01 de abril de 2006 

Refrigerantes são tirados das prateleiras por medo ao câncer.

 

By Valerie Elliott, Editora da Seção do Consumidor.

 

Os “perdigueiros dos consumidores” requerem investigação quanto aos níveis de benzeno em 26 marcas populares de refrigerantes.

 

REFRIGERANTES foram removidos das estantes dos supermercados na noite seguinte a ter sido constatado a contaminação com substância química geradora de câncer.

Quatro produtos foram imediatamente tirados das prateleiras e posteriormente mais 22, incluindo marcas líderes, por terem sido detectados níveis de benzeno maiores do que os permitidos na água encanada. As garrafas já foram tiradas porque violam as diretrizes da Organização Mundial da Saúde/OMS, incluindo as marcas próprias de refrigerantes vendidas pela rede de supermercados Co-op, Morrisons e Aldi.

Análises em um dos refrigerantes da Co-op (nt.: uma das maiores redes de supermercado da Inglaterra) mostrou que os níveis de benzeno, que está conectado com a leucemia e outras formas de câncer do sangue, estavam 36 vezes acima dos permitidos na água encanada. Entre os refrigerantes que ainda estavam sendo vendidos na noite anterior à constatação, mas que violavam o limite legal da água da torneira, estavam alguns feitos por  Schweppes, Robinsons, Kia-Ora, Vimto e Lilt.

Cidadãos que batalham pela segurança alimentar requerem que todos os produtos com níveis de benzeno acima dos da água potável devem ser retirados da venda até que baixem aos padrões da água potável.

Richard Watts, porta-voz da ONG Sustain (nt.: Sustain: the alliance for better food and farming – Sustentação: a aliança para o alimento e a agricultura saudável), diz: “Não penso duas vezes sobre ingerir qualquer bebida que tenha padrão acima da água potável e muitas das pessoas que estão sob minha responsabilidade também sentem o mesmo. É escandaloso que isto tenha ficado fora do conhecimento do público por tanto tempo, sabendo que a indústria tinha conhecimento do problema há 15 anos. Somente agora os consumidores souberam a verdade.”

Stephen O’Brien, porta-voz sobre saúde do Partido Conservador diz: Estes são resultados muito importantes, mas eles reforçam a necessidade de sabermos qual o limite seguro para o nível aceitável de benzeno em refrigerantes e sou da opinião de que as áreas que regulamentam este assunto, entre nós, decida sobre este limite.”

A Food Standards Agency/FSA (nt.: Agência Inglesa de Padrões de Alimentos) afirmou na noite anterior à suspensão, de que há uma necessidade urgente de contatar com a indústria de refrigerantes para assegurarem que todos os produtos cheguem ao consumo com o nível legal para água encanada de uma parte por bilhão/ppb.

Ainda não há um nível máximo para este químico na lei da Comunidade Européia e nem uma solicitação para que os fabricantes sigam o limite da OMS.

As garrafas removidas da venda são:

·         Duas partidas de garrafas de litro de limão com baixas calorias da Co-op que apresentaram 28ppb e 11ppb de benzeno;

·         Sucos não adocicados de abacaxi e toranja da Morrisons tinham 11ppb;

·         Suco altamente concentrado de um litro, não adocicado, de groselha negra marca Hyberry da Aldi, 12ppb; um destilado Popstar de 330ml, livre de açúcar de limão e lima, com 17ppb  de benzeno, manufaturado pela Silver Spring Mineral Water, de Folkestone, Kent.

 

Houve uma certa indignação porque tanto a FSA como as indústrias de refrigerantes agiram com muita lentidão na investigação deste benzeno. A ação foi somente posta em prática depois que contaminações traço de benzeno foram identificadas nos Estados Unidos em marcas como a Diet Pepsi e Sunny D. Estes refrigerantes têm formulações diferentes na Grã-Bretanha e assim não contém benzeno.

A FSA liberou ontem rapidamente os resultados das análises de 149 refrigerantes incluindo uma variedade de sucos de frutas, chás gelados, espumantes e outros com baixo teor de açúcar.

Não foram verificadas nenhumas das marcas cola porque estas não contêm os dois produtos que desencadeiam a possibilidade de se produzir refrigerantes sem a presença de traços detectáveis de benzeno. Este composto somente será detectado em bebidas que contenham benzoato de sódio E211, um preservativo altamente utilizado pelos fabricantes para prevenir o crescimento de fungos, e o ácido ascórbico E300, também conhecido como vitamina C. A ausência de açúcar no refrigerante e exposição à luz e calor também podem ser causas prováveis.

A maior parte das bebidas, incluindo Fanta e as marcas próprias de sucos da Sainsbury, Tesco e Waitrose não foi detectada contaminação traço de benzeno ou comparado com os padrões da água na Inglaterra de 1 ppb, estimulando que os organismos que estão atentos à segurança alimentar a exigirem que todas as bebidas disponíveis no mercado sujeitem-se aos padrões.

Andrew Wadge, diretor de segurança alimentar da FSA disse: “Estes resultados demonstram que é tecnologicamente possível produzir refrigerantes sem traços detectáveis de benzeno. É o que queremos que todos os fabricantes venham a fazer.

Deixou claro que a população não precisa ficar alarmada se vier a utilizar estes produtos. O benzeno está no ar e na maioria da população em sua respiração numa média de 220 microgramas por dia.      

As pessoas que precisam ingerir mais do que 20 litros de uma determinada bebida que contenha 10 ppb de benzeno, ao final se igualaria a quantidade diária presente no ar.

A British Soft Drinks Association (nt.: Associação de Fabricantes de Refrigerantes da Inglaterra) disse sobre o fato numa entrevista: “Estes resultados publicados pela FSA demonstram que os níveis de benzeno que foram detectados são muito baixos e os refrigerantes são seguros para beber.”

As empresas Co-op e Aldi imediatamente retiraram as bebidas contaminadas da venda e a Morrisons pediu a devolução de suas bebidas.

A Silver Spring Mineral Company (nt.: a Companhia de Água Mineral Silver Spring) que fabrica outras marcas, não quis se manifestar.

  

Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, maio de 2006.