades
produtivas, inclusive a agropecuária, cabendo a este segmento as seguintes
definições:
"a agricultura é a arte de alterar os ecossistemas
em benefício do homem, para produzir alimentos, fibras e combustíveis
de maneira sustentável, eficiente e econômica. " e
"agricultura sustentável é aquela que persiste
para o futuro, mantendo-se econômica e eficiente, com melhoria do meio
ambiente."
Ao esclarecer o que vinha sendo feito no Brasil,
o folheto distribuído em 1997 na RIO+5, assim definiu o Plantio Direto
– PD:
"é uma tecnologia agrícola sustentável que
repete o ciclo sustentado da natureza, ao manter o solo imperturbado e
recoberto por resíduos vegetais."
O sistema de plantio direto que já se estende
a 12 milhões de ha no Brasil, seja 32% da área plantada anualmente em
grãos, alcançando a 60% da cultura de soja, é uma verdadeira revolução
da agricultura tropical, viabilizada pela invenção e aperfeiçoamento do
controle químico das ervas daninhas (inços). É uma vitória da agroquímica
que veio a proporcionar as seguintes vantagens, dentre outras:
1.
"protege, recupera e melhora o solo, preservando o ambiente
ao manter as águas limpas e o ar livre das nuvens de poeira;" |
2.
"facilita a semeação aumentando sua rapidez e assim evitando
o plantio tardio fora da melhor época;" |
3.
"favorece o contínuo acumulo de humus e conseqüente
seqüestro do carbono, além da produção de compostos húmicos que
neutralizam (tamponam) a toxides do alumínio;" |
4.
"reduz as ervas daninhas (inços) pelo efeito alelopático
da safrinha ou da cultura para resíduos;" |
5.
"promove a proliferação dos fungos associados às raízes (micorriza)
que elevam o aproveitamento dos nutrientes pela maior superfície
de contato;" e |
6.
"adapta-se a um sistema de reciclagem de nutrientes pela
decomposição dos resíduos, com liberação gradual do Nitrogênio,
aumentando assim a resistência das plantas cultivadas ao ataque
das pragas e moléstias;" |
Assim o PD, ao assegurar a sustentabilidade, apresenta
ao mesmo tempo vantagens econômicas de redução do custo e acréscimo da
produtividade.
Trata-se de uma tecnologia de ponta que revela
o alto nível do estado da arte da agricultura tropical praticada no Brasil.
Essa conclusão pode vir a ter um significado comercial
relevante quando o consumidor de produtos tropicais passar a exigir que
os países produtores mantenham sustentabilidade adequada, e adotem práticas
de proteção ambiental além de contribuírem para o seqüestro de carbono,
exigências que a tecnologia do plantio direto pode atender.
Texto de Fernando Penteado Cardoso, empresário muito conhecido e respeitado
no Brasil na área do agronegócio. Até 2000 era sua a empresa de criação
de gado e fábrica de adubo sintético Manah, vendendo o controle acionário
que mantinha desde 1947, para a transnacional Bunge. A partir de 2001,
com sua família cria a Fundação Agrisus (agricultura sustentável). Recebe,
aos 91 anos, das mãos do ministro Roberto Rodrigues o prêmio Personalidade
do Agronegócio de 2005, concedido pela Associação Brasileira de Agribusiness.
Os administradores do site fizeram questão de identificar
o autor com sua trajetória de vida para que se possa reconhecer a conexão
entre o conteúdo do texto do profº suíço,
Mathias Finger, ao escrever, em 1996, sobre CORPORAÇÕES TRANSNACIONAIS E O AMBIENTE GLOBAL, presente neste site no item
GLOBALIZAÇÃO, e o discurso que prega a ideologia do desenvolvimento
sustentável e todas as suas derivações como aqui com a agricultura.
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