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Poluentes
ameaçam megarreserva de água Aquífero Guarani, capaz de abastecer Brasil por 2.500 anos, tem áreas com alto risco de contaminação por agrotóxico
Amostras contaminadas A maior ameaça, diz o cientista, é o avanço da monocultura intensiva sobre as chamadas áreas de recarga, onde a proximidade do aqüífero com a superfície o expõe à água da chuva ou dos rios (e aos agrotóxicos trazidos por ambas). "As áreas de recarga estão a uns 40 m ou 50 m da superfície, em geral nas bordas da área do aqüífero", afirma Gomes. "Outras áreas dele estão confinadas [separadas da superfície por rochas". Em São José do Rio Preto [interior de São Paulo", por exemplo, o recobrimento do aqüífero chega a ter 1.200 m de rocha", afirma. "A análise que a gente faz, chamada fisiográfica, envolve principalmente o uso agrícola da região, junto com os dados do solo, vegetação e clima", afirma Gomes. Em São Paulo, os pesquisadores combinaram esses dados com amostras da água do aqüífero, constatando a contaminação com agrotóxicos usados na lavoura de cana, como herbicidas (diuron e tebutiuron, por exemplo). Maçã e arroz A
situação é menos perigosa, mas ainda assim preocupante, em áreas do interior
do Paraná (com cultivo de milho), na região de Lajes, em Santa Catarina
(com cultivo de maçã) e na área de Alegrete, no Rio Grande do Sul (com
lavouras de arroz irrigado). Para evitar que o problema se agrave ou se
espalhe, a equipe da Embrapa está desenvolvendo um zoneamento ambiental,
com a meta de tirar a pressão poluente de cima das áreas de recarga.
"Nessas
áreas, é preciso um manejo diferente da monocultura intensiva", afirma
Gomes. "Por exemplo, adaptar as culturas mais próximas dos rios de
forma gradativa: primeiro a mata ciliar, depois árvores frutíferas e pecuária",
propõe. A idéia da equipe, que apresentou um projeto reunindo pesquisadores de outros Estados e dos países do Mercosul ao Banco Mundial, é ampliar os dados já conseguidos sobre a situação do aqüífero e propor novas medidas de sustentabilidade. "O problema do futuro vai ser a água, e, por isso, nós estamos buscando medidas preventivas, com efeitos de longo prazo." Fonte: Folha de São Paulo - 21 de agosto de 2001 |