A regeneração das florestas

jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN - 28.01.2006

 

  O desmatamento avança sobre o pouco que restou. As árvores resistem no topo de morros: são fragmentos da Mata Atlântica que também correm o risco de desaparecer.

  No sul do Espírito Santo, os pesquisadores mapeiam o problema com fotos via satélite e vão a campo estudar a mata que voltou a crescer depois de ter sido arrancada.

  Uma área de floresta é o exemplo da capacidade de regeneração da natureza. Hoje, quem olha não imagina, mas há cerca de 40 anos o que havia na região era pasto ou plantação de café. Com o isolamento da área o fim da atividade de exploração, as espécies foram reaparecendo em um processo natural, sem a necessidade do replantio.

A tecnologia acompanha o crescimento da mata. Sensores são usados para medir o tamanho das árvores, a incidência de luz, a temperatura e até a quantidade de gás carbônico absorvido pelas folhas. Informações que podem ser fundamentais para ajudar a recuperar outras áreas devastadas.

  “Essas informações vão dizer em que tipo de ambiente nós podemos introduzir algumas espécies para tentar colaborar na regeneração e na recuperação do que restou da Mata Atlântica e dos fragmentos de mata”, explica o engenheiro florestal José Eduardo Pezzopane.

Animais reaparecem na mata secundária. Aos poucos, o equilíbrio ambiental é retomado. A floresta se recupera do jeito que existia antes. Isso é possível porque os produtores que arrancaram as árvores na área não atingiram um material precioso que permanece guardado no solo.

  “A floresta pode, a partir de um banco de sementes que ela tem no solo, e se o homem não interferir, voltar a ser floresta de novo. Na prática, o que ocorre é isso”, afirma o engenheiro florestal Gílson Fernandes.
Os mapas indicam que as florestas de Mata Atlântica estão cada vez menores e mais isoladas. A fiscalização não dá conta de todo o território brasileiro. Mas, no caminho das propriedades rurais, é possível notar uma possível mudança de comportamento.

  Na frente da casa, na fazenda, a família Krohling mantém intocado um pedaço de mata secundária. Onde antes era pato, 50 anos depois existe floresta. “É de admirar, do pasto sair uma mata dessas”, comenta o produtor rural André Krohling.

  Os Krohling plantam café e criam gado, mas não avançam na área de floresta. Deixar que a mata reapareça é um negócio lucrativo para quem pensa no futuro. “Porque a mata conserva o solo, preserva as nascentes e ainda traz o controle biológico de insetos, pragas e dos demais problemas da propriedade”, ressalta o pesquisador Antônio Carlos Silva de Andrade, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

 

FONTE: http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1119699-3586,00.html