Filmes de PVC para proteção de alimentos foram alvo de recente levantamento pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), subordinado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e à ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, vinculadas ao Ministério da Saúde. O foco primordial do estudo era a qualidade das películas e não a toxicidade dos componentes ou do composto vinílico em si. Desse modo, os pesquisadores concentraram-se em apontar, em suas conclusões, as adequações ou não desse envoltório flexível aos padrões da regulamentação européia a respeito, embora exista padrão nacional. Em texto exibido no site da Fiocruz, em 4 de maio último, os autores do estudo relacionam as condições técnicas das amostras coletadas no comércio do Rio de Janeiro. Logo no trecho de abertura, citam o DEHP e o DEHA, dois plastificantes utilizados para tornar flexíveis os filmes de PVC, como "potencialmente cancerígenos". Nascia ali, pela minha experiência, o maior mal-entendido amargado pelo PVC em termos de divulgação pública de suas características técnicas. No Rio, onde o INCQS opera na sede do complexo da Fiocruz, o jornal "O Dia" não fez por menos diante daquele comunicado. Passou por cima do - incorreto - advérbio "potencialmente" e pespegou duas chamadas na capa de sua edição de 25 de maio: "Perigo revelado por pesquisa da Fiocruz" e "Embalagem plástica de alimentos causa câncer". Foi esse, aliás, o tom mantido nas manchetes do diário carioca até o final do mesmo mês, por sinal sem maiores repercussões nos demais jornais e mídia eletrônica concorrentes. Visitamos de imediato a redação de "O Dia" e a Fiocruz para esclarecer os fatos e entregar um dossiê completo sobre o assunto. Nesse meio tempo, o alarmismo do noticiário levou canais de venda a gestos extremos como recusar cargas de alimentos acondicionados em bandejas revestidas com filmes de PVC. Diante dos argumentos e documentação exibida pela diretoria do Instituto do PVC, a Fiocruz passou a dificultar o acesso ao comunicado do INCQS, em seu site. Para dirimir de vez qualquer dúvida, percorremos todas as instâncias decisórias do INCQS e da Fiocruz, apresentando detalhado estudo publicado em 2000 por uma fonte incontestável, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), composta por 28 renomados cientistas representando 11 países, órgão da organização Mundial da Saúde (OMS) e distribuído à larga pela comunidade científica global. Sua conclusão é taxativa: DEHP e DEHA não são cancerígenos para humanos (clique aqui para conhecer). Com base nesse aval, passamos a cobrar, desde a primeira semana de junho, o desmentido oficial da infundada declaração. Por seu turno, o jornal "O Dia" safou-se pela tangente quando apresentado ao estudo da OMS. Em lugar da admissão explícita do erro, agravado aliás pela postura de não ter ouvido todas as partes envolvidas, o diário abriu reportagem na qual a equipe do Instituto do PVC tirava dúvidas do público a respeito dos filmes de PVC. Ao pé da abertura da matéria, foi enfiada a afirmação categórica da nossa equipe reiterando que o material não é cancerígeno. Quando me preparava para fechar este texto, a hora da verdade transformou-se na hora da luz. Através do site da ANVISA (www.anvisa.gov.br), tomei ciência da mudança de posicionamento do INCQS que, demonstrando uma postura madura, profissionalmente correta e digna de nosso respeito, reconsiderou sua declaração e reconheceu publicamente que DEHP e DEHA não podem ser classificados como cancerígenos para humanos (clique aqui para ler o desmentido no site da ANVISA e aqui para fazer o download da nota técnica da ANVISA/INCQS) . Por si, o fato nos remeteu a dois posicionamentos tão importantes quanto necessários. O primeiro é que as entidades devem, a nosso exemplo, basear-se sempre em fatos científicos e nas evidências tecnológicas, pois é o que nos dá a tranqüilidade e a isenção para sermos uma fonte correta e confiável de informações. Por fim, esse episódio fortaleceu nossa convicção de que estamos promovendo um produto moderno e que, seguramente, continuará a contribuir para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar da sociedade brasileira. Fonte: Plásticos em Revistas – Ponto de Vista,
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