A
experiência da família de dona Maria e seu Edísio - Estoque familiar:
conservação e armazenamento de sementes
Dona
Maria e seu Edísio moram em Casserengue (PB), são casados e têm dois
filhos. Seu Edísio era marchante e dona Maria sempre cuidou da lavoura
- planta, colhe e armazena sementes selecionadas.
No início, a agricultora plantava em consórcio feijão, algodão mocó,
fava, milho e alguns legumes. O casal vendia o algodão e a renda obtida
ajudava no sustento da família. Aconselhados por uma empresa governamental
de extensão, deixaram de plantar consorciado, pois com a monocultura
aumentariam a produtividade. Nos anos seguintes, passaram a sofrer
com o ataque de pragas, quedas na produção, degradação ambiental e
diminuição da renda. Mesmo assim, seu Edísio conseguiu acumular recursos,
trabalhando como marchante e vendendo algodão. Dona Maria nunca deixou
de guardar as melhores sementes - seleciona e armazena com bastante
cuidado as mais produtivas, rentáveis e saborosas, utilizando-as nos
anos seguintes. Separa suas sementes e as coloca para secar no sol,
só tira quando estiverem bem secas e frias. Antes de armazenar, dona
Maria mistura com as cinzas do fogão. Em seguida, guarda em garrafões
e silos, mistura água com cinzas e faz uma "lama", colocando
na tampa dos recipientes. Quando a lama seca, se
transforma em um torrão e veda os vasilhames com eficiência.
Preserva há muitos anos os feijões macassa, cariri, camaupu, mulatinho
da vagem roxa, carioca e o milho de 60 dias. Nunca perdeu sementes
com gorgulho. Nas épocas de seca, as distribui para os filhos e vizinhos.
Toinho de Edísio, filho de dona Maria, já viajou dentro e fora do
país, divulgando com orgulho essas e outras experiências da família.
http://www.agroecologiaemrede.org.br/experiencias.php?experiencia=130
###########################
POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS
########################### Número 293 - 24 de março
de 2006