http://www.comciencia.br/noticias/2005/11/prevencao.htm
Homens também são alvo do câncer de mama
Quando o assunto é câncer de mama, pouca gente imagina que ele se manifeste
também na população masculina. Por ser uma doença rara entre os homens e ainda
pouco estudada, existe desconhecimento até mesmo entre a classe médica. Uma
pesquisa desenvolvida no Departamento de Tocoginecologia da Unicamp aponta que
na maioria dos casos o vilão é o diagnóstico tardio, devido a essa falta de
informação. De acordo com o especialista em câncer ginecológico Luis Henrique
da Silva Leme, os homens não dão atenção à essa parte do corpo, como as
mulheres, e resistem em procurar um especialista, sendo atendidos por médicos
que nem sempre atentam para a possibilidade de câncer de mama.
Em sua pesquisa de mestrado, Leme descreve aspectos desse câncer com base em 25 pacientes atendidos entre 1992 e 2005 no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher, (Caism), ligado ao Hospital das Clínicas da Unicamp, no Hospital Maternidade de Campinas e no Hospital da PUC de Campinas. Em mais da metade dos casos analisados, o câncer foi identificado em média 20 meses depois do início da lesão. Esse dado é preocupante, pois quanto mais tarde o diagnóstico, maiores podem ser as complicações. O câncer de mama se desenvolve mais rápido nos homens, já que a menor quantidade de tecido mamário facilita a proximidade do tumor com a musculatura e, conseqüentemente, a disseminação das células nocivas tende a ser mais rápida. O sintoma mais comum é a presença de nódulos na mama. Outros sintomas são a secreção sanguínea pelo mamilo, retração da pele, úlcera ou o aspecto espesso da região mamária.
Fatores De Risco
O câncer de mama atinge em sua maioria homens com mais de 60 anos – dez anos
mais tarde que a média de idade das mulheres atingidas pela doença. Isso não
significa que os mais novos não tenham que estar atentos, já que um dos casos
estudados pelo pesquisador na Unicamp ocorreu em um adolescente de 13 anos.
Homens com antecedentes de câncer de mama na família, obesidade, e histórico de
câncer de testículos e próstata são mais propensos à doença. A ginecomastia
(excesso de tecido glandular mamário no homem) e tratamentos hormonais
prolongados (como nos casos dos travestis, que fazem uso de estrogênio) também
são vistos pelos especialistas como fatores de predisposição.
Quando diagnosticado, o paciente se submete ao tratamento e cirurgia de retirada da mama, seguida de procedimentos complementares como radioterapia, quimioterapia e terapia com hormônios, em casos específicos. As cirurgias de reconstrução da mama não são comuns. “A probabilidade de um homem querer colocar silicone para reconstrução é pequena”, diz o especialista, que recomenda o auto exame da mama pelos homens acima de 40 anos. Notando qualquer alteração, a pessoa deve procurar um mastologista para exames clínicos e mamografia. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores as chances de recuperação e tratamento.
O auto exame é uma maneira simples para o diagnóstico de alterações que podem desencadear um câncer. Realizado em cinco minutos, essa técnica bem conhecida entre as mulheres é similar para os homens. Deitado, ele deve apalpar a mama e observar se há nódulos (caroços) e dores. Alterações no formato das mamas (tamanho, surgimento de pregas, depressões ou alterações na pele) podem ser observadas em frente ao espelho. Com toques em movimentos circulares, o homem deve observar a presença de secreções. As axilas também devem ser apalpadas. Esse exame é complementado no banho, quando o homem, com a ponta dos dedos, deve procurar por espessamentos e caroços na mama. Esse auto exame é recomendável para os homens com mais de 40 anos e que apresentem algum dos fatores de risco.
As incipientes pesquisas na área apontam que o câncer de mama atinge um homem a cada 100 mulheres. No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, mais de 500 homens morreram no período de 1996 a 2002 vítimas desse tipo de câncer. Nos Estados Unidos, a mortalidade chega a 400 casos por ano, e segundo um estudo publicado no ano passado na revista norte-americana Cancer, a incidência naquele país aumentou em 25% nos últimos 25 anos.