POR UM BRASIL LIVRE
DE TRANSGÊNICOS
http://www.aspta.org.br
BOLETINS 244 (fevereiro
de 2005) e 246 (março de
2005)
(nota do site: estes dois boletins
tratam de TRANSNACIONAIS E
TRANSGENIA)
MONSANTO E DOW AGROSCIENCES
ENVOLVIDAS EM PROCESSO CONTRA HISTORIADORES
Livro
que relata o envolvimento de empresas químicas em casos de empregados
intoxicados por metais pesados provoca embate sem precedentes nos
tribunais dos EUA, opondo advogados e historiadores.
Vinte das maiores empresas químicas dos Estados Unidos lançaram uma
campanha para desacreditar dois historiadores que estudaram os esforços
da indústria química para ocultar as ligações entre seus produtos
e o câncer.
Numa
iniciativa sem precedentes, advogados da Dow, Monsanto, Goodrich,
Goodyear, Union Carbide e outras companhias intimaram para depor em
justiça cinco acadêmicos que recomendaram que a Editora da Universidade
da Califórnia publicasse "Deceit and Denial -- The Deadly Politics
of Industrial Pollution" [Logro e Desmentido -- A Política Mortífera
da Poluição Industrial, University of California], de Gerald Markowitz
e David Rosner. Além disso, as empresas recrutaram um historiador
para, em nome delas, argumentar que Markowitz e Rosner agiram de maneira
antiética. Markowitz é professor de história no Cuny Graduate Center
[Nova York], e Rosner é professor de história e saúde pública e diretor
do Centro de História e Ética da Saúde Pública na Escola de Saúde
Pública da Universidade Columbia [Nova York].
As razões que levaram as empresas a agir dessa maneira não são difíceis
de identificar: se o câncer for vinculado ao uso de produtos de consumo
feitos à base de cloreto de vinila, tais como spray de cabelo, elas
correm o risco de ser alvos de pedidos de indenizações enormes feitos
na Justiça. (...)
Folha de São Paulo, 20/02/2005.
O
livro também expõe os mitos da revolução da engenharia genética e
da manipulação comercial e científica dos alimentos. Don't Worry [It's safe to eat], Andrew Rowell
http://www.andyrowell.com/>, Ed. Earthscan, 2003.
GIGANTES FARMACÊUTICAS CONTRATAM AUTORES
FANTASMAS PARA PRODUZIREM ARTIGOS CIENTÍFICOS
Centenas
de artigos em periódicos médicos que deveriam ter sido escritos por
acadêmicos ou médicos, foram escritos por autores fantasmas contratados
por laboratórios farmacêuticos, como revela uma investigação da publicação
The Observer.
Esses periódicos, bíblias da profissão, exercem enorme influência
sobre
quais medicamentos os médicos receitam e o tratamento proporcionado
pelos hospitais. Porém, o jornal The Observer obteve provas de que
muitos artigos escritos por, assim chamados, acadêmicos independentes
podem ter sido escritos por autores a serviço de agências que recebem
grandes somas das indústrias farmacêuticas para fazer propaganda dos
seus produtos.
Estimativas
sugerem que quase metade de todos os artigos publicados em periódicos,
são de autoria de escritores fantasmas. Enquanto os médicos que colocaram
seus nomes nesses trabalhos são geralmente muito bem pagos por '"emprestar"
sua reputação, os escritores fantasmas permanecem ocultos. Eles, e
o envolvimento das indústrias farmacêuticas, raramente são revelados.
Esses trabalhos endossando certos medicamentos são exibidos perante
os clínicos como pesquisa independente, para persuadi-los a receitar
os medicamentos.
Em fevereiro, o New England Journal of Medicine, foi forçado a revogar
um artigo publicado no ano anterior, por médicos do Imperial College
em Londres, e do National Heart Institute, sobre o tratamento de um
tipo de problema cardíaco. Veio à tona o fato de que vários dos autores
arrolados, tinham pouca ou nenhuma relação com a pesquisa. A fraude
somente foi revelada quando o cardiologista alemão, o Dr. Hubert Seggewiss,
um dos oito autores relacionados, telefonou para o editor do periódico
para dizer que nunca tinha visto qualquer versão do trabalho publicado.
Um artigo publicado em fevereiro último no Journal of Alimentary Pharmacology,
especializado em distúrbios do estômago, envolveu um autor trabalhando
para a gigante farmacêutico AstraZeneca -- um fato que não foi revelado
pelo autor. O artigo, escrito por um médico alemão, reconhecia a "contribuição"
da Dra. Madeline Frame; porém, não admitia a sua condição de autora
sênior da AstraZeneca. O artigo, apoiava o uso de um medicamento chamado
Omeprazole -- de fabricação da AstraZeneca -- indicado para úlceras
gástricas, apesar de pareceres revelando mais reações adversas do
que os medicamentos similares.
Poucos dentro da indústria têm coragem suficiente para romper o silêncio.
Entretanto, Susanna Rees, assistente editorial de uma agência de trabalhos
sobre medicina até 2002, ficou tão preocupada com o que tinha testemunhado,
que mandou uma carta para o British Medical Journal. "As agências
que escrevem artigos médicos fazem todo o possível para esconder o
fato de que os trabalhos que escrevem e submetem a periódicos e eventos
são escritos por fantasmas a serviço das empresas farmacêuticas, e
não pelos autores apontados", escreveu ela. "O sucesso desses
trabalhos fantasmas é relativamente alto -- não enorme, mas consistente."
(...) "Um procedimento padrão que usei, estabelece que antes
que umtrabalho seja submetido a um jornal eletronicamente ou em disco,
o assistente editorial precisa abrir o arquivo do documento no Word
e eliminar os nomes da agência responsável pela redação ou da agência
de autores fantasmas ou da companhia farmacêutica e substituí-los
pelo nome e a instituição da pessoa que foi convidada pela indústria
farmacêutica (ou da agência que atua em seu nome), a ser apontada
como autor principal, embora não tenha contribuído para o trabalho",
escreveu ela. Quando entraram em contato com ela, ela se recusou a
dar detalhes. "Assinei um acordo de confidencialidade e estou
impedida de fazer comentários", disse ela.
Um
autor que tem trabalhado para diversas agências, não quis ser identificado
por receio de não conseguir trabalho novamente. "É verdade
que algumas vezes a empresa farmacêutica pague um autor de assuntos
médicos para escrever um artigo apoiando um medicamento em particular",
disse ele. "Isso significa usar toda a informação publicada para
escrever um artigo explicando os benefícios de um tratamento em particular.
Depois, um médico conhecido será procurado para assinar o trabalho.
Esse será submetido a um periódico sem que alguém saiba que um autor
fantasma ou uma indústria farmacêutica está por trás disso. Eu concordo
que isso seja provavelmente antiético, mas todas as empresas estão
fazendo isso". (...)
O Dr. Richard Smith, editor do British Journal Of Medicine, admitiu
que os artigos-fantasmas são um "grande problema". "Estamos
sendo enganados pelas companhias farmacêuticas. Os trabalhos vem com
os nomes de médicos e, freqüentemente, descobrimos que alguns deles
não têm a menor idéia a respeito do que escreveram", disse ele.
"Quando descobrimos, rejeitamos o trabalho; mas é muito difícil.
De certa forma, nós mesmos causamos o problema ao insistir que qualquer
envolvimento com uma empresa farmacêutica, seja divulgado. Encontraram
caminho para contornar isso e vão trabalhar na clandestinidade".
Conflito de interesses
Uma análise de 789 artigos dos jornais médicos mais importantes
(The Lancet, New England Journal of Medicine, Journal of the American
Medical Association, Annals of Internal Medicine) mostrou que um terço
dos autores titulares tinham interesses financeiros em suas pesquisas,
sob a forma de patentes, ações ou honorários das empresas, por estarem
no Conselho Consultivo ou trabalhando como diretor.
http://pt.indymedia.org/imprimir/index.php?numero=55748&cidade=1,
10/03/2005.