CONNECTIONS    Extra  

WOMEN’S  NETWORK  ON  HEALTH  &  THE  ENVIRONMENT

Issue 14 – supplement        ACTION FOR PREVENTION      Fall  1999

   

O ESTROGÊNIO ATRAVÉS DO CICLO DA VIDA

Função e disfunção endócrinas  

Charlene  Day  e  Miriam  Hawkins

Rede da Mulher – Saúde e Ambiente

Outono de 1999 (2º semestre/99).

                Enquanto a história dos hormônios vai se complexando, cada vez é mais importante conhecê-la. As últimas décadas tornaram-se tão perigosas para nosso delicado sistema endócrino de tal forma que muitos médicos ainda não conseguem perceber. Novas substâncias químicas que geram disfunções hormonais presentes em nosso alimento, no baú de remédios e ao ambiente representam uma ameaça devastadora tanto para os seres humanos como para a vida selvagem. Barradas pela desinformação, pelas lendas e pela propaganda, não é de se admirar que a maioria de nós estejamos completamente confusas sobre nossa saúde pessoal e de nosso ambiente. No entanto como cidadãs informadas, podemos assumir cada vez maiores responsabilidades por nossa saúde e de nossas comunidades.

            Este trabalho enfocará o hormônio feminino estrogênio ou estrógeno cujo papel central nesta discussão está relacionado a sua função no organismo e como nós podemos fazer muito mais pelo nosso próprio bem ou prejuízo. Milhares de medicamentos e produtos químicos sintéticos, de largo uso, são estrogênicos por natureza ou em seus efeitos. São disruptores hormonais e podem afetar seriamente nossa saúde e, muito mais, a de nossos descendentes. Estão conectados com os dramáticos crescimentos de efeitos como a infertilidade, das deformações genitais e dos cânceres de origem hormonal como os de mama e de próstata, bem como com a queda do número de espermatozóides, a hiperatividade e outros distúrbios neurológicos. Observou-se que “os produtos sintetizados pelo homem imiscuem-se em toda a sorte de mensagens hormonais” atingindo duramente as glândulas supra-renais e da tiróide, de acordo com Linda Birnbaum do US Environmental Protection Agency/EPA (Agência norte-americana de proteção ambiental). Níveis deprimidos de hormônios da tiróide foram conectados ao câncer de mama tanto como foi o aumento de estrogênio. [19]     

            A extensa exposição ao estrogênio, no decorrer da vida (especialmente nas formas sintéticas) é o maior fator de risco à saúde. Em alguns casos, existem escolhas mais seguras, efetivas e naturais de se fazer o balanceamento estrogênico no organismo. Químicos disruptores hormonais no ambiente são uma história bem mais complexa. Almeja-se que te tornes mais habilitada e utilizes estas informações para colocares sérios questionamentos àqueles que lidam com a saúde, a indústria e a administração pública para que investiguem métodos alternativos realmente seguros.

 

 

TIPOS DE ESTROGÊNIOS.

 

            Existem quatro tipos de estrogênios: os que ocorrem naturalmente no organismo; os que são sintetizados para serem ingeridos como medicamento; os “xenoestrogênios” ou externos, gerados pelas modernas indústrias químicas e presentes em produtos de uso doméstico e os fitoestrogênios presentes em plantas alimentícias, muitos dos quais promovem importantes benefícios à saúde.

 

           

ESTROGÊNIOS NATURAIS.

 

            Algumas das cinqüenta moléculas hormonais conhecidas carregam instruções de mais do que uma dúzia de tecidos e glândulas endócrinas para células distribuídas em todo o corpo para controlarem muitas funções orgânicas, incluindo a reprodução, o desenvolvimento sexual, o crescimento, a manutenção do metabolismo e respostas aos estímulos externos.

            Os estrogênios naturais fazem parte de um grupo de vários hormônios esteróides lipossolúveis produzidos, primariamente nos ovários femininos e nos testículos masculinos (mas também em outros centros do organismo) em humanos e outros vertebrados, originários do colesterol ou acetil coenzima-A. Conhecidos como hormônios femininos (presentes mais plenamente nas mulheres), eles não só externalizam as características femininas e controlam os ciclos reprodutivos como geralmente também exercem influência sobre o crescimento, o desenvolvimento e o comportamento. Atuam também nos sistemas imunológico e cardiovascular além de influir na pele, nos ossos, no fígado e mesmo no cérebro, assegurando a normalidade nos sistemas orgânicos. Os estrogênios estimulam o crescimento dos tecidos ao promover a proliferação celular nos órgãos sexuais femininos (seios e útero), aumentando o tamanho das células (como durante a puberdade com o seio feminino e os músculos masculinos), e pela elaboração de proteínas específicas. Nos machos, desempenha um papel secundário em relação aos androgênios, destacadamente o hormônio testosterona que define as características masculinas (muito estrogênio pode feminilizar os machos). O tempo de exposição, no ciclo da vida, aos estrogênios naturais também varia de acordo com a dieta e os exercícios. A partir do estoque de estrogênios na gordura (especialmente abdominal), aumenta a exposição pela obesidade.

            Somente três estrogênios estão naturalmente presentes em quantidades significativas: estradiol, estrona e estriol. O estradiol é o hormônio estrogênico mais abundante e potente. É doze vezes mais forte que o estrona e oitenta do que o estriol, um derivativo do estrona. Existem as “boas” e as “más” formas de estrogênios (as “más” podem desencadear o câncer). [5] O organismo busca manter ótimos níveis no sangue através das respostas das glândulas hipotálamo e pituitária aos níveis baixos, estimulando tanto os ovários femininos para secretarem estradiol e progesterona como os testículos masculinos a secretarem testosterona (em excesso transforma-se em estrogênios) até que um certo nível sangüíneo seja alcançado. Este elo de auto-alimentação é influenciado pelo fígado quando metaboliza do sistema, em algum tempo, alguns hormônios naturais desnecessários.

            Antes do nascimento, ambos os hormônios, placental e fetal, atuam sobre o desenvolvimento do bebê. Para os machos, após a determinação cromossômica sexual lá pela sétima semana, a masculinização depende do correto suprimento de estímulos hormonais originários dos testículos. Nas fêmeas, os ovários desenvolvem-se do terceiro para o quarto mês quando sintetizarão estrogênios. No entanto quantidades mínimas de substâncias estrogênicas estranhas, em estágios críticos pré-natais, podem interferir nos desenvolvimentos sexual, reprodutivo, comportamental e neurológico. O livro “Our Stolen Future” de Theo Colborn e outros (nt.: publicado no Brasil pela L&PM Editores com o título “O Futuro Roubado”, em 1997), destaca: “ao mesmo tempo em que os hormônios estão conduzindo, pelo menos, alguns aspectos do desenvolvimento sexual, também orquestram o crescimento dos sistemas nervoso e imunológico dos nenês , programando órgãos e tecidos tais como fígado, sangue, rins e músculos com funções diferentes em homens e mulheres ..... Para todos estes sistemas, o desenvolvimento normal depende de haver a correta mensagem hormonal, na quantidade exata, no local adequado e no tempo certo .... Se alguma coisa gera disfunções neste fornecimento durante um período crítico do desenvolvimento, podem ocorrer conseqüências muito sérias para a prole.” Estrogênios e compostos que enganem os receptores estrogênicos são elementos chave em certos estágios, como nos primeiros anos de vida e novamente na puberdade quando uma crítica divisão celular ocorre.

            Nas fêmeas, a puberdade, o ciclo menstrual, a gravidez e a menopausa são eventos importantes relacionados aos estrógenos. Em torno dos dez anos, o hipotálamo estimula os ovários a produzirem estrogênio e progesterona que ativam mudanças físicas tais como a formação dos seios, o crescimento dos pelos pubianos, aumentando a altura e o peso além de alterações na pele. Normalmente, a menstruação principia aos doze anos. Hormônios são liberados, em drásticos diferentes níveis, durante o ciclo menstrual de vinte e oito dias. Para os primeiros oito dias indo até o décimo primeiro, os ovários produzem grandes quantidades de estrogênio, declinando no décimo terceiro dia quando a progesterona começa a aumentar e a ovulação acontece (a progesterona causa a libido ovular). Depois de dez ou doze dias se a fertilização não ocorre, a progesterona ovariana cai dramaticamente, desencadeando a menstruação e o ciclo se renova. No entanto, se ocorre a fertilização, um bloqueio do estrogênio precede uma gestação rica em progesterona que mantém a gravidez e matura, permanentemente, as células do seio (a dividir-se mais lentamente). Por vários meses depois do parto, o fluido dos seios tem baixos níveis de estrogênio. A gravidez, antes dos trinta anos, parece proteger as células das mamas das mudanças anormais que podem ser causadas pelos excedentes de estrogênios e dos disruptores hormonais. A progesterona se opõe à ação do estrogênio de estimulador do crescimento no organismo.

            Entre quarenta e cinqüenta anos, a interação entre os hormônios se altera, propiciando o aparecimento da menopausa. Como menos folículos ovulares são estimulados, a quantidade de estrogênio e progesterona produzidos pelos ovários declina. A menstruação torna-se falha e errática, eventualmente cessando. Entretanto, em outras áreas do corpo, como as glândulas supra-renais, a pele, os músculos, o cérebro, a glândula pineal, os folículos capilares e gordura corporal, são capazes de produzir nossos hormônios, possibilitando ao organismo feminino fazer ajustes saudáveis no balanço hormonal após a menopausa. Isto ocorrerá com as mulheres que cuidaram de si durante o período pré-menopausa com um estilo de vida sensato, dieta alimentar, e atenção às saúdes mental e emocional. Entre outros fatores, a obesidade e a vida sedentária promovem uma puberdade precoce e uma menopausa tardia, aumentando enormemente tanto a exposição ao “mau” estrogênio como aos riscos correspondentes.   

 

 

ESTROGÊNIOS SINTÉTICOS.

 

            Os estrogênios sintéticos, encontrados em produtos farmacêuticos, “tiveram suas estruturas moleculares alteradas somente para poderem ser patenteados. Eles têm a tendência de ser mais potentes do que os estrogênios do próprio corpo e mais tóxicos”. [12]

 

           

A PÍLULA.

 

            Hoje, são milhões de mulheres que tomam anticoncepcionais hormonais (de forma oral, implantada ou injetada). São produzidos com diferentes quantidades e potências de estrogênios sintéticos, progestinas ou ambos, os quais o organismo não metaboliza com facilidade. Trabalham primeiramente mantendo altos níveis de estrogênios no organismo para prevenir a ovulação. Suprimindo com estes sintéticos a presença de hormônios naturais, literalmente estanca a menstruação. O sangramento ocorre, a cada mês, só porque os hormônios sintéticos não são ingeridos por sete dias do ciclo, podendo ser melhor denominado de um “sangramento fugidio”, não menstruação. Não há provas científicas assegurando de que a pílula é segura. De acordo com Nancy Beckham em seu trabalho Menopausa – uma passagem positiva utilizando terapias naturais: “As mulheres que ingerem a pílula têm uma grande tendência a disfunções no fígado e mais alergias. Os níveis de vitamina A podem crescer no sangue, e as vitaminas B12 e C ..... caírem.”

            Embora os ensaios iniciais fossem imperfeitos, a primeira geração das pílulas foi amplamente comercializada como um método efetivo, seguro e conveniente de controle da natalidade. Um impacto ao qual, já nos primórdios, pesquisadores como a Dra. Ellen Grant, autora do livro A pílula amarga e a química sexual, avaliou de que os hormônios sintéticos deveriam ter sido retirados do mercado em razão de seus conhecidos efeitos colaterais. De acordo com o Dr. Samuel Epstein do Programa de Prevenção ao Câncer de Mama, dezenas de estudos confirmam efeitos colaterais como o risco de ataques cardíacos, derrames cerebrais, diabetes, doenças da vesícula biliar, câncer de fígado e expondo os tecidos mamários a excessos de estrogênios, eleva dez vezes o risco de câncer de mama, especialmente pelo uso precoce ou prolongado. [8]

            Foram propostas alterações, desde o início dos anos sessenta, para se fazer uma segunda geração de pílulas – etinil estradiol – mais segura. Mas, na verdade conecta-se aos receptores estrogênicos naturais na mama, sendo quarenta vezes mais potente do que o estradiol. A pílula combinada também aumenta o risco de doenças da artéria coronária, do câncer de mama e pressão alta. Os efeitos colaterais incluem náusea, vômito, dores de cabeça, flacidez das mamas, aumento de peso, mudanças na libido, depressão, coagulação sangüínea e o aumento de incidência de vaginites. Também mulheres que apresentam quadros de epilepsia, asma, enxaqueca ou doenças cardíacas podem constatar pioras em seus sintomas. Muitos destes efeitos podem persistir muito tempo mesmo após o uso descontínuo da pílula. Além disso, fumar enquanto toma-se a pílula, acentua estes riscos. A terceira geração, implante de pílulas somente com progestinas, também é problemática. São centenas de processos contra o fabricante Norplant já que várias pesquisas demonstram que o produto injetável Depo-Provera, com progestina, aumenta os riscos de câncer de mama. [8]  

 

           

A TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL – TRH (ESTROGÊNICA).

 

            Talvez nada cause mais confusão entre as mulheres do que a terapia de reposição hormonal, a maior promoção de drogas hormonais depois da pílula. As mulheres na fase da menopausa tornaram-se outro lucrativo mercado para os hormônios sintéticos, agora disponíveis em emplastos e implantes. Um dos mais populares é o Premarin, feito da urina de éguas prenhes.

            Proclamado como um ingrediente primário ausente para as mulheres na menopausa, o estrogênio é também fortemente recomendado pela medicina moderna para a prevenção de doenças cardiovasculares e osteoporose. A maioria dos médicos, hoje em dia, adverte as mulheres para os riscos da passagem pela menopausa e para o tempo, os dias da pós-menopausa, sem a proteção do estrogênio. Outras opiniões não podem ser oferecidas. Em razão da TRH (terapia de reposição hormonal) ser oferecida em doses menores do que a pílula, os efeitos colaterais são normalmente muito mais subtis e mais lentos para serem detectados.

            As mulheres precisam pensar com muito mais cuidado a respeito de sua decisão quanto à TRH. Mesmo que a maioria dos médicos esteja, sinceramente, preocupada com suas pacientes, muita de sua formação profissional e das informações sobre os produtos, têm diretamente como fonte as indústrias farmacêuticas. Já que a maioria das mulheres não tem uma perfeita consciência a respeito de suas opções, as decisões sobre a menopausa podem ficar bem mais difíceis. No seu livro O que o seu médico não pode lhe contar a respeito da menopausa, o Dr. John Lee compilou uma lista de efeitos colaterais que podem resultar da opção pela reposição hormonal. Incluem: aumento do risco de câncer endometrial, aumento da gordura corporal, retenção de sal e líquidos, depressão e dores de cabeça, descontrole da presença de açúcar no sangue (hipoglicemia), perda de zinco e retenção de cobre, redução dos níveis de oxigênio em todas as células, adensamento da bile e promoção de doenças da vesícula biliar, aumento das probabilidades de fibrocistos mamários e fibróides uterinos, interferência na atividade da glândula tireóide, diminuição da libido, excessiva coagulação sangüínea, redução do tono vascular, endrometriose, cãibras uterinas, infertilidade e limitação da função osteoclástica (necessária para a saúde e a reconstituição óssea). De acordo com o Dr. Epstein, a reposição hormonal também promove os cânceres de mama, de fígado e de ovários, ganho de peso e outros sintomas. Ele recomenda soluções não hormonais: se empregada a TRH, tomar baixas doses somente por pouco tempo evitando o fumo e as bebidas alcoólicas. [12]

            O intenso efeito formador de estrogênio pelo álcool pode ser desastroso, especialmente para mulheres com a TRH. Vários estudos demonstram que o álcool aumenta o risco de câncer de mama. Mesmo meia taça de vinho pode dobrar o estrogênio no sangue da mulher em TRH e, surpreendentemente, aumentando o risco de câncer de mama. [8]

 

 

OUTRAS DROGAS.

 

            Outras drogas podem também ser hormonalmente ativas: Tamoxifen, por exemplo, e seu correlato Raloxifene, que são fármacos hormonais sintéticos indicados para a prevenção de câncer de mama, mas ensaios demonstraram sérios riscos de ambos efeitos, estrogênico e antiestrogênico. Vários anti-hipertensivos, drogas para diminuição de colesterol, antibióticos, antiácidos, drogas psicoterapêuticas, drogas para o câncer e a maconha podem também ser preocupantes. [8]

 

               

XENOESTROGÊNIOS (Pseudoestrogênios).

 

 

            A expressão “xenoestrogênios” é aplicada livremente a uma série de substâncias químicas tóxicas produzidas pelo homem que confundem os receptores celulares dos estrogênios no organismo, interferindo nas mensagens bioquímicas naturais. Podem ser compostos tipo estrogênios ou terem a habilidade de mimetizar ou bloquear a atividade dos hormônios naturais. Podem também alterar a forma como os hormônios e seus receptores protéicos são elaborados, metabolizados e em sua atuação. Pesquisas profundas revelam uma situação alarmante gerada pela dispersão planetária destes mimetizadores hormonais.   

            Em razão de se degradarem tão lentamente, espalharam-se por todo o planeta tanto pelo ar como pelas águas, passando integrar os tecidos vivos. Atualmente contaminam todos os ecossistemas e os organismos vivos. Continuarão assim por décadas e décadas. Dificilmente excretadas, são lipossolúveis, acumulando-se nos tecidos gordurosos, no cérebro, no aparelho reprodutor e outros órgãos. Grandes volumes destas substâncias biomagnificam na cadeia alimentar com as piores concentrações no seu topo, onde estão os seres que se alimentam de animais como os humanos e outros mamíferos, além de pássaros e répteis. Numa espécie de gaivota da região dos Grandes Lagos, entre EUA e Canadá, por exemplo, a família dos xenoestrogênios PCB’s encontra-se em concentrações, com sérios resultados, vinte cinco milhões de vezes acima daquelas encontradas nos sedimentos. [3]    

            Alterando as funções principais dos estrogênios e androgênios, podem desencadear uma torrente de excepcionalidades na saúde da reprodução e do desenvolvimento, evidenciadas por pesquisas feitas com cobaias de laboratório, em culturas de células, na vida selvagem e com os humanos. Theo Colborn e os outros autores do livro O Futuro Roubado, identificaram 51 famílias de produtos sintéticos que geram distúrbios no sistema endócrino, ou hormonal, incluindo 209 PCB’s, 75 dioxinas e 135 furanos. Estão conectados não só com a descoberta da queda de 50% no número de espermatozóides humanos, globalmente, entre os anos de 1938 e 1990, mas também às alterações no comportamento sexual, à depressão imunológica, a deformidades genitais, a canceres de mama, ovários, útero, de próstata e testicular além de desordens neurológicas. A doença fibrocística da mama, a síndrome policística ovariana,  endometriose, fibróides uterinos e doenças inflamatórias pélvicas também estão sob suspeita. Estes problemas podem ser influenciados pelas exposições, crônicas ou de desenvolvimento, através do ciclo da vida.

            As conseqüências potenciais desta superexposição pipocarão especialmente sobre as futuras gerações. Os embriões e os fetos cujos crescimento e desenvolvimento são altamente controlados pelo sistema endócrino, recebem os contaminantes na fase pré-natal ainda no ovo (anfíbios, répteis e pássaros) ou no útero (mamíferos). Mesmo que adultos expostos não apresentem nenhum efeito deletério, seus descendentes poderão apresentar, em toda sua vida, anormalidades reprodutivas ou em sua saúde. Além do que foi citado acima, efeitos incluem masculinização das fêmeas e feminização dos machos (redução no tamanho do pênis e dos testículos) além da retenção dos testículos e da alteração na densidade e na estrutura dos ossos. A exposição de recém nascidos, como os nenês lactentes, concentra-se além dos limites do corpo.

            Os xenoestrogênios são na maioria das vezes gerados pela indústria petroquímica e, desafortunadamente para nossa saúde, os produtos petroquímicos estão, hoje em dia, por todos os lugares deste planeta. Máquinas, carros e mesmo algumas usinas termoeléctricas, movem-se com petroquímicos como a gasolina, o diesel, o gás natural e similares. Muitos dos mimetizadores hormonais são organoclorados produzidos pela reação do gás cloro com hidrocarbonetos do petróleo. São utilizados em plásticos, agrotóxicos, solventes, agentes de branqueamento (para roupas e outras), refrigeração e em outros produtos químicos. Milhares são subprodutos do tratamento de água, do branqueamento do papel e da incineração de produtos clorados. Milhões de produtos, incluindo vários plásticos (polivinil cloreto/PVC e policarbonatos/PC, ambos encontrados em mamadeiras para nenês, brinquedos infantis, filmes transparentes para embalar alimentos e garrafas de água mineral), PCB’s (nt.: policloretos bifenilos ou “ascarel”), medicamentos, roupas, alimentos, alvejantes domésticos, desodorizantes de ar, produtos de higiene pessoal (cosméticos, perfumes, antiperspirantes, sabonetes, pastas dentifrícias e higienizadores bucais), agrotóxicos e herbicidas (como DDT, dieldrin, aldrin, hepacloro, etc.) também contém ou são feitos dos petroquímicos. Muitos de nós trabalhamos ou vivemos em áreas altamente contaminadas onde os efeitos sinérgicos podem apresentar doses “seguras” (aceitáveis) de diferentes substâncias químicas, medicamentos, radiações, freqüências eletromagnéticas e outras, e que são milhares de vezes mais tóxicas quando estão juntas.

            Dezesseis substâncias sintéticas persistentes (conhecidas de “POP’s”- poluentes orgânicos persistentes) foram identificadas para ação prioritária da ONU. Embora o Canadá tenha banido muitos deles décadas atrás (DDT, PCB’s e outros conhecidos por causarem teratogênese - lesões em fetos -, colapso na reprodução e a quase extinção de ampla variedade de espécies), continuam a ser manufaturados e empregados em todo o planeta. Pelo menos seis – PCB’s, dioxinas, furanos, hexaclorobenzeno (HCB), lindano e cadeias curtas de parafinas cloradas – são ainda geradas, produzidas e utilizadas no Canadá. A água potável pode estar contaminada por outro composto comprovadamente estrogênicos o nonilfenol (nt.: em inglês: nonylphenol, sigla: NP) e o endosulfan que continuam sendo utilizados em plásticos e agrotóxicos, além de estarem presentes na composição também de detergentes líquidos domésticos e de lavanderias, alvejantes multi-uso, sabonetes e shampoos. Compostos mimetizadores de hormônios como os ftalatos são utilizados como plastificantes no PVC, em tinta para escrever/imprimir, para pintar e em colas. O lixo plástico pode ser a fonte mais importante da presença do bisfenol-A – estabilizante tóxico empregado no PVC – nos efluentes líquidos lixiviados pelos aterros de lixo. E será mais terrível ainda se este lixo for incinerado.

            As cinzas voláteis originárias das indústrias, dos incineradores de lixos domésticos ou resíduos perigosos, têm altas quantidades de mimetizadores hormonais e cancerígenos como a dioxina (uma das mais violentas) além de chumbo, mercúrio e cádmio, estes também mimetizadores estrogênicos. Estas cinzas depositam-se sobre as plantas que comemos além de contaminar os animais domésticos e os peixes, concentrando substâncias tóxicas no ser humano. A poeira doméstica, velhas tintas e a água parada em tonéis são outras fontes comuns de chumbo. Tal qual como com os petroquímicos, a queima de combustíveis fósseis libera mercúrio e cádmio. Mercúrio pode também ser um sério perigo em obturações de dentes. Dois por cento da população de cidades, acima de um milhão de habitantes, têm níveis dez vezes maiores de mercúrio no sangue, no limiar de gerarem efeitos neurológicos.

            Nossa alimentação é um dos caminhos mais inconscientes quanto à contaminação por mimetizadores hormonais. O alimento processado, na maioria das vezes com excesso de açucares e gorduras hidrogenadas, enfraquece o sistema imunológico e atinge, hoje, 80% de nosso suprimento alimentar. Embalagens, conservantes, colorantes e flavorizantes artificiais, podem ser todos perigosos. Por exemplo, "Red Dye” nº. 3, um poderoso cancerígeno, é amplamente empregado em todo o mundo. Envases plásticos, copos de poliestireno (PS), filmes para embalar alimentos ou revestimento plástico interno de latas, podem conter PVC’s, alquifenóis, nonilfenóis, bisfenol-A e ftalatos. Todos são conhecidos estrogênios sintéticos (xenoestrogênios) que migram para o alimento quando aquecido ou guardado por longos períodos. Um destes ftalatos, sigla DEHP ou DOP, é encontrado em alguns filmes transparentes para embalar alimentos. Estudos feitos pela indústria e pelo governo dos EUA conectaram o DEHP e efeitos sobre o desenvolvimento em animais. Em alguns filmes plásticos que embalam queijos nos EUA foram encontrados níveis que excedem o limite governamental num fator de 300.000 vezes. O DEHP pode também estar contaminando outros alimentos embalados com filmes transparentes, especialmente aqueles com altos teores de gordura como carnes. O plastificante, enrijecedor plástico, bisfenol-A, encontrado no policarbonato de mamadeiras infantis, foi identificado em um relatório do governo dos EUA de 1997, como um disruptor endócrino químico que se libera, incontestavelmente, da resina policarbonato para o líquido quando aquecido (pesquisas minuciosas e replicadas encontraram efeitos biológicos mesmo em níveis extremamente baixos). Um trabalho feito em 1999 pela Consumer’s Union/União dos Consumidores difundiu esta descoberta da FDA/Food and Drugs Administration–Administração de Fármacos e Alimentos dos EUA, conclamando de que os pais deveriam procurar mamadeiras feitas com quaisquer outros materiais que não a resina de policarbonato. Ao mesmo tempo, doze grupos peticionaram para que a FDA e as indústrias de plástico eliminassem ou reduzissem drasticamente a exposição de crianças a esta resina. [8]

            Também a produção agrícola apresenta riscos. Numa média de 25% (talvez mais) de toda a produção regular, no Canadá, plantada e importada, constata-se resíduos de agrotóxicos, declara o relatório de 1999 do novo Comissário Canadense do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Muitos são ou contém mimetizadores hormonais. O World Wildlife Fund Canada (WWFC) questionou o Ministro da Saúde canadense, Allan Rock, para agir em relação aos doze agrotóxicos considerados mimetizadores hormonais. A maioria está registrada para culturas alimentícias e alguns para uso interno em residências, escolas e creches. Numerosas áreas, no Canadá, estão severamente contaminadas pelos produtos agrícolas, pelos empregados em campos de golfe e pelos de uso corrente em cosméticos.

            Alimentos de origem animal são a maior fonte de substâncias hormonalmente ativas em nossos alimentos e nos lençóis freáticos. A gordura animal e de laticínios tem alta concentração – carne bovina e produtos lácteos são os piores com altos resíduos de DDT e de outros agrotóxicos organoclorados além de antibióticos, drogas veterinárias e hormônios sexuais de estímulo de crescimento. Hormônios implantados na orelha de praticamente todos os animais de corte são totalmente sem regulamentação. Resíduos 300 vezes acima dos limites legais, comumente encontrados em carne, vem via de regra destes implantes, aplicados ilegalmente no músculo do animal para resultados mais rápidos. O hormônio de crescimento “rBGH” em gado leiteiro produz altas quantidades do “fator de crescimento tipo insulina” que encoraja a divisão celular e a virulência do câncer de mama. No entanto não consta nos rótulos dos produtos dos EUA contaminados com este hormônio. [8] (Rotular está fora da regulamentação por um acordo com a Monsanto, produtora do “rBGH”. Por ação de cidadãos, este produto foi, temporariamente, banido no Canadá). Os agrotóxicos acumulam-se na gordura animal. Por exemplo: cada quinze libras (nt.: cada libra representa 453,9 g.) de grãos produz uma libra de carne, concentrando assim a contaminação por agrotóxicos. Nitratos presentes em presunto e bacon transformam-se em potentes cancerígenos pela formação de nitrosaminas no corpo. Peixes originários da pesca industrial estão contaminados com uma vasta gama de pseudo-estrogênios. Por exemplo, todos os salmões dos Grandes Lagos, entre Canadá e EUA, apresentam, nos últimos anos, dilatações em suas glândulas tiróides. [6]

            Tomando isto como um degrau à frente, os hormônios sintéticos também entram nos lençóis hídricos através da urina das mulheres e daí na cadeia alimentar. Isto também elevou nossos níveis de exposição aos estrogênios ambientais.

 

 

REVERTENDO A DOMINAÇÃO ESTROGÊNICA.     

 

   

               O Dr. John Lee acha que muitas mulheres estão sofrendo os efeitos em função do excesso de estrogênios ou “dominação estrogênica”. Ele observa que o stress, deficiências nutricionais, xenoestrogênios e estrogênios sintéticos causam um desbalanceamento entre estrogênio e progesterona. Esta dominância estrogênica significa que o estrogênio começou a sombrear os outros atores, criando uma dissonância bioquímica. Obviamente, uma solução fundamental é reduzir o excesso de estrogênio nas fontes se elas forem drogas sintéticas ou xenoestrogênios. Alimentar-se para obter equilíbrio hormonal é outra alternativa, discutida abaixo. Entretanto, o Dr. Lee está também disposto a auxiliar mulheres a equilibrarem os efeitos da dominação estrogênica através do uso de um creme dermal de progesterona natural que pode corrigir este problema: a deficiência de progesterona. Auxilia a aliviar sintomas típicos da menopausa como calorões e secura vaginal. A progesterona natural, um derivado do colesterol, é feito de inhames selvagens mexicanos ou da soja cujos ingredientes ativos têm a mesma estrutura molecular que a progesterona própria do organismo humano (nt.: nos últimos anos, o Dr.Lee constatou que a soja não apresenta as mesmas características do que o inhame, não seria bio-idêntica e sim mimetizadora natural. Assim reavalia suas recomendações. Ver sites do Dr. John Lee na internet). Desconhece-se efeitos colaterais, são não-patenteáveis e baratas. (Utilizar o creme sob supervisão de um fornecedor habilitado em saúde. Questione a firma para estar segura de que o produto contém progesterona, algumas marcas não a contêm).

            É interessante observar-se de que na América do Sul e Ásia onde as mulheres comem estes inhames selvagens ou soja, a expressão “calorões” não existe em suas línguas locais enquanto a metade de todas as mulheres da América do Norte (tipo ocidentais), na fase da menopausa, sofre deste problema. As mulheres japonesas têm a metade de fraturas ósseas por causa da osteoporose em relação às norte-americanas (também comem menos proteína e fazem mais trabalhos físicos com esforço). Estudos preliminares sugerem que a soja pode auxiliar na retenção da massa óssea. Dr. Lee acredita que o uso da progesterona natural em conjunção com mudanças na dieta e no estilo de vida podem não só estancar a osteoporose mas revertê-la em mulheres com setenta anos ou mais.

            Comer de forma correta pode realmente ser um dos nossos melhores escudos de defesa.

 

   

ALTERNATIVAS SADIAS - FITOESTROGÊNIOS.

 

 

            Plantas estrogênicas, chamadas de fitoestrôgenas, possuem compostos naturais que são encontrados em centenas de plantas alimentícias incluindo perenes e anuais que podem atuar como estrogênios naturais no organismo com o auxílio da flora bacteriana intestinal, de enzimas, vitaminas e minerais. Em torno de vinte fitoestrôgenos foram identificados em plantas como o trigo, a aveia, centeio, cevada, arroz e soja; maçã, cereja, ameixa e romã; batata, cenoura, ervilha, feijão; salsinha, sálvia, alho e café. Efeitos variam enormemente dependendo da idade, do sexo e outros fatores. Fetos e bebês podem ser bastante sensíveis, negativamente, ao excesso de plantas estrogênicas. Os adultos podem auxiliar a redução nos riscos de saúde quanto aos xenoestrogênios e aos sintéticos, diminuindo o período, no ciclo de vida, a exposição ao estrogênio. Os fitoestrogênios competem com os outros para se conectarem aos receptores estrogênicos bem como influenciam, positivamente, no metabolismo estrogênico. Como os hormônios naturais, os fitoestrogênios são facilmente metabolizados por nossos organismos e atravessam nossos sistemas orgânicos, em um curto espaço de tempo.

            Uma dieta normal utilizando fitoestrogênios parece constituir-se numa proteção, em humanos, contra canceres de mama e do sistema reprodutivo além de poderem ser empregados como tratamento para a menopausa e a osteoporose. Atuam como estrogênios fracos e parecem produzir nas mulheres tanto os efeitos estrogênicos na fase pós-menopausa e como os de antiestrogênio na fase pré-menopausa. Fitoestrogênios têm então habilidade para atuarem como “equilibradores”, elevando e baixando os níveis de estrogênio e trocar um estrogênio forte por um fraco. Efeitos sobre o desenvolvimento do pré-natal ou do neonato estão pouco claros, sugerindo precaução quanto a fórmulas infantis feitas de soja, bem como a certos suplementos nutricionais, ervas e mesmo a alguns tipos de alimentos durante a gravidez.

            As isoflavonas da soja são uma das fontes de fitoestrogênios melhor estudadas. Uma de suas formas, a “genistein”, demonstrou ter atividade citostática contra uma série de células de câncer de mama humanas in vitro e suprimiram, em recentes pesquisas, tumores mamários em ratas. Produtos feitos de soja presentes na dieta alimentar, na Ásia, podem ser a razão para as baixas incidências de câncer de mama. Uma pesquisa feita em 1992 demonstra que mulheres japonesas, com uma dieta rica em baixas calorias e soja, tinham mil vezes mais fitoestrogênios em sua urina do que mulheres norte-americanas e finlandesas. A soja também contém proteínas de alta qualidade, é fonte de ácidos graxos ômega-3, cálcio e anti-oxidantes para proteger as células dos danos causados pelos radicais livres, altamente cancerígenos. Os peptídeos da soja podem estimular o sistema imunológico, auxiliando o organismo a lutar contra enfermidades. Numerosas pesquisas revelam que a população que se alimenta com produtos de soja tem menores riscos de desenvolver câncer de mama, pulmão, cólon e próstata, do que aquela que não os utiliza. Outras já atestam as propriedades que a soja tem de diminuir o colesterol, principalmente naquelas pessoas com altos níveis. A proteína da soja vai mais facilmente para os rins do que a proteína animal além de prevenir ou diminuir danos aos rins em pessoas com função renal desequilibrada. Esteja segura de adquirir somente soja produzida organicamente em vez de outras, transgênicas ou pulverizadas com agrotóxicos. Atenção, observe que o shoyu, a proteína de soja, o tofú, a carne de soja e o óleo poderão não ser boas fontes, em razão de como foram processados.

 

 

CONCLUSÃO.

 

 

            Toda mulher deve ler, perguntar e acreditar em seus instintos naturais além de aprender sobre seu próprio corpo. É também essencial que a mulher honre seu próprio ciclo natural e sua sabedoria intuitiva. É um direito da mulher escolher, com dignidade, a melhor forma de cuidar de sua própria saúde. Certamente, mulheres fazem isto muito bem com seu próprio poder e conhecimento no sentido de encontrar caminhos seguros, efetivos e naturais de se curarem a si mesmas. Curar o mundo, entretanto, requer estratégias e ações efetivas da população, do governo e da indústria. Aqui estão caminhos com os quais pode concretizar estas duas trilhas de cura.

 

 

CAMINHOS DE REDUÇÃO DOS MIMETIZADORES HORMONAIS:

 

 

  • Tomar decisões com conhecimento sobre o uso de medicamentos, especialmente estrogênios sintéticos em pílulas para o controle da natalidade e em terapia de reposição hormonal. Alternativas à TRH encontram-se no livro Menopause and Homeopathy (Menopausa e homeopatia) de Ifeoma Ikenze, MD, como também nos livros como Susun Weed. [20] Consultar a Physician’s Desk Reference (Secretaria de consulta médica) ou conferir o Breast Cancer Prevention Program [8] (Programa de prevenção ao câncer de mama) para conhecer ou descobrir os perigos destas drogas;

 

  • Questionar políticos e industriais para que tomem decisões que reduzam em nosso ambiente a presença de substâncias que geram disfunções hormonais além de realizarem análises prévias de substâncias e drogas quanto aos seus efeitos sinérgicos antes de sua aprovação. Apoiar campanhas que empurrem o governo canadense em Ottawa na negociação e aprovação de um tratado com caráter legal e obrigatório para exclusão total das substâncias tóxicas persistentes em todo o planeta além de reforçar as leis canadenses de proteção ambiental e de controle de agrotóxicos (nt.: Canadian Environmental Protection Act – Lei canadense de proteção ambiental – e Pest Control Produts Act – Lei dos agrotóxicos –). (O aprimoramento da nova lei canadense de proteção ambiental inclui, pela primeira vez no mundo, uma definição de precaução aos “disruptores endócrinos”, mas não como uma ação ministerial). O Canadá pode banir a importação de produtos que contenham ou que foram industrializados com estas substâncias, retirando subsídios das atividades que os geram, relatando anualmente sobre todos seus usos, suas fontes e seu armazenamento. Precisamos destruir, com cuidado, todos os PCB's e excluir atividades que gerem dioxinas e furanos – suas fontes máximas são: incineração de lodo de esgoto e de lixo urbano; o branqueamento de celulose/papel com cloro e a incineração imprópria de resíduos tóxicos;

 

  • Não fumar ou permanecer em locais de fumantes – a fumaça do cigarro contém miríades de carcinogênicos;

       

  • Acessar com cuidado aos riscos e benefícios do álcool. Beber moderadamente, elevando os níveis de estrogênio o álcool poderá às vezes oferecer alguma proteção. Mas efeitos negativos incluem desequilíbrio na secreção de melatonina (supressor do câncer) e a promoção de enzimas do fígado que aumentam os níveis do “mau” estrogênio. Uma pesquisa da Nurse’s Health, de 1995, demonstrou que três doses de bebida alcóolica aumentam os riscos de câncer de mama em todas as mulheres em mais de 200%. Também imobiliza células imunológicas. Isto pode explicar porque mulheres que bebem pesadamente têm o dobro ou mais nos índices de câncer de mama, fígado e do sistema digestivo. Bebedeiras podem disparar a dispersão de células de tumor pela supressão das células do organismo que eliminam as cancerígenas; [8]

  

  • Busque beber somente água filtrada – o filtro de osmose reversa em seu sistema de água é o ideal, o filtro de carvão ativado remove o chumbo;

 

Escolha sua alimentação, inteligentemente:

    1. evite alimentos processados e leia os rótulos dos produtos. Frutas, verduras e grãos integrais, nozes, sementes e leguminosas oferecem muitos benefícios de proteção;
    2. compre ou plante frutas e verduras orgânicas tanto quanto possível: acautele-se com produtos muito perfeitos (envenenados!!);
    3. sempre lave bem frutas e verduras com produtos não tóxicos além de remover as folhas externas das plantas folhosas;
    4. evite gordura animal ou láctea tanto quanto possível para reduzir a permanência da contaminação dos POP’s (produtos organoclorados persistentes). Adquira carne livre de hormônios. Carne de peru é uma das mais seguras; (nt.: Canadá) [8]
    5. atente com cuidado para o pescado originário de pesca industrial, observe os avisos governamentais (nt.: Canadá), especialmente quanto ao salmão e à truta. Peixe de mar é mais seguro; [6,8]
    6. faça dieta rica em produtos de soja, brócoli, couve, repolho, couve de Bruxelas e couve-flor;
    7. evite óleos prensados a quente, margarinas e produtos fritos, opte por azeite de oliva e manteiga orgânica;
    8. investigue suplementações vitamínicas, mineral e de amino-ácidos como os probióticos (bactéria digestiva);
    9. desintoxique seu fígado pelo consumo regular de substâncias originárias de plantas. Leia livros como Susun Weed [20] para salvaguardar a remoção pelo fígado dos estrogênios do sangue.

 

  • Como “simplesmente se ignora em quais plásticos os disruptores endócrinos estão presentes bem como qual produção e destino final de alguns deles possam liberar estes poluentes, por precaução, todos os plásticos deverão ser incluídos”, adverte o WWFC. Fazer-se pressão por produtos seguros como a retirada de plastificantes tanto das embalagens como dos filmes transparentes, para que se reduza drasticamente a migração destas substâncias para os alimentos embalados. Mamadeiras de nenês podem ser feitas com plásticos livres de bisfenol-A !;
  • Evite recipientes plásticos, copos de poliestireno, alimento embalado ou enlatado em envases com revestimento interno que podem conter pseudoestrogênios que migram para o alimento quando aquecidos ou ao ser estocado por longo tempo. Armazene ou coloque no microondas, os alimentos em embalagens de vidro. Exija mamadeiras de vidro e congele alimentos em embalagens de vidro abertas (deixar dois dedos de espaço para o alimento expandir-se e após vedar). Evite filmes transparentes de plástico (minimizando contato com o alimento) e alimentos gordurosos em plásticos selados a quente (embalagens para congelamento são melhores);
  • Evite plásticos feitos com PVC, identificado com o nº 3, em produtos finais como: embalagens para cuidados pessoais e produtos de limpeza domésticos; persianas ou venezianas plásticas; cortina para chuveiros; suprimentos de escritório, automóveis e construções. Uma preocupação particular está nos itens aos quais as crianças fazem contato como brinquedos, mordedores, assoalhos e mobílias de vinil. Apegue-se à madeira ou às fibras naturais. Produtos hospitalares e de enfermagem são fontes primárias tanto para os pacientes internados como para a comunidade: quando incinerados os plásticos feitos com PVC podem gerar dioxinas e furanos. Contate com grupos de ativistas da ONG e o site da Health Care Without Harm (Cuidados com a saúde sem danos) para pressionar os hospitais a trocarem as bolsas de sangue e de soro além dos catéteres e tubos, por aqueles não contaminados com PVC’s bem como pararem com a incineração de lixos hospitalares. [22]

 

  • Faça exercícios moderados como parte efetiva de sua vida. Exercícios resultam em menores exposições aos estrogênios naturais, protela a menarca, menos menstruações e menopausa precoce, aumentando o “bom” estrogênio e as proteínas conectadas a ele, reduzindo o risco de câncer de mama pelo desvio do estrogênio para longe das células sensíveis da mama. Procure desanuviar sua vida e durma o suficiente além da prática da meditação. Isto também ajuda suas glândulas supra-renais. [8]

 

  • Os produtos de cuidado pessoal estão minados de riscos. Alvejantes alcalinos (maioria dos sabonetes de supermercados) destroem o “manto ácido” da pele, o primeiro escudo de defesa contra os químicos. Evite tais produtos que contenham petroquímicos (incluindo cosméticos, protetores solar e repelentes de mosquitos). Evite espermicida e gel para vagina que contenham nonilfenol. Troque a tintura permanente ou semipermanente de cabelo para produtos seguros com hena, de ervas ou produtos seguros. As tinturas convencionais (principalmente a negra) contêm uma vasta gama de ingredientes carcinogênicos e contaminantes tóxicos que rapidamente são absorvidos pelo couro cabeludo. Pesquisas conectaram alguns deles o câncer de mama, linfoma non-Hodgkin’s e múltiplos mielomas. [8]

       

  • Evite agrotóxicos e todos os tipos de biocidas domésticos. Use métodos naturais para manter gramados e jardins. Se jogar golfe mantenha longe de sua boca as mãos, os tacos, as bolas e outros utensílios do jogo (a maioria dos campos de golfe é intensivamente aspergida com venenos). O Canadá suspendeu o registro de todos os agrotóxicos que continham hexaclorobenzeno, dioxinas e/ou furanos ou outros químicos tóxicos persistentes. Os herbicidas que contém o princípio ativo 2,4-D podem estar tanto com dioxinas como com HCB (nt.: BHC ou pó-de-gafanhoto entre nós) . As indústrias devem ser questionadas para contestar seu potencial de mimetizador hormonal. Usos que exponham crianças, devem ser suspensos. Nonilfenol pode estar presente nas formulações de agrotóxicos mesmo sem indicação no rótulo. Evite o uso de shampoos para humanos com lindano e piretróides tanto para o controle de piolho como da escabiose (sarna) além dos shampoos para controle de pulgas para animais domésticos (o lindano pode ter sido banido, mas está sendo levado pelos produtores de canola que o empregam em suas sementes [22]). Para pulgas aplique azeite de oliva, depois vinagre e enxágüe.

 

  • Nonilfenóis etoxilatos metabolizam-se como o mimetizador hormonal nonilfenol no esgoto e nos mananciais hídricos. São utilizados em detergentes líquidos, produtos multi-usos, sabonetes e shampoos tanto quanto em agrotóxicos, na extração do petróleo e gases naturais, em fábricas de celulose e papel além de têxteis. Evite alvejantes “super-poderosos” – provavelmente os nonilfenóis foram utilizados. Escolha sabões e detergentes, especialmente líquidos, que o fabricante lhe assegure que não contém nonilfenóis. Utilize produtos alvejantes não-tóxicos como soda cozida, bórax e vinagre ou produtos “verdes”, abolindo produtos com cloro e fosfatados. Minimize a utilização do carro e de energia. Nonilfenóis são utilizados na perfuração, na extração e na produção do petróleo e do gás natural. Encoraje a elaboração de uma lista planetária de produtos, disponíveis para o consumidor, que contenham nonilfenóis além do nome de seus fabricantes; [22]

 

  • Questione a segurança da energia nuclear: a radiação das usinas e dos aparelhos convencionais de mamografia pode gerar danos ao DNA e afetar os hormônios. Promova a eficiência energética e a produção segura de energia. Pressione pela termografia e por diagnósticos seguros além da prática do auto-exame das mamas; [8]

 

  • Campos eletromagnéticos podem causar disfunções tanto nos sistemas elétricos normais do organismo como no sistema imunológico. Escolha utensílios com baixos campos eletromagnéticos e utilize-os a uma distância segura – pelo menos setenta centímetros para pequenas unidades e mais para microondas. Telefones celulares e torres de transmissão podem emitir níveis perigosos de microondas. Campos eletromagnéticos assim como a luz à noite, inibem a melatonina; [8]

 

  • Evite pintura em spray e aerossol. Escolha tintas livre de chumbo. Lave com freqüência as mãos, os assoalhos e os peitorais das janelas;

 

  • Trate baterias e pilhas velhas como resíduos perigosos. Evite obturações dentais com amálgama de mercúrio. Solicite para novas obturações ou trocas, a porcelana, o ouro ou composta; [22]

 

  • Evite o mais possível todas as formas de cloro. Promova o ozônio para substituir o cloro no tratamento de piscinas. Escolha produtos de papel branqueados sem cloro por este gerar dioxinas e furanos, dois dos mais perigosos POP’s;

 

  • Não reutilize velhos postes e dormentes de estradas-de-ferro para jardins ou construções já que a maioria dos postes e alguns dos dormentes foi tratada com pentaclorofenol que libera dioxinas, furanos e hexaclorobenzeno;

 

  • Insista num local de trabalho seguro;

 

  • Envolva-se até as raízes no trabalho conjunto de grupos como o Women’s Network on Health and the Environment/Rede de Mulheres – Saúde e Ambiente;

 

  • Consulte os websites e as publicações do World Wildlife Fund (www.wwfcananda.org) e o Center for Bioenvironmental Research at Tulane and Xavier Universities (http://e.hormone.tulane.edu/), que também localiza informações e pesquisas internacionais.

             

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

 

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  2. Austin, Steve and Hitchcock, Cathy. Breast Cancer, What yuo should know (but may not be told) abaout Prevention, Diagnosis and Treatment. Rocklin, CA; Prima Publishing, 1994.
  3. Colborn, Theo, Dianne Dumanoski and John Pete Meyers. Our Stolen Future: Are We Threatering Our Fertility, Intelligence and Survival ? N.Y. Penguin Books, 1997. (em português temos editado pela L&PM Editores, “O Futuro Roubado”, 1997).
  4. Coney, Sandra. The Menopause Industry, How the medical establishmente exploits women. Alameda, CA; Hunter House Publishing, 1994.
  5. Davis, Devra Lee, and Bradlow, H. Leon. Can Environmental Estrogens Cause Breast Cancer ? Scientific American. October 1995, p.166.
  6. DeRosa, Christopher, e al. Environmental Exposures that Affect the Endrocrine System: Public Health Implications. Journal of Toxicology and Environmetal Health, Part B, 1:3-26, 1998.
  7. Diamond, Harvey. You can Prevent Breast Cancer. San Diego: ProMotion Publishing, 1995.
  8. Epstein, Samuel, M.D. and Steinman, David. The Breast Cancer Prevention Program. N.Y. A Simon & Shuster Macmillan Co. 1997.
  9. Fisher William L. How to Fight Cancer and Win. Vancouver: Alive Books, 1988.
  10. Guyton, Arthur, M.D. Textbook of Medical Physiology. PA. W.B. Sauders Co. 1981.
  11. Lee, John, M.D. Natural Progesterone. Sebastopol, CA: BLL Publishing, 1994.
  12. Lee, John, M.D. What Your Doctor may not tell you About Menopause. NY: Warner Books. 1996.
  13. Liew, Lana, M.D. The Natural Estrogen Diet. CA: Hunter House. 1999.
  14. Love, Susan, M.D. Dr. Susan Love’s Hormone Book, Making Informed Choose About Menopause. N.Y.: Random House, Inc. 1998.
  15. Moss, Ralph W. Cancer Therapy, The Independent Consumer’s Guide to Non-Toxic Treatment & Prevention. N.Y.: Equinox Press, 1993.

Moss, Ralph W. The Cancer Industry. N.Y.: Paragon House, 1991.

  1. Northrup, Christiane, M.D. Women’s Bodies, Women’s Wisdom, Creating Physical and Emotional Health and Healing. N.Y.: Bantam Books. 1998.
  2. Roberts, Wayne; MacRae, Rod; Stahlbrand, Lori. Real Food For a Change. How the Simple Act of Eating Can: Boost Your Energy, Knock Out Stress, Revive Your Community, Clean Up the Planet. Random House, Toronto, 1999.
  3. Shandler, Nina. Estrogen: The Natural Way. N.Y.: Villard Books. 1997.
  4. Tulane and Xavier Universities Center for Bioenvironmental Research (http://e.hormone.tulane.edu/).
  5. Weed, Susun. Menopausal Years: The Wise Woman Way. Alternative Approaches for Women 30-90. Ashtree Publising, Woodstock N.Y. 1992.
  6. Weiss, Rick. 1994. Estrogen in the environment.The Washington Post, Jan/ 25: 10-13.
  7. World Widelife Fund Canada: www.wwfcanada.org; Reducing Your Risk. A Guide to Avoiding Hormone Disrupting Chemicals; Reducing Your Risk From Pesticides.
  8. Wrigth, Jonathan, M.D. and Morgenthaler, John. Natural Hormone Replacement. CA: Smart Publications. 1997.

 

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, fev/2002, revisada em jan.2004.