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Uma breve história do uso do Asbesto e os riscos associados à saúde.
Primeiro de uma série de três de artigos sobre o ASBESTO: sua história, propriedades químicas e físicas, usos, perigos à saúde e as implicações legais da asbestose e mesotelioma. By Roberta C. Barbalace [outubro de 2004] A história do asbesto é muitíssimo familiar a todos nós. “Uma substância química milagrosa! Esta substância que faz qualquer coisa é identificada como um sério perigo à nossa saúde”. Mas diferente de muitas das substâncias químicas malditas suas contemporâneas, o asbesto não é um produto da moderna tecnologia. Seu uso antecede a história e o reconhecimento dos perigos associados a ele está registrado em textos do século primeiro dC. A palavra asbesto vem do grego que significa “inextinguível” ou “indestrutível.” No entanto, o asbesto é conhecido por muitos outros nomes como: “montanha de couro”, “linho incombustível” e “rocha de fibra”. O nome de crisótilo, uma das formas mais comuns de asbesto, é derivado das palavras gregas “chrysos” (ouro) e “tilos” (fibra) ou “fibra de ouro”. É possível seguir a documentação escrita sobre o uso do asbesto, voltando-se aos tempos do Império Romano. No entanto, a evidência de seu uso em cerâmica e vedação em casas de toras data de 3000 anos antes de Cristo, detectados em escavações arqueológicas na Escandinávia. O geógrafo Strabo, no século primeiro, identificou o que acreditava ser o primeiro asbesto na primeira pedreira na ilha grega de Evvoia. Nos primeiros tempos da Grécia e de Roma, ele foi utilizado para roupas de proteção contra o fogo, para materiais de construção e em indumentárias femininas. Restaurantes romanos usavam toalhas feitas de asbesto. Elas retardavam as chamas e podiam ser jogados sobre o próprio fogo para retirar alimentos e outros materiais, e serem recolocadas novamente nas mesas para o próximo cliente. Os romanos também utilizavam o asbesto em materiais de construção. O historiador Plínio, o Velho, foi tão longe a ponto de perceber que o asbesto “proporciona proteção contra todos os encantos, particularmente aqueles dos magos.” O asbesto foi utilizado por diferentes culturas para milhares de propósitos. Os egípcios embalsamavam os faraós com este material e os persas o importavam da Índia para envolver seus mortos. Eles pensavam que era um pelo que vinha de um pequeno animal que vivia do fogo e morria da água. Na época medieval o asbesto era empregado extensivamente como isolamento nas armaduras. E mercadores inescrupulosos colocavam-no nas cruzes e diziam ter sido feita da “cruz verdadeira”. Algumas formas de asbesto parecem madeira antiga e os mercadores clamavam que sua resistência ao fogo era a prova de que estas “cruzes de madeira” vinham de verdade da cruz onde Cristo foi crucificado. Perto do final do século XIX, o uso do asbesto tornou-se cada vez mais ampliado como resultado da revolução industrial. Passou a ser usado na manufatura de mais do que 3 mil produtos incluindo têxteis, materiais de construção, de isolamento e revestimento dos freios. Seu uso continuou crescendo direto até os anos setenta. Neste tempo, a evidência contra ele como sendo perigoso à saúde (constatou-se ser o causador da asbestose e mesotelioma) não pode mais ser negado e seu uso cai num rápido declínio. Bastante interessante é que os perigos do asbesto foram registrados já desde a época dos romanos. Tanto Plínio, o Velho, como o geógrafo do século primeiro Strabo perceberam que os trabalhadores expostos ao asbesto tinham muitos problemas de saúde. Plínio recomendou que os escravos das pedreiras nas minas de asbesto não podiam ser negociados já que “morriam muito jovens.” Dores pulmonares eram comuns em todos aqueles que trabalhavam com as fibras do asbesto. Plínio sugeriu o uso de um filtro para respirar feito com pele transparente de bexiga para proteger os trabalhadores da poeira do asbesto. Em 1897, um médico vienense atribuiu problemas pulmonares e de emagrecimento à inalação da poeira do asbesto. O primeiro caso documentado de morte atribuída ao asbesto foi relatada em 1906 quando a autópsia de um trabalhador de asbesto revelou fibrose pulmonar. Já em 1908 as companhias de seguro começaram a desestimular apólices e benefícios para os trabalhadores de asbesto. A Cia.de Seguros Metropolitan Life aumentou o prêmio para tais trabalhadores. Em 1928 um médico, dr. Cook, passa a denominar os efeitos do asbesto nos pulmões como asbestose. Ele identifica que estas cicatrizes fibróticas dos pulmões resultavam da exposição prolongada à poeira do asbesto, podendo ter um período de latência de 15 anos. Outros sugeriram que este período poderia ser ainda mais longo. Em 1929 um investigador de polícia invocou um inquérito depois da morte de um empregado. Em torno de 1935 médicos começaram a notificar que alguns pacientes que tinham asbestose também eram vítimas de câncer de pulmão. Lá por 1978, estudos documentados começaram a demonstrar a extensão à qual os trabalhadores de asbesto haviam sido expostos. Em um deles a asbestose foi detectada em 10% dos trabalhadores que haviam trabalhado com este material entre 20 e 29 anos e em 92% dos trabalhadores que haviam sido empregados por mais do que 40 anos. É interessante que apesar da evidência de severos riscos relatos a respeito da exposição ao asbesto datar de um tempo que vai ao século primeiro, a fabricação de produtos contendo asbestos continuou a crescer até meados dos anos setenta. Documentos revelam que os fabricantes tinham consciência dos riscos de exposição relativos ao uso de asbesto desde os anos quarenta e cinqüenta, mas escolheram esconder esta informação de seus empregados. Nos anos setenta, a EPA (nt.: agência de proteção ambiental dos EUA) e o OSHA (nt.: Administração da Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA) começaram a regulamentar as questões que envolvem o asbesto. Hoje os trabalhadores estão protegidos da exposição ao asbesto como resultado de regulamentações muito estritas e sua implementação. Infelizmente, a legislação não pode desfazer o dano que foi feito àqueles que lidaram com asbesto em seus postos de trabalhos antes dos anos oitenta.
Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, julho de 2006.
http://environmentalchemistry.com/yogi/environmental/asbestoshistory2004.html NO BRASIL VER SITES: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6461
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