Plástico “verde” é mentira! Saiba por que…

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A indústria do polietileno recentemente anunciou uma novidade supostamente “ecológica”: o plástico produzido a partir da cana-de-açúcar. O que pode parecer super vantajoso não passa de um golpe de marketing para tentar conquistar os consumidores que preferem produtos sustentáveis. Lançado com alarde e apoio governamental por um grande grupo do pólo petroquímico brasileiro, o produto é tão prejudicial à natureza quanto qualquer outra resina artificial.

 

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Não caia no golpe da indústria para conquistar consumidores ecológicos

Por Nosso Bem Estar

JACUS/ ISTOCKPHOTO/ NBE

Plastico verde mentira

Plástico produzido com cana é tão prejudicial ao planeta quanto o comum

A indústria do polietileno recentemente anunciou uma novidade supostamente “ecológica”: o plástico produzido a partir da cana-de-açúcar. O que pode parecer super vantajoso não passa de um golpe de marketing para tentar conquistar os consumidores que preferem produtos sustentáveis. Lançado com alarde e apoio governamental por um grande grupo do pólo petroquímico brasileiro, o produto é tão prejudicial à natureza quanto qualquer outra resina artificial.

A grande notícia anunciada foi a produção do plástico a partir de um recurso renovável: o álcool etílico. Acontece que o impacto ambiental não é causado pela matéria-prima, e sim pela molécula criada em laboratório, que não é gerada pelo processo natural da vida, mas artificialmente pelo ser humano. Portanto, não pode ser absorvida, degradada ou reaproveitada pela biosfera do planeta.

Outra mentira disseminada a respeito do falso “plástico verde” diz respeito à captura e fixação de gás carbônico. A informação divulgada é que, para cada tonelada deste polietileno produzido, cerca de 2,5 toneladas de CO2 são capturadas da atmosfera. Porém, a verdade é que este processo é realizado naturalmente pela cana-de-açúcar, assim como por qualquer outra planta, e não tem nada a ver com a produção do elemento químico que chegará à sua casa.

O polímero gerado neste caso possui as mesmas propriedades técnicas e de processabilidade das resinas fósseis. E o avanço da área de plantio tem como consequências o aumento no consumo de água, o uso de fertilizantes e de outros insumos. Além disso, utilização de zonas de cultivo para a produção de matérias-primas ocorre em detrimento de seu uso para a produção de alimentos.

O mais impressionante disso tudo é que esta estratégia conta com investimentos do governo nacional. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo (SINDIPOLO), dos cerca de R$ 450 milhões utilizados para a construção da planta industrial, 70% são do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Dos 30% restantes, 40% é da Petrobras.

Especialista esclarece o assunto

Para eliminar qualquer dúvida sobre a manobra de marketing executada pela indústria que lançou o falso “plástico verde”, o Nosso Bem Estar entrevistou o engenheiro agrônomo Luiz Jacques Saldanha. Fique atento e não se deixe enganar!

Nosso Bem Estar: Qual seria a suposta vantagem da origem vegetal do plástico? 

Luiz Jacques Saldanha: Primeiro temos que entender que o que chamamos, normalmente, de ‘plástico' é uma estrutura química, conhecida como polímero, que é completamente sintética. Ou seja, uma estrutura química que não é natural. Destaco: não foi criada pelo processo da vida e sim artificialmente pelo ser humano.

NBE: E o que isso quer dizer, em relação à origem do plástico?

LJS: Quer dizer que a origem dos elementos que formam a reação química que gera a resina plástica, não interessa. Simplesmente porque não é a origem deles que é o problema, mas sim como, em laboratório, favorecemos que surja uma estrutura química artificial. A união, que manipulamos, de determinados elementos químicos como carbono, hidrogênio, oxigênio e outros, gera este polímero que forma determinada resina plástica. E aqui é fundamental termos definitivamente em mente a necessidade de compreendermos a questão dos plásticos.

NBE: Como assim?

LJS: Porque não é a origem principalmente do elemento básico dos plásticos, o carbono, que causa , mas sim a maneira como, artificialmente, nós viabilizamos que se forme no laboratório esta molécula que JAMAIS existiu na natureza! Assim o carbono vir de uma fonte ou outra, não importa, em princípio, em relação à questão da poluição e da destruição da vida que os plásticos têm causado em todos os ecossistemas onde acabam.

NBE: E por que?

LJS: Simplesmente porque estas moléculas – não vivas, mortas, alienígenas – não são reconhecidas pela vida e por isso não as consegue digerir, metabolizar para transformá-las noutras moléculas que formarão outras moléculas, outros seres, outros organismos, outros produtos e assim sucessivamente como vem sendo desde o início de todos dos tempos! Por isso dizemos que o plástico duraria (porque ainda não sabemos!) 100, 200, 500 anos, que eles são bioacumulativos, persistentes etc. Então ser o carbono e os outros elementos que formam esta molécula, esta resina, de fontes de origem vegetal, renovável ou não, é totalmente irrelevante quanto à poluição que o produto final, ‘o plástico', causa no ambiente externo e interno de todos os seres, incluindo os humanos.

NBE: Mas quando e como surgiram estas moléculas tão mortíferas?

LJS: Historicamente, as poucas resinas como hoje são conhecidas nasceram mais como curiosidades laboratoriais ou por coincidência experimental, do que como um produto com uma finalidade determinada. Elas foram lentamente surgindo desde a metade do século XIX, tornando-se definitivas e de uso crescentemente e generalizado somente a partir da década de 50 do século XX quando se implantou no planeta esta visão de mundo, agora global, do , do descartável, do patenteamento e da concentração de produção e distribuição de produtos.

NBE: Por que? 

LJS: Muitas delas tinham dificuldades de ficarem estáveis, difíceis de se tornarem os polímeros que formavam a resina plástica. No entanto, um químico alemão, Ziegler, observou que se colocasse na reação química uma determinada substância, esta catalisava o processo e assim de impossível, tornava-se viável criar o tal polímero artificial em algo que dava até um produto. E foi assim que se conseguiu, no período que circunda a segunda guerra mundial, tornar estáveis estas reações químicas que logo viraram produtos das grandes corporações que já dominavam o mundo industrial nos países centrais.

NBE: E como isso se torna um problema global?

LJS: Em razão da dominação econômica destas grandes , condições foram se criando para se substituir matérias primas naturais por estas patenteadas, com um só dono, que começaram a tomar o lugar de muitas fontes de materiais que vinham das antigas colônias europeias, grandes fornecedoras destas matérias primas que geravam seus produtos comerciais. Como a sociedade planetária das décadas de 50, 60 e 70 ainda não estava completamente globalizada como agora, os efeitos dos plásticos só apareciam de forma marginal. Entretanto a partir dos anos 80, 90 e em diante, com o processo político de consumo mundializado de dominação, produção e consumo de mesmos produtos, acaba tornando todo o planeta num grande lixão. e mares estão com imensas ilhas, algumas maiores do que o tamanho dos Estados Unidos, totalmente de plásticos que, por não se metabolizarem, por serem artificiais, ficam nestes remansos. Para sempre?

NBE: É inútil então dizer que, em relação ao plástico comum, oriundo do , há o benefício de se utilizar um recurso renovável? 

LJS: Não! É totalmente útil ser dito isso!

NBE: Como assim?  

LJS: É a grande tragédia da manipulação, agora não mais só no laboratório, mas nas mentes das pessoas pelas possíveis reações que poderiam ter se soubessem disso tudo, como é no chamado primeiro mundo ou países centrais. Poderiam se mobilizar e NUNCA MAIS usarem, porque entenderam a loucura dessa gente, todos, mas efetivamente todos, os produtos que não são naturais e sim criados pela mente louca desta civilização atual. Principalmente porque somos cada um de nós, quando usamos estas moléculas além das que também fazem parte dos plásticos como , que estamos feminizando todos os machos da Terra bem como masculinizando todas as fêmeas, inclusive seres humanos, desde sua fase mais embrionária quando ainda são fetos indefesos!

NBE: O que há por trás da informação divulgada de que o processo de produção contempla a captação e fixação de CO2? 

LJS: Realmente é a cana de açúcar, de onde se origina o etanol, o álcool, que se usa para tirar o carbono para se fazer a resina plástica, quem captura e fixa o gás carbônico, o CO2, COMO TODAS AS PLANTAS e JAMAIS o plástico, nem seu processo industrial! Se estivéssemos ligando esta história com o crime organizado diríamos que o dinheiro sujo que vem dai passaria pela célebre ‘lavagem de dinheiro', mas aqui esta lavagem cerebral e este crime de tergiversar a informação, chamamos em inglês de ‘greenwashing' ou ‘lavagem verde'.

NBE: Comparando com o plástico comum, qual o impacto ambiental relacionado à produção deste material?

LJS: Primeiro, esta é uma resina plástica ‘'comum'. Como vimos antes, a origem da fonte de carbono tem uma influência muitíssimo restrita em relação à poluição no universo do plástico. E vale a ressalva de que o petróleo que hoje está sendo demonizado, por não ser renovável, como a essência do problema da feita pelo plástico, também é de origem natural como a cana. E já nos demos conta da poluição que o plantio de cana, em monocultura, causa? Mas isso é outra história.

NBE: Levando em conta a logística envolvida no processo de produção do plástico “verde”, para conduzir a matéria-prima até o Rio Grande do Sul e depois levar o produto final para as outras regiões do país, considerar este um material “ecológico” seria uma contradição? 

LJS: Acho que por tudo o que vimos, este tal plástico JAMAIS será verde! E é uma ofensa chamar qualquer coisa que se relaciona a plásticos de ‘ecológico'. Isso é tão grave para todos nós como qualquer outra manipulação perniciosa organizada. Nos últimos tempos tem se falado em outros dois pontos também muito discutíveis que são o tal plástico ‘biodegradável' chamado de oxibiodegradável e o plástico que seria originário de reações químicas totalmente diferentes das que temos empregado e que seriam realmente biodegradáveis. Mas não é isso que estamos agora tratando, portanto fica no ar este questionamento.

NBE: Qual a sua opinião sobre a utilização de recursos públicos para apoiar esta iniciativa?

LJS: Olha, este é o outro lado da tragédia que envolve imiscuído com poder político e expressão da . Parafraseando o que vimos antes, o resto, sem pretensão, me parece que seria ‘politicalwashing'! Para não dizer, trágico! Acho que esse dinheirão deveria ser justamente aplicado em tudo o que está na contramão desta visão de mundo… ‘modestamente', no que acredito ser uma ‘eco-cosmovisão'.

Fontes: Nosso Futuro Roubado – nossofuturoroubado.com.br, EcoAgência Solidária –www.ecoagencia.com.br, eCycle – www.ecycle.com.br

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